Maria da Conceição de Almeida Tavares
Item
Nome Completo
Maria da Conceição de Almeida Tavares
Sobrenome
TAVARES
Nome
Maria
Profissão
Economista e Professora
Função
Autor
Áreas do Conhecimento
Ciências Sociais Aplicadas
Instituição
Publicações e Obras
Tavares, Maria da Conceição. <strong>De la sustitucion de importaciones al capitalismo financiero ensayos sobre economia brasilena</strong>. Fondo de Cultura Económica, 1980.
Tavares, Maria da Conceição. <strong>Da substituição de importações ao capitalismo financeiro: ensaios sobre economia brasileira</strong>. Rio de Janeiro: Zahar, 1983.
Tavares, Maria da Conceição; Assis, José Carlos de. <strong>O grande salto para o caos: o Plano Cruzado em posfácio</strong>. Rio de Janeiro: Zahar, 1986.
Tavares, Maria da Conceição. <strong>Acumulação de capital e industrialização no Brasil</strong>. Campinas, Editora da Unicamp, 1986. Republicada em 1998 pelo Instituto de Economia da Unicamp.
Tavares, Maria da Conceição. <strong>Problemas de industrialización avanzada en capitalismos tardios y perifericos</strong>. Rio de Janeiro: Universidade Federal do Rio de Janeiro, 1986. 64 p.
Tavares, Maria da Conceição; Câmara Neto, Alcino Ferreira. <strong>Aquarella do Brasil: ensaios políticos e econômicos sobre o governo Collor</strong>. Rio de Janeiro: Rio Fundo, 1990.
Tavares, Maria da Conceição; Torres, Ernani Teixeira; Burlamaqui, Leonardo. <strong>Japão: um caso exemplar de capitalismo organizado</strong>. Brasília: Brasil. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 1991.
Tavares, Maria da Conceição; Fiori, Jose Luis. <strong>(Des)Ajuste global e modernização conservadora</strong>. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
Tavares, Maria da Conceição. <strong>As políticas de ajuste no Brasil: os limites da resistência</strong>. São Paulo: IESP, 1993.
Tavares, Maria da Conceição. <strong>Lições contemporâneas de uma economia popular</strong>. Rio de Janeiro: Markgraph, 1994.
Tavares, Maria da Conceição; Almeida, Luciano Mendes de. <strong>Os excluídos: debate entre os autores</strong>. Petrópolis: Vozes, 1995.
Tavares, Maria da Conceição. <strong>Ciclo e crise: o movimento recente da industrialização brasileira</strong>. Campinas, Instituto de Economia, 1998.
Tavares, Maria da Conceição. <strong>Desenvolvimento e igualdade: homenagem aos 80 anos de Maria da Conceição Tavares</strong>. Organizadores: João Sicsú, Douglas Portari. Rio de Janeiro: IPEA, 2010.
Referências
Link Lattes
Mais Informações
Palavras-chaves
Português
economia
Português
desenvolvimento econômico regional
Português
história do pensamento econômico
Nascimento
April 24, 1930
Falecimento
June 8, 2024
Frase
“Estou lutando por igualdade desde que aqui cheguei...Eu sou uma Professora... uma Professora!”
Breve Resumo
Os trabalhos e estudos de Maria da Conceição Tavares foram de grande importância para reflexões sobre a economia brasileira. Destacou-se como uma das pioneiras no pensamento e no debate econômico e político no Brasil. Pode-se dizer que foi uma das professoras e economistas mais emblemáticas do País.
Biografia
<strong>Laços familiares e formação acadêmica</strong>
Nasceu em Portugal, no dia 24 de abril de 1930, na cidade de Aveiro, filha de Fausto Rodrigues Tavares e de Maria Augusta de Almeida Caiado. Seu pai resistiu ao regime político ditatorial da era Salazar. O Regime Salazar "foi um regime político autoritário que vigorou em Portugal de 1932 a 1974, sob a liderança de António de Oliveira Salazar, caracterizado como um Estado corporativista, nacionalista e anticomunista" (Campos, 2024).
