Albert Einstein

Item

Nome Completo

Albert Einstein

Sobrenome

Einstein

Nome

Albert

Profissão

Físico

Áreas do Conhecimento

Ciências Exatas e da Terra

Instituição

Referências

GILLISPIE, C. C. EINSTEIN, ALBERT. Dicionário de biografias científicas. Tradução: PEREIRA, C. A. , v. 1, p. 681-704, Rio de Janeiro: Contraponto, 2007.
ISAACSON, W. Sua vida. Seu Universo. Tradução: NOGUEIRA, C.; RAVAGNANI, F.; LANDA, I. M.; PESSOA, D. São Paulo: Companhia das Letras, 2007.

Mais Informações

Einstein, Albert, 1879-1955. Como vejo o mundo. Tradução: ANDRADE, H. P. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1981. Título original: Mein Weltbild 1. Einstein, Albert, 1879-1955.

Palavras-chaves

Cientista
Físico
Teórico
Biografia

Foto Principal

Local de Nascimento

Ulm

Nascimento

March 14, 1879

Falecimento

April 18, 1955

Frase

"Procure ser uma pessoa de valor, em vez de procurar ser uma pessoa de sucesso. O sucesso é consequência.” — frase dita por Einstein em uma entrevista para a revista LIFE, em 1955.
"É mais fácil desnaturar o plutônio do que desnaturar o espírito maligno do homem.” — frase de Einstein de 1946, presente no livro Einstein on politics (HELERBROCK, s. d.)
"A vida é como andar de bicicleta. Para manter o equilíbrio, é preciso se manter em movimento.".
“Uma nova ideia surge subitamente, e de um modo bem intuitivo, mas a intuição não é nada mais que o resultado da experiência intelectual anterior.”.

Breve Resumo

Físico alemão, com ascendência judia, manteve a dupla cidadania, suíça e norte-americana; considerado um dos gênios da humanidade, mundialmente reconhecido ao descrever a Teoria da Relatividade, agraciado com Prêmio Nobel de Física em 1922, pelos estudos sobre o efeito fotoelétrico.

Biografia

<strong>Vínculos familiares e formação</strong>

Hermann Einstein e Pauline Koch, ambos judeus alemães, casaram-se em 1876. No terceiro ano do casamento nasceu o primogênito Albert Einstein em Ulm (Alemanha), e após seis semanas, a família mudou-se para Munique, onde Hermann e seu irmão mantinham uma oficina/fabriqueta de eletroquímica. Dois anos depois, Albert ganhou sua querida irmã Maja Einstein (FRAZÃO, 2022; OLIVEIRA, 2010; GILLISPIE, 2007).

Aos três anos, Albert apresentava dificuldades na fala, por isso foi tratado por uma empregada como der Depperte (estúpido) e alguns familiares o consideravam “quase-retardado”. O aprendizado lento e a rebeldia no ambiente escolar, resultaram em sua expulsão por um professor e em comentários de que ele não seria grande coisa na vida, tornando-se referência como padroeiro mundial dos alunos desatentos (ISAACSON, 2007).

Aos quatro anos, iniciou seu interesse pela ciência no ambiente familiar, com a bússola presenteada por seu pai. Entre os cinco e oito anos, iniciou a formação básica em escola católica, sendo transferido para o Luitpold Gymnasium (Munique; atualmente Albert Einstein Gymnasium), onde concluiu o ensino fundamental, enfrentando o autoritarismo da escola alemã, antissemitismo e distúrbios de fala, possivelmente consequências de dislexia (transtorno cognitivo, caracterizado pela limitação da leitura, escrita e soletração (ALBERT, s. d.¹; BEZERRA, s. d.; SANTOS, 2000a; citando FOLSING, 1997; GILLISPIE, 2007).
Diferente das outras crianças, preferia construir, sozinho, complicadas estruturas com cubos de madeira e grandes castelos de cartas de baralho, sendo estimulado desde os seis anos, por sua mãe, a aprender música clássica e violino, hábito que manteve durante a vida. Admirava Mozart, possivelmente associando sua música à harmonia do universo.

