Marilena Chaui

Item

Nome Completo

Marilena Chaui

Sobrenome

CHAUI

Nome

Marilena

Profissão

Filósofa

Áreas do Conhecimento

Ciências Humanas

Instituição

Publicações e Obras

CHAUI, M. S. <strong>A ideologia da competência</strong>. Belo Horizonte: Editora; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2014.
CHAUI, M. S. <strong>Boas-vindas à filosofia</strong> . São Paulo: WMF Martins Fontes, 2013.
CHAUI, M. S. <strong>Conformismo e resistência</strong>. Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2014.
CHAUI, M. S. <strong>Contra a servidão voluntária</strong> . Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2013.
CHAUI, M. S. <strong>Convite à filosofia</strong> . São Paulo: Ática, 2010.
CHAUI, M. S. <strong>Escritos sobre a universidade</strong> . São Paulo, Edunesp, 2001.
CHAUI, M. S. <strong>Iniciação à filosofia</strong>. São Paulo: Ática, 2012.
CHAUI, M. S. <strong> Manifestações ideológicas do autoritarismo brasileiro</strong>. Belo Horizonte: Autêntica; São Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2014.
CHAUI, M. S. <strong>Nervura do real: imanência e liberdade em Espinosa</strong> . São Paulo: Companhia das Letras, 1999.
CHAUI, M. S. <strong>O que é ideologia</strong>. São Paulo: Brasiliense, 1980.

Referências

CHAUI, M.<strong> A Terra é Redonda Entrevista - Marilena Chaui</strong> (parte 1). [25 out. 2023]. Entrevistador: Daniel Pavan. São Paulo, 2023. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=2F6-imiQawk&t=4073s. Acesso em: 16 nov. 2023.
CHAUI, M.<strong> A Terra é Redonda Entrevista - Marilena Chaui</strong> (parte 2). [18 dez. 2023]. https://www.youtube.com/watch?v=iuCRuqEXfEg. Entrevistador: Daniel Pavan. São Paulo, 2023. Disponível em: Acesso em: 27 jan. 2024.
CHAUI, M. S. <strong> Um convite para filosofar </strong>. UnB Notícias. Brasília, DF, 13 set. 2018. Entrevista. Entrevista concedida à repórter Thaíse Torres. Secom UnB. Disponível em: https://noticias.unb.br/publicacoes/112-extensao-e-comunidade/2481-um-convite-para-filosofar. Acesso em: 09 nov. 2023.
SANTIAGO, H. S. & SILVEIRA, P. H. F. Percursos de Marilena Chaui: filosofia, política e educação.<strong> Educação & Pesquisa </strong>, v. 42, n. 1, p. 259-277, 2016. DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S1517-97022016420100201. Disponível em: https://www.scielo.br/j/ep/a/DzXxmMh45fjK88Vs54jpsSh/?format=pdf&lang=pt. Acesso em: 07 nov. 2023.

Link Lattes

Palavras-chaves

Português filosofia

Foto Principal

Nascimento

September 4, 1941

Frase

“A consciência é conquistada na ação concreta de resistência e luta”

Breve Resumo

Reconhecida por seus estudos sobre política, cidadania e história da filosofia e por suas contribuições para a democratização do acesso à cultura no país, Marilena Chaui é uma das mais importantes pensadoras brasileiras da atualidade.

Biografia

<strong>Laços familiares e formação acadêmica</strong>

Marilena de Souza Chaui é uma das mais importantes cientistas brasileiras da atualidade. Filósofa, sua extensa obra vem influenciando a formação intelectual de diferentes gerações em nosso país e seus textos são utilizados como referência desde a educação básica até a pós-graduação. Chaui é autora de dezenas de livros sobre temas diversos, a exemplo da história da filosofia e da política. Muitos deles convidam o leitor a refletir sobre conceitos como democracia, cidadania, cultura e ideologia.
Nascida na capital paulista, em 1941, Marilena Chaui é filha de um jornalista e uma professora e cresceu em um meio que valorizava a educação e incentivava a leitura e a escrita. Estudou a maior parte de sua infância e adolescência em escolas públicas e encantou-se pela filosofia quando tinha mais ou menos 16 anos. Isso ocorreu quando um de seus professores no Colégio Estadual Presidente Roosevelt, João Villalobos, deu algumas aulas sobre lógica. Levando à frente sua empolgação e curiosidade com o tema, Marilena graduou-se em filosofia na Universidade de São Paulo (USP), em 1965, e passou a estudar mais profundamente a história desse campo do conhecimento (CHAUI, 2018).
Enquanto cursava o mestrado na mesma universidade, atuou como professora no Colégio Estadual Alberto Levy, onde ministrava aulas de filosofia. Chaui sempre gostou muito da atividade docente, reconhecendo a imensa importância de sua disciplina no ensino básico. Segundo ela, nasceu “para ser professora” e “não há nada mais empolgante e prazeroso do que ver os estudantes descobrirem o pensamento, a linguagem, a reflexão, à medida que vão escutando o que você diz”. Assim, adorava atuar na escola pública, recordando-se desse momento como de grande alegria, pois seus alunos costumavam ser muito interessados (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016, p. 271).
Quando finalizou o mestrado em Filosofia, em 1967, iniciou o curso de doutorado, deixou o Colégio Alberto Levy e passou a dar aulas como Professora Assistente no Departamento de Filosofia da USP. Nessa ocasião, recorda-se de uma situação na qual teve de enfrentar o machismo: “[...] o professor que dirigia o departamento não via com bons olhos a contratação de mulheres para a universidade, sua maior objeção (compartilhada por vários professores) era a maternidade. Tempos mais tarde, eu soube que um dos professores, favorável ao meu ingresso, galhofeiramente propusera ao departamento minha esterilização, já que minha fertilidade causava tanto mal-estar” (CHAUI, 2018).
Durante seus anos estudando e, depois, dando aulas na universidade, Marilena Chaui teve intenso contato com diferentes formas de expressão artística e cultural, frequentando os teatros, cinemas e bares que ficavam próximos ao campus da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras, localizado, à época, no centro da cidade de São Paulo. As discussões e debates intelectuais transpunham os muros da instituição, espalhando-se, de suas salas de aula, grêmios e centros estudantis, a esses ambientes alternativos (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016).
<strong>Atividade profissional e atuação</strong>