Os seus estudos universitários começaram em Portugal, primeiramente ela cursou engenharia e depois, matemática. No curso de engenharia, no <i>Instituto Superior Técnico de Lisboa</i>, havia apenas três mulheres, incluindo Maria, de um total de 250 alunos. No ano de 1953, formou-se em matemática, pela Universidade de Lisboa.
Àquela época, Portugal e Espanha ainda passavam por uma situação política conturbada. Para fugir das opressões da ditadura de Salazar, Maria da Conceição mudou-se para o Brasil no ano de 1954, junto de seu marido Pedro José Serra Ribeiro Soares, que era formado em engenharia. Além da fuga do regime ditatorial de Salazar, outros motivos a estimularam a vir morar no Brasil, dentre eles: acompanhar o marido que havia recebido uma proposta de emprego para trabalhar na empresa de construção civil, Saturnino de Britto e rever os pais que já estavam morando aqui.
Maria Conceição tinha se casado no ano de 1952 e ao chegar no Brasil estava grávida de sua primeira filha. Ela e o marido decidiram morar na cidade do Rio de Janeiro. Lá, o casal conseguiu se inserir e ser bem-aceito pela sociedade carioca, principalmente pelo círculo político esquerdista e acadêmico. Conforme, Gomes (2021), “os dados apontam para uma vida social ligada aos ciclos da sociedade carioca da época, marcando presença nos debates e tomadas de decisão exercendo, ainda, significativa influência nos rumos da economia brasileira”. O casamento com Pedro José durou até 1956, ano em que se desquitaram.
Maria da Conceição teve dois filhos, Laura e Bruno. A sua primeira filha é Laura Tavares Ribeiro Soares, que nasceu no ano de 1954. Laura é Professora em economia na área de concentração em política social pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP (Melo, 2019).
O outro filho, Bruno Tavares Magalhães Macedo, nasceu em 1965, fruto da união com o geólogo Antônio Carlos de Magalhães Macedo. Bruno é mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense e graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (Melo, 2019).
No ano de 1955, Maria Conceição foi aprovada em concurso público para trabalhar no Instituto Nacional de Imigração e Colonização (Inic) e três anos após chegar ao Brasil, teve a sua nacionalidade brasileira reconhecida. Como seu diploma de matemática não foi aceito no Brasil, então em 1957, Conceição Tavares fez vestibular e entrou para a Faculdade de Ciências Econômicas da antiga Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Durante sua graduação foi contratada como consultora pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE), a fim de realizar análises econométricas, estudo que prevê a aplicação de ferramentas estatísticas para obter relações entre variáveis econômicas com base em modelos matemáticos. As análises buscavam observar as relações de distribuição de renda no Brasil. No ano de 1961, após concluir a graduação, foi contratada pelo escritório da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), no Brasil, para realizar um curso sobre desenvolvimento econômico. Os segmentos teóricos da professora Conceição Tavares podem ser divididos em três fases: a fase Cepal, a fase Unicamp e a fase UFRJ. “Na primeira etapa, privilegiou-se a questão do (sub)desenvolvimento econômico periférico, em particular a economia brasileira; na segunda tratou-se do diálogo crítico com Marx, Keynes e Kalecki, autores importantes da tradição da Economia Política […], já na terceira etapa, a análise contempla a (des)ordem econômica mundial.” (Melo, 2019).
Foi para o Chile no ano de 1968, onde trabalhou na Cepal, e pautou-se nos estudos voltados para o desenvolvimento periférico na América Latina, sobretudo no Brasil. Após voltar do Chile, cursou mestrado em economia, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde o concluiu, no ano de 1972. Em 1975, obteve o título de doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, cuja tese foi intitulada: Acumulação de capital e industrialização no Brasil (Melo, 2019).
Em 1973, Maria da Conceição passa a lecionar na Unicamp, cujos trabalhos e estudos estavam voltados para a revisão das teorias de Marx, Keynes e Kalecki. Ela também analisava a conformação da estrutura oligopólica, que gera assimetria nos processos de acumulação de renda, no progresso tecnológico e na distribuição de renda. Estruturas oligopólicas geram concentração e dominação de grande parcela do mercado, por parte de um pequeno número de empresas.