Aos sete anos, demonstrou o teorema de Pitágoras, para surpresa do seu tio Jakob, que poucos dias antes lhe ensinara os fundamentos da geometria (GILLISPIE, 2007).
Por dificuldades financeiras, sua família se transferiu para Milão na Itália, enquanto Albert permaneceu em Munique. Sentindo-se sozinho e desagradado abandonou a escola aos 15 anos, indo ao encontro da família, para ficar à toa. No ano seguinte, seu pai informou que não podia sustentá-lo (SANTOS, 2000a; citando LEVY, 1980, p. 24; GILLISPIE, 2007), então, decidiu cursar física.

Entretanto, como não tinha concluído o ensino médio, não podia entrar na universidade. A alternativa seria realizar o curso técnico, tendo optado pela mais renomada instituição da Europa Central, a Escola Politécnica Federal (ETH = Eidgenössische Technische Hochschule; Zurique - Suíça). Em 1895, aos 16 anos (dois anos antes da idade normal), submeteu-se à seleção, mas foi reprovado em botânica, zoologia e línguas modernas, destacando-se em matemática e física. Aconselhado pelo diretor a terminar o ensino médio que havia interrompido, foi à Escola Cantonal de Aarau (Suíça) (CRAWFORD, s. d.; SANTOS, 2000a).
Recomendado pelo Diretor da ETH, hospedou-se na casa de um professor de história e grego, Jost Winteler e sua esposa Rosa, a quem Albert chamava de Mamerl (mamãe), e Marie (filha; 18 anos) que foi sua 1ª namorada (ISAACSON, 2007). Albert sentia-se feliz em ambiente escolar livre e motivador, onde estudava um problema irresolvível junto com seu professor, sobre o aspecto que teria uma onda luminosa para alguém que a observasse viajando com a mesma velocidade. A solução viria posteriormente com o postulado da teoria da relatividade (CRAWFORD, s. d.; SANTOS, 2000a).

Com receio de ser convocado para servir o exército alemão, perspectiva que contemplava com pavor, Albert pediu ajuda ao pai para renunciar à cidadania alemã (ISAACSON, 2007). A dispensa militar foi oficializada em janeiro de 1896, e Einstein permaneceu apátrida por um período.

Ao concluir o ensino médio em 1896, submeteu-se novamente à seleção na ETH e ingressou no curso de matemática e física, foi morar no alojamento estudantil, recebia uma mesada de cem francos suíços, que era dada pelos parentes da família de sua mãe. Pensando em ensinar, ficou decepcionado com a ETH, onde os professores apenas liam livros. Faltava as aulas compensando com a leitura das obras de Boltzmann, Helmholtz, Hertz, Kirchhoff, Maxwell, entre outros grandes físicos e matemáticos da época. Não era muito bem-visto pelos docentes, como se pode verificar pelo comentário do Prof. Minkowski sobre a teoria da relatividade: "para mim isso foi uma grande surpresa, porque na época dos seus estudos Einstein era um preguiçoso. Ele não demonstrava qualquer interesse por matemática" (SANTOS, 2000b; citando FEUER, 1978, p. 94).

Contemporânea na graduação, conheceu e namorou a sérvia Milena Maric, colega de graduação e única mulher do curso (BEZERRA, s. d.), a qual viria a ser sua esposa e mãe de seus três filhos, uma filha não reconhecida e dois filhos reconhecidos.

Além dos estudos, Einstein também participava de um grupo, denominado Academia Olímpia, não qual se abordavam temas de filosofia e ciência. Nesse cenário, um dos assuntos que se discutia era o socialismo em clima de liberdade, pois Zurique era berço de três grandes revoluções europeias na chegada do século XX, entre elas: o marxismo; a psicanálise; e a física moderna, nesse meio circulavam Lenin, Trotsky, Plekhanov, considerado por alguns o grande mentor da revolução soviética, Rosa Luxemburg, Théodor Herzl (fundador de Israel), Chaim Weizman -1º presidente de Israel. (SANTOS, 2000b).