Mas, assim como outros países da América Latina, o Brasil vivenciou a violência, a repressão e o autoritarismo característicos de uma ditadura militar, durante as décadas de 1960, 70 e 80. Nas palavras da cientista, durante “os anos de medo”, era comum que professores e estudantes saíssem para ir à universidade sem saberem se retornariam às suas casas, pois o risco de prisão e até morte era muito grande para aqueles e aquelas que se opunham ao regime. Além disso, diversos docentes da USP foram cassados (ou seja, perderam seus empregos) e/ou exilados (forçados a saírem do país); sem falar nos que foram de fato presos e/ou assassinados (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016).

Nesse contexto, e enquanto dava aulas na USP, Chaui iniciou seu doutorado e decidiu passar uma temporada estudando na França, onde entrou em contato com os movimentos estudantis daquele país. Quando retornou ao Brasil, em 1969, passou a atuar fortemente nas representações universitárias de resistência à Ditadura Militar, junto a outros professores que não haviam sido cassados ou exilados pelo regime. O posicionamento desses e dessas intelectuais foi muito importante para a continuidade dos debates e dos ensinamentos que ocorriam nos espaços universitários, além da preservação das redes de apoio contra a truculência e o autoritarismo dos militares (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016).

No início da década de 1970, ao mesmo tempo em que finalizava o doutorado, a professora desenvolveu com seus alunos um exercício de crítica às diferentes formas de autoritarismo – as chamadas “experiências pedagógicas”. Para Marilena, um bom professor ou professora é aquele/a que atua como mediador/a no processo de construção da relação dos alunos com o conhecimento. E não alguém que se apresenta como detentor desse conhecimento. Um bom professor reflete sobre a sua própria prática, convida os alunos a também pensarem sobre as diversas experiências que tiveram e a construírem um senso crítico sobre essas experiências (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016).

Nesse sentido, ela propôs que os estudantes discutissem como deveriam organizar e estruturar as disciplinas que ela ministrava e nas quais eles estavam inscritos. Essa era uma maneira de se questionar o autoritarismo característico do professor, ou seja, de uma figura que se encontra em posição de decisão sobre os alunos, os quais, em geral, não detêm qualquer poder de escolha. Segundo Chaui, essas experiências marcaram sua trajetória de forma especial, assim como a de muitos estudantes (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016).
Mas, infelizmente, esse tipo de atividade e de troca que Chaui tinha com seus estudantes foi prejudicada pelas reformas feitas pelos militares nas universidades, no decorrer da década de 1970. De acordo com a pesquisadora, essas reformas adequaram o ensino superior às demandas do mercado de trabalho, que queria profissionais muito qualificados em um curto espaço de tempo. O aumento no número de alunos, de disciplinas e da carga horária dos cursos transformou a universidade em uma espécie de colégio – na qual grande parte dos discentes estava só pelo diploma. Enquanto isso, o ensino básico ficou esquecido: as condições materiais das escolas foram se degradando ainda mais, assim como o sucateamento do trabalho dos professores. Consequentemente, a qualidade desse ensino caiu e ele passou a formar estudantes cada vez menos preparados para ingressarem na universidade (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016).