Nos anos 1980, Conceição Tavares retornou para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, como coordenadora do curso de economia, com trabalhos voltados para o estudo da desordem econômica mundial e a formação dos centros de hegemônicos na economia.
Nasceu em Portugal, no dia 24 de abril de 1930, na cidade de Aveiro, filha de Fausto Rodrigues Tavares e de Maria Augusta de Almeida Caiado. Seu pai resistiu ao regime político ditatorial da era Salazar. O Regime Salazar "foi um regime político autoritário que vigorou em Portugal de 1932 a 1974, sob a liderança de António de Oliveira Salazar, caracterizado como um Estado corporativista, nacionalista e anticomunista" (Campos, 2024).
Os seus estudos universitários começaram em Portugal, primeiramente ela cursou engenharia e depois, matemática. No curso de engenharia, no <i>Instituto Superior Técnico de Lisboa</i>, havia apenas três mulheres, incluindo Maria, de um total de 250 alunos. No ano de 1953, formou-se em matemática, pela Universidade de Lisboa.
Àquela época, Portugal e Espanha ainda passavam por uma situação política conturbada. Para fugir das opressões da ditadura de Salazar, Maria da Conceição mudou-se para o Brasil no ano de 1954, junto de seu marido Pedro José Serra Ribeiro Soares, que era formado em engenharia. Além da fuga do regime ditatorial de Salazar, outros motivos a estimularam a vir morar no Brasil, dentre eles: acompanhar o marido que havia recebido uma proposta de emprego para trabalhar na empresa de construção civil, Saturnino de Britto e rever os pais que já estavam morando aqui.
Maria Conceição tinha se casado no ano de 1952 e ao chegar no Brasil estava grávida de sua primeira filha. Ela e o marido decidiram morar na cidade do Rio de Janeiro. Lá, o casal conseguiu se inserir e ser bem-aceito pela sociedade carioca, principalmente pelo círculo político esquerdista e acadêmico. Conforme, Gomes (2021), “os dados apontam para uma vida social ligada aos ciclos da sociedade carioca da época, marcando presença nos debates e tomadas de decisão exercendo, ainda, significativa influência nos rumos da economia brasileira”. O casamento com Pedro José durou até 1956, ano em que se desquitaram.
Maria da Conceição teve dois filhos, Laura e Bruno. A sua primeira filha é Laura Tavares Ribeiro Soares, que nasceu no ano de 1954. Laura é Professora em economia na área de concentração em política social pelo Instituto de Economia da Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP (Melo, 2019).
O outro filho, Bruno Tavares Magalhães Macedo, nasceu em 1965, fruto da união com o geólogo Antônio Carlos de Magalhães Macedo. Bruno é mestre em História Social pela Universidade Federal Fluminense e graduado em Ciências Econômicas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, e em Cinema e Audiovisual pela Universidade Federal Fluminense (Melo, 2019).
No ano de 1955, Maria Conceição foi aprovada em concurso público para trabalhar no Instituto Nacional de Imigração e Colonização (Inic) e três anos após chegar ao Brasil, teve a sua nacionalidade brasileira reconhecida. Como seu diploma de matemática não foi aceito no Brasil, então em 1957, Conceição Tavares fez vestibular e entrou para a Faculdade de Ciências Econômicas da antiga Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Durante sua graduação foi contratada como consultora pelo Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico (BNDE), a fim de realizar análises econométricas, estudo que prevê a aplicação de ferramentas estatísticas para obter relações entre variáveis econômicas com base em modelos matemáticos. As análises buscavam observar as relações de distribuição de renda no Brasil. No ano de 1961, após concluir a graduação, foi contratada pelo escritório da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal), no Brasil, para realizar um curso sobre desenvolvimento econômico. Os segmentos teóricos da professora Conceição Tavares podem ser divididos em três fases: a fase Cepal, a fase Unicamp e a fase UFRJ. “Na primeira etapa, privilegiou-se a questão do (sub)desenvolvimento econômico periférico, em particular a economia brasileira; na segunda tratou-se do diálogo crítico com Marx, Keynes e Kalecki, autores importantes da tradição da Economia Política […], já na terceira etapa, a análise contempla a (des)ordem econômica mundial.” (Melo, 2019).