Em 1900, concluiu a graduação, mas ficou desempregado, por isso teve que trabalhar por dois anos, ora dando aulas particulares, ora substituindo professores.
<strong>Caminhada profissional, família e Teoria da Relatividade</strong>

Em 1901, publicou no renomado periódico Annalen der Physik seu primeiro artigo científico "A Investigação do Estado do Éter em Campo Magnético". Concomitantemente, tentara cursar o Doutorado na Universidade de Zurique com a tese “Uma nova determinação das Dimensões Moleculares”, porém não foi aceito. Nesse período, foi trabalhar como professor substituto numa escola em Winterthur e como monitor numa escola particular (BEZERRA, s. d.).

Obteve cidadania suíça em 1901, e para se manter naquele país, contou com a ajuda do pai do amigo Mareei Grossmann, que o indicou para atuar como perito examinador assistente do Ofício de Patentes da Suíça, em Berna. Antecipando-se à contratação, Albert se mudou para Berna em janeiro de 1902. Nesse período, Milena, que estava na casa dos pais, deu à luz uma menina, Lieserl. Informado da notícia pelo pai de Milena, Albert não contou à sua família nem amigos e nunca tratou publicamente ou reconheceu a existência da filha. Menções a ela foram encontradas apenas em poucas correspondências de Albert e Milena, descobertas com surpresa por pesquisadores e editores em 1986.

Em 1902, Albert foi empossado pelo Conselho Suíço “em caráter provisório, como Especialista Técnico de Classe 3 do Escritório Federal de Propriedade Intelectual, com um salário anual de 3.500 francos”. Atuou sete anos analisando pedidos de patentes e, por fazê-lo rapidamente, dispunha de tempo para se dedicar ao pensamento científico: “Sempre que alguém entrava, eu enfiava minhas anotações na gaveta da escrivaninha e fingia estar fazendo o serviço do escritório” (ISAACSON, 2007).

A morte de Hermann Einstein, seu pai, foi considerada o choque mais profundo de sua vida, apesar do pobre vínculo entre os dois. Mesmo assim, em seu leito de morte, autorizou o casamento de Albert com Milena, que foi realizado em cerimônia civil restrita, em 1903, no cartório de Berna, que contou apenas com as testemunhas, seus amigos Maurice Solovine e Conrad Habichtro. Ao final de 1903, Milena confirmou nova gravidez, e Hans Albert Einstein nasceu em 14 de maio de 1904. Em julho de 1910, o casal teve seu segundo filho, Eduard, apelidado de Tete.

Einstein havia publicado cinco artigos de pouca repercussão, os quais não possibilitaram um doutorado ou emprego de professor no colegial. Em 1905, uma nova série de trabalhos foi publicada no periódico Annalen der Physik e Albert aproveitou o momento para novamente tentar o doutorado, desta vez com sucesso, submetendo à Universidade de Zurique a proposta de “Uma nova determinação das dimensões moleculares”. Essa tese foi amplamente citada pela aplicação diversificada, tornando-o conhecido como Dr. Einstein, apesar disso, não conseguiu o emprego acadêmico a que almejava (ISAACSON, 2007).

Ao mesmo tempo, retomou os estudos acerca da Teoria da Relatividade, que haviam se iniciado com um experimento mental, realizado aos 16 anos, sobre como seria viajar na velocidade da luz. Também em 1905, formulou a revolucionária teoria quântica da luz, ajudando a provar a existência do átomo, explicando o movimento browniano², derrubando o conceito de espaço e tempo e expressando a equação³ mais conhecida da física E= mc2.

Apesar de eminente, Albert permaneceu examinador de patentes, mesmo com o destaque dado aos seus artigos pelo reverenciado físico teórico Max Planck, responsável pelos textos teóricos da revista Annalen der Physik. O doutorado possibilitou-lhe a promoção a especialista técnico de 2ª classe e aumento salarial. Manteve alta a produtividade de artigos e resenhas: publicou seis em 1906 e mais dez em 1907. Ainda, uma vez por semana, tocava em quarteto de cordas e se fazia presente ao seu filho de três anos, a quem orgulhosamente chamava de “impertinente” (ISAACSON, 2007).

De 1907 até novembro de 1915, usando a rara capacidade de desenvolver experimentos mentais, Albert elaborou a fundamentação teórica e expressão matemática, seguindo-se mais quatro anos de observações de campo, onde queria provar que a gravidade curvava a luz: a teoria da relatividade geral. Em 1908, desistiu da docência universitária visando à função de professor de colegial, porém mesmo tendo escrito artigos que transformaram a física, não foi bem-sucedido. Por insistência dos amigos, pleiteou uma vaga na Universidade de Berna, para a qual foi aceito em 1908. Contudo, seu primeiro título de professor veio apenas em 1909, na Universidade de Zurique (ISAACSON, 2007).