Ainda nos anos de 1970, Chaui criou, com outros intelectuais que atuavam em São Paulo, o Centro de Estudos de Cultura Contemporânea (Cedec), um espaço para se discutir e pensar o país em seus diferentes aspectos. Nele refletia-se sobre o papel da sociedade como um todo e, sobretudo, dos movimentos sindicais, sociais e populares na história do Brasil, em sua economia, política e cultura. Pessoas de diferentes origens, com diferentes experiências e atuações engajaram-se ao Cedec – professores, alunos, trabalhadores fabris. Segundo Chaui, foi justamente essa diversidade de perspectivas que fez com que ela aprendesse tanto com a experiência do Cedec:

<cite>No meu caso, essa experiência foi o momento da minha verdadeira formação política [...]. Tudo que, nos anos seguintes, e até hoje, eu escrevi sobre democracia, sobre cultura popular, [...] nasceu nessa experiência extraordinária e única, na qual, em vez de um partido político ou uma vanguarda imaginarem que poderiam levar a consciência aos trabalhadores, deu-se exatamente o contrário: nós (intelectuais) é que aprendemos com os trabalhadores (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016, p. 269).</cite>

As vivências relacionadas ao Cedec permitiram, entre outras coisas, que a pesquisadora refletisse ainda mais profundamente sobre conceitos muito importantes em sua produção científica, a exemplo dos de “ideologia”, “cidadania” e “cultura”.
Em 1989, Marilena Chaui foi nomeada Secretária de Cultura da cidade de São Paulo e precisou lidar com muitos obstáculos para desenvolver e implementar políticas públicas que promovessem o que chamou de “cidadania cultural”. Para Chaui “cultura” é um termo que se refere a todas as atividades humanas através das quais são criados símbolos e/ou valores. Por exemplo, a culinária, o vestuário, a linguagem e as diferentes formas de arte são formas de expressão cultural.

Assim, se em uma sociedade são as pessoas que produzem cultura, então as possibilidades e oportunidades de fazê-lo, assim como o acesso a ela devem ser assegurados como um direito de todo e qualquer cidadão ou cidadã (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016).
Para que essas ideias fossem colocadas em prática, era preciso, entre outras coisas, promover atividades que buscassem incluir a população da capital paulista como um todo. Nesse sentido, foram implementadas diferentes iniciativas, como a realização de ações culturais nos espaços de escolas e creches públicas de diversas vizinhanças, a criação de centros de memória, de cultura e até de um circo itinerante, além da revitalização de bibliotecas municipais e da implementação de políticas de apoio aos diferentes tipos de arte. E o mais importante é que a população não só se inseriu nas atividades como espectadora, mas também participou da elaboração e idealização dessas atividades.

Sobre a ciência e a tecnologia, em entrevista recente, Marilena Chaui destacou a importância de se refletir sobre o papel do discurso científico em nossa sociedade. Para a pesquisadora, é preciso se ter cuidado para não transformarmos esse discurso em uma ferramenta de dominação. Em outras palavras, precisamos estar alertas em situações onde a autoridade científica é utilizada para determinar quem pode falar e quem tem que ouvir. Ou seja, quando ela acaba excluindo certas pessoas dos debates sobre a ciência e suas relações com a sociedade, alegando que alguns indivíduos não têm saberes ou conhecimentos suficientes sobre os temas científicos para participarem das tomadas de decisão que os envolvem (CHAUI, 2023).
Marilena Chaui escreveu dezenas de textos que foram publicados em diferentes formatos e veículos, a exemplo de livros didáticos e acadêmicos, artigos em jornais e revistas de grande circulação e publicados em periódicos científicos de renome, além das inúmeras entrevistas e palestras que vem concedendo ao longo de sua história como professora e pesquisadora. Sua obra contribui para a ampliação do acesso da população brasileira aos debates, questões e reflexões sobre filosofia, política, educação, entre outros temas. Em 1986, tornou-se Professora Titular em História da Filosofia Moderna na USP e, atualmente, é Professora Emérita na mesma universidade. Sempre esteve envolvida com as reflexões e os questionamentos ligados às temáticas da cultura, do patrimônio, da democracia e da cidadania. "Ao longo de sua história, vem falando da enorme importância do estímulo ao pensamento crítico, pois quando “o pensamento se debruça sobre experiências novas, ele precisa pensar o que ainda não foi pensado e dizer o que ainda não foi dito [...]” (SANTIAGO & SILVEIRA, 2016, p. 275)"

Prêmios e condecorações

- Doutora honoris causa (2018) – Universidade de Brasília;
- Prêmio Jabuti – melhor livro na área de Ciências Humanas: “A Nervura do Real II” (2017) – Câmara Brasileira do Livro;
- Doutora honoris causa (2008) – Universidade Federal de Sergipe;
- Doutora honoris causa (2007) – Universidad Nacional de San Juan (Argentina);
- Doutora honoris causa (2004) – Universidad Nacional de Córdoba (Argentina);
- Doutora honoris causa (2003) – Université de Paris VIII (França);
- Prêmio Jabuti – melhor livro na área de Ciências Humanas e Educação: “A Nervura do Real” (2000) – Câmara Brasileira do Livro;
- Prêmio Sérgio Buarque de Holanda (1999) – melhor livro brasileiro de ensaios: “A nervura do real” – Fundação Biblioteca Nacional;
- Ordem do Mérito (1995) – Ministério da Educação e Cultura da República Árabe da Síria;
- Prêmio Jabuti – melhor livro didático: “Convite à Filosofia” (1994) – Câmara Brasileira do Livro;
- Orde des Palmes Académiques (1992) – Presidência da República da França.

Entrevistas

Fotos

Créditos

Date Issued

June 10, 2024

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Entrevista Prof. Dr. Homero Silveira Santiago Entrevistado Editorial Article