Foi para o Chile no ano de 1968, onde trabalhou na Cepal, e pautou-se nos estudos voltados para o desenvolvimento periférico na América Latina, sobretudo no Brasil. Após voltar do Chile, cursou mestrado em economia, na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), onde o concluiu, no ano de 1972. Em 1975, obteve o título de doutorado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, cuja tese foi intitulada: Acumulação de capital e industrialização no Brasil (Melo, 2019).
Em 1973, Maria da Conceição passa a lecionar na Unicamp, cujos trabalhos e estudos estavam voltados para a revisão das teorias de Marx, Keynes e Kalecki. Ela também analisava a conformação da estrutura oligopólica, que gera assimetria nos processos de acumulação de renda, no progresso tecnológico e na distribuição de renda. Estruturas oligopólicas geram concentração e dominação de grande parcela do mercado, por parte de um pequeno número de empresas.
Nos anos 1980, Conceição Tavares retornou para a Universidade Federal do Rio de Janeiro, como coordenadora do curso de economia, com trabalhos voltados para o estudo da desordem econômica mundial e a formação dos centros de hegemônicos na economia.
<strong>Atividade profissional e atuação</strong>
Ao chegar ao Brasil, Maria da Conceição queria contribuir para o país. No filme Livre pensar: uma cinebiografia de Maria da Conceição Tavares, a vontade de ver o Brasil ser uma democracia e um país com igualdade, era o que a movia naqueles tempos. O Brasil testaria a possibilidade ser uma “democracia nos trópicos” (Feijó, 2019).
Diante dessa inspiração, Conceição Tavares estudou o processo de industrialização e de desenvolvimento econômico e social do Brasil e da América Latina. Ela formou os principais economistas do país, contribuindo para a construção do pensamento econômico na América Latina.
A análise crítica de Conceição Tavares foi fundamental para o entendimento do (sub)desenvolvimento da economia do Brasil e da América Latina, impactado pela industrialização tardia. Ela contribuiu para o entendimento da teoria da dependência, a qual analisa de que forma as economias periféricas, como as da América Latina, são afetadas pelas economias centrais dos países desenvolvidos, como, por exemplo, a exercida pelos Estados Unidos (Melo, 2019).
Maria da Conceição contribuiu, durante os anos de 1956 a 1960, para a execução do Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek, cujos objetivos eram: a criação de infraestrutura e a industrialização do Brasil.
Na época da ditadura militar, entre 1968 a 1972, morou no Chile, onde trabalhou no no escritório da Cepal, forma por ela encontrada para fugir da perseguição e das opressões vindas do AI-5, um decreto elaborado em 1968 e visto como um mecanismo de intimidação para quem se opunha ao regime ditatorial. No ano de 1968, foi lecionar para Graduados, na <i>Escuela de Estudios Latino americanos (Escolatina)</i>, da Universidade do Chile. Durante o período que morou no Chile foi convidada para assessorar o Ministério da Economia do governo de Salvador Allende (Melo, 2019).
Durante esse período, continuou participando de discussões políticas com brasileiros também exilados pela ditadura militar. Em 1973, viaja ao México para lecionar como professora visitante, no <i>Centro de Investigación y Docência Económica</i> da Cidade do México.
Retornou ao Brasil em 1974, mas acabou sendo presa pela ditadura. Contudo, passou apenas alguns dias na cadeia, pois foi solta por intervenção e pedido do general Ernesto Geisel (Melo, 2019).
A partir do ano de 1979, sua participação na política se intensificou e Maria Conceição passou a compor o Movimento de Renovação dos Economistas e da fundação do Instituto dos Economistas do Rio de Janeiro (IERJ), que tinha como intuito a busca pela redemocratização e o combate às políticas econômicas do regime militar.