Em março de 1910, foi convidado pelo setor alemão da Universidade de Praga para ser Prof. Pleno, embora seus alunos da Universidade de Zurique tenham feito abaixo-assinado para a Instituição fazer uma contraproposta, o que não ocorreu. Neste mesmo ano, iniciou-se a Conferência de Solvay⁴, reunindo 20 físicos europeus no Grande Hotel Metrópole de Bruxelas. O jovem Albert, então com 32 anos, estava reunido com Max Planck, Henri Poincaré, Marie Curie, Ernest Rutherford, Wilhelm Wien, Walther Nernst e Hendrik Lorentz. Como a temática era o “problema do quantum”, solicitaram que Albert proferisse palestra temática, sendo um dos oito membros homenageados.

Àquela altura, Albert realizava conferências pela Europa, aproveitando sua fama ascendente, enquanto Milena permanecia em casa, numa cidade que odiava e excluída dos círculos científicos, aos quais tentou se integrar. Assim, Albert e Milena retornaram em 1912 para Zurique, onde Albert atuaria na Politécnica, na tentativa de restabelecer o casamento. Contudo, após o reencontro de Einstein com sua prima Elsa, e devido à troca de correspondência entre eles, o divórcio tornou-se iminente.

Em 1913, Einstein, convidado por Max Planck e Walther Nernst a ocupar vaga na Academia Prussiana de Ciências, assume o cargo de diretor do novo instituto de física e de professor da Universidade de Berlim, com alta remuneração e sem aulas obrigatórias; manteve cidadania suíça e renovou a alemã. Albert, aos 34 anos, tornou-se o membro mais jovem da Academia Prussiana.

Em 1915, em meio a um cenário de guerra e divórcio, Albert continuava seus estudos com a Teoria da Relatividade Geral. A solução de suas equações de campo previa um universo em movimento, em expansão; contudo, à época, os cientistas acreditavam que o universo era estático. Para se harmonizar com o consenso científico, Einstein inseriu nas equações sua famosa constante cosmológica, indicada pela letra grega lambda, que forçava uma previsão de universo estático. Nos anos seguintes, as observações do astrônomo norte-americano Edwin Hubble, demonstraram que as galáxias estavam se afastando, portanto, o universo estava se expandindo. Diante da comprovação de que o universo não seria estático, Einstein prontamente concluiu que sua constante cosmológica era completamente desnecessária⁵, retirando-a das equações (FRANCIOLLE, 2021). Segundo o físico George Gamow: “Muito tempo depois, ao discutir problemas cosmológicos com Einstein, ele ressaltou que a introdução da constante cosmológica foi o maior erro de sua vida (tradução livre)” (ALCANIZ, 2010).

Uma passagem muito interessante da vida e do trabalho de Albert Einstein diz respeito à comprovação de sua teoria da relatividade geral. Após a Conferência de Solvay (1911), Albert postulou que a luz de uma estrela seria curvada pela gravidade do sol. A comprovação desta teoria foi conseguida em 29 de maio de 1919, quando as fotografias de um eclipse solar, tiradas na cidade cearense de Sobral e na Ilha do Príncipe, África, demonstraram a curvatura da luz pela gravidade, como previsto nas equações.

Brasil e Reino Unido ocuparam papeis importantes na realização dos experimentos. Para acompanhar o eclipse, Sir Frank Watson Dyson, astrônomo Real Britânico e ao mesmo tempo diretor do Observatório de Greenwich, organizou duas expedições astronômicas: uma integrada por Arthur Eddington e Edwin Cottingham, partindo para a Ilha do Príncipe, e outra formada por Charles Davidson e Andrew Crommelin, rumando para Sobral, cidade indicada por Henrique Morize, então diretor do Observatório Nacional, que também enviou uma expedição própria a Sobral (MAST, 2019).