Maria da Conceição possuía um compromisso com a democracia. Nos anos 1980, tornou-se assessora econômica de Ulysses Guimarães, no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Atuou por causas populares e pela defesa da Democracia, contribuindo para a movimento das Diretas Já, “defendia a aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que procurava garantir a realização de eleições presidenciais diretas em 1985" (Higa, 2024). O movimento Diretas Já, buscava a redemocratização do país e contou com grande apoio popular.
Como a política sempre foi uma das suas vertentes de atuação, no ano de 1994, elege-se Deputada Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), representando o estado do Rio de Janeiro, para um mandato de 4 anos, entre 1995 a 1999. As propostas apresentadas por Conceição Tavares eram voltadas para o controle orçamentário e para o debate sobre políticas econômicas no Brasil. Em suas falas como parlamentar rebateu o posicionamento da política brasileira em relação ao capitalismo internacional e a neutralidade de atuação diante de imposições de países desenvolvidos.
Escrevia semanalmente, nos anos de 1993 até 2004, para o Jornal Folha de S. Paulo na coluna “Lições Contemporâneas”. Conceição Tavares também fez sucesso com seus vídeos na internet, pois algumas de suas aulas e entrevistas foram publicadas em plataformas digitais como <i>Youtube</i> e <i>TikTok</i>, as quais alcançaram milhares de visualizações. Ela sempre foi enfática e crítica em suas falas sobre as falhas do capitalismo e sobre a teoria liberal. Em um dos seus vídeos mais acessados, Conceição Tavares questiona, no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura (1995), o desenvolvimento econômico brasileiro: “Uma economia que diz que precisa primeiro estabilizar, depois crescer, depois distribuir é uma falácia e tem sido uma falácia... nem estabiliza e cresce aos solavancos e não distribuiu... e esta é a história da economia brasileira desde o pós-guerra ou não é?”. O questionamento de Conceição Tavares mostra o quanto ela era crítica e acreditava em uma economia mais distributiva.
Maria da Conceição Tavares é conhecida por suas contribuições ao desenvolvimento econômico e à teoria do subdesenvolvimento. Ela foi escolhida entre os 100 economistas heterodoxos mundiais mais importantes de século XX, e se destacou como sendo a única mulher da América Latina, nesse ramo. (Melo, 2019). Escreveu livros clássicos e fundamentais para os estudos e para a formação sobre a economia brasileira, entre as suas obras, destacou-se o livro “Da substituição de importações ao capitalismo financeiro, ensaios sobre a economia brasileira”, de 1972, e “Acumulação de Capital e Industrialização no Brasil”, publicado inicialmente em 1986. Ela também foi uma das defensoras do processo de redemocratização do Brasil, sempre se destacando nas discussões políticas e sociais.
Maria da Conceição Tavares, ao longo de toda a sua trajetória acadêmica e política, buscou a transformação da sociedade brasileira, por meio do desenvolvimento econômico e social. Ela lutou e defendeu os seus ideais ao longo de toda a sua vida: “não sou sábia, sou apenas como vocês, apenas mais velha, uma militante que não desistirá até a hora de morrer. Marchem até morrer.” (Melo, 2019).
Sempre foi muito alegre, possuía uma risada espontânea e retumbante. Em seus discursos era contundente “Estou convencida de que a forma agressiva de se expressar deve ter sido uma estratégia de comunicação, ainda que inconsciente, para se impor num ambiente profissional dominado por homens”. (Tavares, 2019)
Nos seus últimos anos de vida se dedicou à literatura, pois adorava ler. Conceição Tavares faleceu em 2024, aos 94 anos, o seu legado foi deixado para os mais jovens: “sua esperança está na juventude, pois há esperança de que as ilusões, próprias das pessoas jovens, curem este estado de astenia e possam reordenar as bases democráticas com tolerância e respeito”. (Melo, 2019).
Ao chegar ao Brasil, Maria da Conceição queria contribuir para o país. No filme Livre pensar: uma cinebiografia de Maria da Conceição Tavares, a vontade de ver o Brasil ser uma democracia e um país com igualdade, era o que a movia naqueles tempos. O Brasil testaria a possibilidade ser uma “democracia nos trópicos” (Feijó, 2019).
Diante dessa inspiração, Conceição Tavares estudou o processo de industrialização e de desenvolvimento econômico e social do Brasil e da América Latina. Ela formou os principais economistas do país, contribuindo para a construção do pensamento econômico na América Latina.
A análise crítica de Conceição Tavares foi fundamental para o entendimento do (sub)desenvolvimento da economia do Brasil e da América Latina, impactado pela industrialização tardia. Ela contribuiu para o entendimento da teoria da dependência, a qual analisa de que forma as economias periféricas, como as da América Latina, são afetadas pelas economias centrais dos países desenvolvidos, como, por exemplo, a exercida pelos Estados Unidos (Melo, 2019).
Maria da Conceição contribuiu, durante os anos de 1956 a 1960, para a execução do Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek, cujos objetivos eram: a criação de infraestrutura e a industrialização do Brasil.
Na época da ditadura militar, entre 1968 a 1972, morou no Chile, onde trabalhou no no escritório da Cepal, forma por ela encontrada para fugir da perseguição e das opressões vindas do AI-5, um decreto elaborado em 1968 e visto como um mecanismo de intimidação para quem se opunha ao regime ditatorial. No ano de 1968, foi lecionar para Graduados, na <i>Escuela de Estudios Latino americanos (Escolatina)</i>, da Universidade do Chile. Durante o período que morou no Chile foi convidada para assessorar o Ministério da Economia do governo de Salvador Allende (Melo, 2019).
Durante esse período, continuou participando de discussões políticas com brasileiros também exilados pela ditadura militar. Em 1973, viaja ao México para lecionar como professora visitante, no <i>Centro de Investigación y Docência Económica</i> da Cidade do México.
Retornou ao Brasil em 1974, mas acabou sendo presa pela ditadura. Contudo, passou apenas alguns dias na cadeia, pois foi solta por intervenção e pedido do general Ernesto Geisel (Melo, 2019).
A partir do ano de 1979, sua participação na política se intensificou e Maria Conceição passou a compor o Movimento de Renovação dos Economistas e da fundação do Instituto dos Economistas do Rio de Janeiro (IERJ), que tinha como intuito a busca pela redemocratização e o combate às políticas econômicas do regime militar.
Maria da Conceição possuía um compromisso com a democracia. Nos anos 1980, tornou-se assessora econômica de Ulysses Guimarães, no Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB). Atuou por causas populares e pela defesa da Democracia, contribuindo para a movimento das Diretas Já, “defendia a aprovação da Emenda Dante de Oliveira, que procurava garantir a realização de eleições presidenciais diretas em 1985" (Higa, 2024). O movimento Diretas Já, buscava a redemocratização do país e contou com grande apoio popular.
Como a política sempre foi uma das suas vertentes de atuação, no ano de 1994, elege-se Deputada Federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), representando o estado do Rio de Janeiro, para um mandato de 4 anos, entre 1995 a 1999. As propostas apresentadas por Conceição Tavares eram voltadas para o controle orçamentário e para o debate sobre políticas econômicas no Brasil. Em suas falas como parlamentar rebateu o posicionamento da política brasileira em relação ao capitalismo internacional e a neutralidade de atuação diante de imposições de países desenvolvidos.
Escrevia semanalmente, nos anos de 1993 até 2004, para o Jornal Folha de S. Paulo na coluna “Lições Contemporâneas”. Conceição Tavares também fez sucesso com seus vídeos na internet, pois algumas de suas aulas e entrevistas foram publicadas em plataformas digitais como <i>Youtube</i> e <i>TikTok</i>, as quais alcançaram milhares de visualizações. Ela sempre foi enfática e crítica em suas falas sobre as falhas do capitalismo e sobre a teoria liberal. Em um dos seus vídeos mais acessados, Conceição Tavares questiona, no programa ‘Roda Viva’, da TV Cultura (1995), o desenvolvimento econômico brasileiro: “Uma economia que diz que precisa primeiro estabilizar, depois crescer, depois distribuir é uma falácia e tem sido uma falácia... nem estabiliza e cresce aos solavancos e não distribuiu... e esta é a história da economia brasileira desde o pós-guerra ou não é?”. O questionamento de Conceição Tavares mostra o quanto ela era crítica e acreditava em uma economia mais distributiva.