No momento do eclipse, o mau tempo prejudicou a qualidade das imagens do céu na Ilha do Príncipe, permitindo o registro de apenas seis estrelas. Em Sobral, o céu estava limpo e as placas chegaram a registrar 12 estrelas. Tal feito histórico teve grande repercussão na imprensa brasileira, europeia e dos Estados Unidos, transformando Einstein em celebridade mundial e abrindo novos horizontes para o conhecimento científico. O jornal The Times publicou o ocorrido como uma “Revolução na Ciência – Nova Teoria do Universo – Ideias de Newton Derrubadas”, ampliando sua notoriedade mundial.

Em setembro de 1922, apesar de divergências internas, a Academia Sueca indicou Einstein e Bohr aos Prêmios Nobel de Física de 1921 e 1922, respectivamente, “por seus serviços à física teórica e especialmente pela descoberta da lei do efeito fotoelétrico”. Assim, não ganhou um Nobel por seu trabalho sobre a relatividade e a gravitação. Como Albert estava viajando de trem pelo Japão, não compareceu à premiação, sendo o prêmio recebido pelo embaixador alemão. O discurso de recebimento do prêmio foi proferido em julho de 1923, em conferência científica na Suécia, a qual versava sobre a possível associação entre a relatividade geral e a teoria eletromagnética e a possível mecânica quântica, estando presente o rei Gustavo V.
<strong>Pós-guerra e a notoriedade mundial</strong>

Desde criança, ao sair da Alemanha, Albert tinha apego ao pacifismo e ao socialismo, mas sempre se afastou da militância pública até o estopim da 1ª Guerra Mundial, em agosto de 1914. Sem abandonar a física, tornou ostensivamente público seu ideário político e social. Considerou o irracionalismo da guerra, defendeu o engajamento dos cientistas nas questões públicas, discordando do posicionamento belicoso de colegas físicos.

A ascensão do antissemitismo alemão após a 1ª Guerra, instigou Albert a se integrar à causa sionista, reforçando sua ascendência e relação com a comunidade judaica, apoiando o partido dos assentamentos judaicos na Palestina, a identidade nacional judia no mundo e oposição aos assimilacionistas, aqueles que defendem a fusão ou miscigenação de culturas ou hábitos culturais diferentes⁶. Por ter alcançado notoriedade mundial durante o eclipse solar em 1919, Einstein passou a usar sua influência em dois movimentos correntes: o Pacifismo e o Sionismo (GILLISPIE, 2007). Nesse contexto, defendeu a criação da nova universidade judaica na Palestina, que se tornou a Universidade Hebraica de Jerusalém.

Albert viajou pelo mundo para disseminar suas teorias físicas, além de propagar debates sobre temas como a paz mundial. Em 1925, aportou duas vezes no Brasil, mais especificamente no Rio de Janeiro. Na estadia de uma semana, conheceu pontos turísticos e instituições, como o Jardim Botânico, Pão de Açúcar, Corcovado, Floresta de Tijuca, Instituto Oswaldo Cruz (Fiocruz), Hospital Nacional dos Alienados e participou de eventos da embaixada alemã e colônia Israelita (RAMOS, 2022; LIMA s. d.; MORAES, 2022).

Realizou duas conferências, a primeira em 6 de maio no Clube de Engenharia do Rio de Janeiro, e a segunda em 8 de maio na Escola Politécnica da Universidade do Rio de Janeiro.

Em dezembro de 1930, enquanto pesquisador visitante do California Institute of Technology (Caltech), viajou aos Estados Unidos da América (EUA) – visita estendida a Cuba e Panamá, quando de sua viagem de ida para Califórnia.

Durante visita aos estúdios da Universal, manifestou desejo de conhecer Charlie Chaplin, no qual foi prontamente atendido, pois logo foi convidado para almoçarem juntos no refeitório local.

Posteriormente, na estreia do filme “Luzes da Cidade”, numa cena épica onde aparecem Einstein e Chaplin usando smoking e Elsa sorridente, foram aplaudidos ao entrarem no cinema e Chaplin comentou: “Eles me aplaudem porque me entendem, e o aplaudem porque ninguém o entende”.

Em dezembro de 1931, embarcou para os Estados Unidos da América, a fim de trabalhar dois meses como professor visitante na Caltech. Concomitantemente, havia uma articulação para integrar-se ao Instituto de Estudos Avançados (Princeton - New Jersey). Enquanto aguardava que o Instituto fosse inaugurado, o que ocorreria apenas em 1934, Adolf Hitler tomou o poder como novo chanceler da Alemanha e Einstein se recusou a retornar a seu país natal, tendo renunciado à cidadania alemã e apresentado sua demissão da Academia Prussiana.

Em outubro de 1933, Einstein retornou definitivamente aos Estados Unidos da América- EUA, que se tornaria a sua nova pátria.

Em abril de 1934, decorridos seis meses de sua chegada, Albert assumiu cargo em tempo integral no Instituto de Estudos Avançados, permanecendo em Princeton nos 21 anos restantes de vida.

A morte de Elsa em 20 de dezembro de 1936, impactou fortemente Albert, que chorou de forma similar à perda de sua mãe. Contudo, apesar dessa grande perda, permaneceu morando com a secretária Helen Dukas e suas enteadas. Apesar das divergências com o filho, Hans Albert, então com 33 anos, incentivou-o a se transferir para os Estados Unidos da América. Estimulado pelo pai, Hans Albert encontrou emprego para trabalhar com conservação do solo, no Departamento de Agricultura (Clemson – South Caroline).

No decorrer da 1ª Guerra Mundial e diante dos avanços tecnológicos dos alemães, Albert e seus colegas se preocupavam com o risco de a Alemanha desenvolver armas atômicas. Assim, foi iniciado em 06 de dezembro de 1941, (véspera do ataque do Japão a Pearl Harbor), pelos Estados Unidos da América, o supersecreto Projeto Manhattan, a partir do qual foi desenvolvida a bomba atômica. Einstein não foi convidado a participar, nem recebeu nenhuma informação oficial, por não ser físico nuclear e por ser considerado um risco de segurança, pelos seus princípios pacifistas.

A 1ª bomba atômica foi lançada sobre Hiroshima em 6 de agosto de 1945. O 2º artefato foi lançado três dias após, em Nagasaki. Na sequência, autoridades de Washington divulgaram longo artigo, compilado por Henry de Wolf Smyth, professor de física de Princeton, sobre o esforço secreto para fabricar a arma, sendo atribuído grande peso histórico para a criação do projeto à carta que Albert escrevera a Roosevelt em 1939. A revista Time divulgou na capa o retrato do cientista com uma nuvem em forma de cogumelo explodindo e a fórmula E = mc2, constando em parte da matéria que:

“Albert Einstein não trabalhou diretamente na bomba atômica.... Mas Einstein foi o pai da bomba de duas maneiras importantes: (1) foi sua iniciativa que inaugurou a pesquisa sobre a bomba nos Estados Unidos; (2) foi sua equação (E = mc2) que tornou a bomba atômica teoricamente possível”.

Também a revista Newsweek apresentou o tema em capa e manchete: “O homem que começou tudo isso”, diante da qual Albert lamentou: “Se eu soubesse que os alemães não conseguiriam produzir a bomba atômica, jamais teria levantado um dedo”.

Como resultado, no imaginário popular, Einstein ficou associado à fabricação da bomba atômica, apesar de seu envolvimento periférico, essa imagem o perseguiu durante o resto de sua vida. Devido a isso, de maio de 1946 até 1948, Albert assumiu maior proeminência na política pública, estimulando a criação e tornando-se presidente do Comitê de Emergência dos Cientistas Atômicos, dedicado ao controle das armas nucleares e à formação de um governo mundial.

Para Albert, era imperativo proteger os direitos do indivíduo, pois o individualismo e a liberdade eram imprescindíveis à criatividade nas artes e ciências, seja no âmbito pessoal, político e profissional. Assim, repudiava qualquer repressão e era antagônico à descriminação racial nos Estados Unidos, tendo sido considerado pacifista e ativista pelos direitos civis dos afro-americanos (membro da National Association for the Advancement of Colored People – NAACP).
<strong>Fechando um ciclo e curiosidades</strong>

Aposentado do Instituto de Estudos Avançados no fim da guerra, aos 66 anos, continuou a trabalhar diariamente no pequeno escritório do Instituto com seus assistentes, numa teoria denominada campo unificado, que previa a convergência entre os campos eletromagnético e gravitacional, tratando a existência de buracos de minhoca⁷, viagens no tempo e a criação do universo (RAMOS, 2022).

Einstein, manteve a ajuda financeira à Milena, que estava em Zurique e custeou também as despesas advindas dos gastos com a saúde do Filho Eduard, que permanecia internado em um sanatório. Desde 1948, com a saúde comprometida, já vinha sofrendo de males estomacais e anemia, que culminou em aneurisma na aorta abdominal. A morte de sua irmã querida Maja em junho de 1951, o impactou de tal forma que ele proferiu o seguinte: Sinto mais falta dela do que se possa imaginar”.

Albert era percebido pela sua bondade e imperfeições no âmbito pessoal. Conforme comentado por um dos assistentes: “Einstein não fazia a menor ideia da absoluta reverência que existia por ele”.

Fez as pazes com o filho Hans Albert Einstein escrevendo para ele “É uma alegria para mim ter um filho que herdou os traços principais da minha personalidade: a capacidade de se elevar acima da mera existência, sacrificando sua própria pessoa ao longo dos anos em prol de um objetivo impessoal”.

Aos 76 anos, vivendo sua derradeira semana de vida, em 11 de abril, assinou o manifesto Einstein-Russell, documento a partir do qual surgiram as Conferências Pugwash, que reuniam anualmente cientistas e pensadores para discutir meios de controlar as armas nucleares. Ao longo dos dias seguintes passou mal, o aneurisma começara a se romper, e foi levado ao hospital. No domingo, 17 de abril ele acordou se sentindo melhor. Pediu a Dukas que lhe desse seus óculos, papéis e lápis, e começou a anotar uns cálculos. Conversou com Hans Albert sobre algumas ideias científicas, e depois sobre o perigo de se permitir que a Alemanha se rearmasse. Apontando para suas equações, queixou-se meio brincando, ao filho: “Ah, se eu tivesse mais matemática!”.

Trabalhou enquanto conseguiu e, quando a dor aumentou muito, adormeceu. Pouco depois da uma hora da manhã de segunda-feira, 18 de abril de 1955, a enfermeira ouviu-o dizer algumas palavras em alemão, que ela não compreendeu. O aneurisma, como uma grande bolha, rompera-se, e Einstein morreu, aos 76 anos de idade. Na beira da cama estava o rascunho do seu discurso não pronunciado em homenagem ao Dia da Independência de Israel, que iniciava assim “Dirijo-me a vocês hoje não como cidadão americano nem como judeu, mas como ser humano”.

Também na cama estavam doze páginas de equações escritas em letra miúda, riscadas e corrigidas. Até os momentos derradeiros, ele lutou para encontrar a sua fugidia teoria do campo unificado. E a última coisa que anotou, antes de dormir pela última vez, foi mais uma linha de símbolos e números, escritos na esperança de que pudessem levá-lo, e a todos nós, para apenas um pouco mais perto do espírito manifesto nas leis do universo.

Albert recusou tratamento cirúrgico, justificando que prolongar a vida artificialmente era de mau gosto. Preparou e assinou um testamento, doando seus manuscritos à Universidade Hebraica de Jerusalém, que ajudou a fundar e deixou ao neto Bernhard o seu violino. Contrariando a tradição judaica, não quis ser enterrado para não haver a possibilidade do seu túmulo se tornar um local turístico. Apesar de simples, sabia o poder que tinha, e foi cremado, em 18 de abril de 1955, em Princeton (New Jersey), deixando um legado de mais 260 publicações e estudos, sendo respeitado como físico e ser humano (ALMEIDA, 2020).

Não fora considerado aluno brilhante, devido à dificuldade em decorar conteúdos de Geografia, História e Grego, por isso chegou a ouvir do professor de grego que era péssimo exemplo aos colegas e jamais seria alguém na vida. O cérebro de Albert foi retirado antes da cremação e preservado, até hoje, em solução química, para ser estudado por cientistas e neurologistas, o que possibilitou a alguns destes estudiosos, concluírem que as áreas cerebrais relacionadas ao processamento espacial e numérico são maiores que as demais (RAMOS, 2022).

O referido autor destacou algumas frases do cientista, como: "O mundo não está ameaçado pelas pessoas maldosas, mas sim pelas que deixam a maldade acontecer"; "No meio das dificuldades encontramos as oportunidades"; "Uma pessoa que nunca cometeu um erro nunca tentou nada de novo"; "Somos os arquitetos do nosso próprio destino."
<strong>Vamos refletir?</strong>

A percepção humanizada de Albert Einstein, a partir das suas vivências no cenário geopolítico e no mundo dos cientistas, das relações éticas pessoais e profissionais, suas atitudes, capacidade de conceber modelos mentais e o espaço ocupado nas divergências e oportunidades, permite-nos uma reflexão sobre erros e acertos - cientistas são humanos e estão sujeitos a errarem, serem segregados e questionados! Apesar de toda a sua contribuição para a ciência, Einstein levou décadas para ser devidamente reconhecido.
E entre um de seus maiores legados, destacamos a seguinte reflexão: os cientistas são responsáveis pelo uso e diversidade de aplicações do que é feito com suas descobertas?
<strong>Notas</strong>
¹ (s. d.) = sem data de publicação. Disponível em https://www.uc.pt/sibuc/Pdfs/ISBD3.
² O movimento irregular de pequenas partículas imersas em uma solução, foi originalmente observado em 1828, pelo botânico Robert Brown. Ele notou que as partículas em suspensão adquiriam uma espécie de movimento errático que posteriormente, ficaria popularmente conhecido pelo nome de movimento browniano. Disponível em: http://sbfisica.org.br/rbef/pdf/060808.pdf. Acessado em: 01 mar. 2023.
³ Energia é igual à massa vezes a velocidade da luz ao quadrado. A velocidade da luz no vácuo (300.000.000 m/s) é uma constante universal, o que significa que tempo, espaço, matéria e energia são relativos, mas a velocidade da luz no vácuo é sempre a mesma, independentemente do referencial adotado para medi-la. Disponível em: https://educacao.uol.com.br/disciplinas/fisica/emcsup2sup-einstein-e-a-equivalencia-entre-materia-e-energia.htm. Acesso em: 15 jan. 2023.
⁴ Ernest Solvay, químico e industrial belga, que idealizou e patrocinou um encontro da elite dos físicos europeus, agendado para o final de outubro de 1911, com uma série de conferências, que se realizaram esporadicamente nos anos seguintes.
⁵ A constante cosmológica foi ressuscitada no final da década de 1990, quando astrônomos constataram, a partir da observação de supernovas distantes, que o cosmos não estava apenas se expandindo, mas acelerando sua expansão. Essa força antigravitacional foi denominada de "energia escura". Tirando a poeira do lambda de Einstein e conectando-a às equações de universo do físico russo Alexander Friedmann, os pesquisadores modelaram o cosmos corretamente, com o fator de expansão acelerada. A versão ajustada da Equação de Friedmann compõe o eixo da teoria cosmológica contemporânea, conhecida como ΛCDM (Lambda CDM, onde CDM significa matéria escura fria) e é responsável por todos os componentes conhecidos da realidade (FRANCIOLLE, 2021).
⁶ Assimilacionismo. Dicionário Priberam da Língua Portuguesa, 2008-2021. Disponível em: https://dicionario.priberam.org/assimilacionismo. Acesso em: 02 jan. 2023.
⁷ Caracterizados como túneis teóricos que conectam um buraco negro e um buraco branco. Seriam passagens hipotéticas de um local a outro do universo. São as "pontes de Einstein-Rosen" ou '"Einstein-Rosen bridges". Leda Cardoso Sampson Pinto, PhD em astrofísica. E-mail: ledapinto@ibict.br (Comunicação pessoal).

Prêmios e condecorações

1922 - Prêmio Nobel de Física
1925 - Medalha Copley
1929 - Medalha Max Planck
1934 - Gibbs Lecture
1936 - Medalha Franklin
1952 - Elemento químico Einstênio (Es)
1952 - Indicação não aceita, para concorrer à presidência de Israel após a morte de Chaim Weismann
2001 - Asteroide Eisntein

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Revisão de texto

Date Issued

March 9, 2023

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