Maria da Conceição Tavares é conhecida por suas contribuições ao desenvolvimento econômico e à teoria do subdesenvolvimento. Ela foi escolhida entre os 100 economistas heterodoxos mundiais mais importantes de século XX, e se destacou como sendo a única mulher da América Latina, nesse ramo. (Melo, 2019). Escreveu livros clássicos e fundamentais para os estudos e para a formação sobre a economia brasileira, entre as suas obras, destacou-se o livro “Da substituição de importações ao capitalismo financeiro, ensaios sobre a economia brasileira”, de 1972, e “Acumulação de Capital e Industrialização no Brasil”, publicado inicialmente em 1986. Ela também foi uma das defensoras do processo de redemocratização do Brasil, sempre se destacando nas discussões políticas e sociais.
Maria da Conceição Tavares, ao longo de toda a sua trajetória acadêmica e política, buscou a transformação da sociedade brasileira, por meio do desenvolvimento econômico e social. Ela lutou e defendeu os seus ideais ao longo de toda a sua vida: “não sou sábia, sou apenas como vocês, apenas mais velha, uma militante que não desistirá até a hora de morrer. Marchem até morrer.” (Melo, 2019).
Sempre foi muito alegre, possuía uma risada espontânea e retumbante. Em seus discursos era contundente “Estou convencida de que a forma agressiva de se expressar deve ter sido uma estratégia de comunicação, ainda que inconsciente, para se impor num ambiente profissional dominado por homens”. (Tavares, 2019)
Nos seus últimos anos de vida se dedicou à literatura, pois adorava ler. Conceição Tavares faleceu em 2024, aos 94 anos, o seu legado foi deixado para os mais jovens: “sua esperança está na juventude, pois há esperança de que as ilusões, próprias das pessoas jovens, curem este estado de astenia e possam reordenar as bases democráticas com tolerância e respeito”. (Melo, 2019).
Prêmios e condecorações
● Prêmio Visconde de Cairu, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
● Medalha de Honra da Inconfidência, Governo do Estado de Minas Gerais.
● Grau de Oficial da Ordem de Rio Branco, Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
● Grau de Comendador da Ordem do Mérito, República Portuguesa.
● Ordem ao Mérito do Trabalho, Ministério do Trabalho do Brasil.
● Professora Emérita, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
● Medalha Bernardo O’Higgins da República do Chile.
● Prêmio Jabuti em Economia, Administração, Negócios e Direito.
● Medalha Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
● Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia Brasília.
● Medalha de Honra da Inconfidência, Governo do Estado de Minas Gerais.
● Grau de Oficial da Ordem de Rio Branco, Ministério das Relações Exteriores do Brasil.
● Grau de Comendador da Ordem do Mérito, República Portuguesa.
● Ordem ao Mérito do Trabalho, Ministério do Trabalho do Brasil.
● Professora Emérita, Universidade Federal do Rio de Janeiro.
● Medalha Bernardo O’Higgins da República do Chile.
● Prêmio Jabuti em Economia, Administração, Negócios e Direito.
● Medalha Pedro Ernesto, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro.
● Prêmio Almirante Álvaro Alberto para a Ciência e Tecnologia Brasília.
Fotos
Créditos
Revisão de texto
Date Issued
January 9, 2025
Imagem 1 Imagem retirada do artigo Intérpretes do pensamento desenvolvimentista. Imagem retirada do artigo Intérpretes do pensamento desenvolvimentista. Imagem retirada do artigo de Maria Conceição Tavares. Maria da Conceição Tavares, economista e professora brasileira. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, recebe a economista Maria da Conceição Tavares, no ministério A economista e professora Maria da Conceição Tavares participa da 1ª Conferência do Desenvolvimento (Code), realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea)