Niède Guidon

Item

Nome Completo

Niède Guidon

Sobrenome

GUIDON

Nome

Niéde

Profissão

Arqueóloga

Áreas do Conhecimento

Ciências Humanas

Instituição

Publicações e Obras

GUIDON, N. A Arqueologia Moderna: O Planejamento e sua importância para a arqueologia do Brasil Sul. Revista do Museu Paulista, São Paulo, v. XVII, p. 395-406, 1967.
GUIDON, N. Parque Nacional Serra da Capivara: sítios rupestres e problemática. FUMDHAMentos, v. V, p. 77-108, 2007.
GUIDON, N. Recensão (análise do texto: PROUS, André. O Povoamento da América visto do Brasil: uma perspectiva crítica. Revista USP, São Paulo, mai-out 1997, p. 8-21). CLIO Arqueológica, Recife, v. 12, p. 223-228, 1997.
GUIDON, N.; BUCO, C. & IGNACIO, E. Cadastro de sítios arqueológicos em 2005 Região da Serra da Capivara e Corredor Ecológico Parceria entre IPHAN e FUMDHAM RELATÓRIO. FUMDHAMentos, v. VIII, p. 133-153, 2009.
GUIDON, N.; BUCO, C. & IGNACIO, E. Parque Nacional Serra da Capivara. Cultura, Tecnologia e Desenvolvimento regional lado a lado. Area Domeniu, v. 3, p. 93-107, 2008.
GUIDON, N.; GIKOVATE, F. & PALIS, J. Refletir e questionar. In SMITH, A. (Org.). O jeito brasileiro. Criatividade, o que é, como eles desenvolveram. São Paulo: Saraiva, 2008, p. 249-257.
GUIDON, N.; GUERIN, C.; FAURE, M.; FELICE, G. D.; BUCO, C. & IGNACIO, E. Toca das Moendas, Piauí-Brasil, primeiros resultados das escavações arqueológicas. FUMDHAMentos, v. VIII, p. 70-85, 2009.
GUIDON, N. & LUZ, M. F. Sepultamentos na Toca do Enoque (Serra das Confusões-Piauí) Nota prévia. FUMDHAMentos, v. VIII, p. 115-123, 2009.
GUIDON, N. & PESSIS, A. Grafismo Indígena. In VIDAL, L. (Org.). Grafismo Indígena. São Paulo: Studio Nobel, 1992, p. 37-52.
GUIDON, N.; PESSIS, A. & ÁVILA, G. M. Pesquisas arqueológicas na região do Parque Nacional Serra da Capivara e seu entorno (Piauí, 1998-2008). FUMDHAMentos, v. VIII, p. 1-61, 2009.

Referências

CONVERSA com Bial. Pedro Bial homenageia Niède Guidon. 24 jun. 2019 (41min). Disponível em: https://globoplay.globo.com/v/7716769/. Acesso em: 18 nov. 2022.
COTES, Marcial; ERLER, Daiany Mara; SCHIAVETTI, Alexandre & NASCIMENTO, Juarez Vieira do. O legado de Niède Guidon no semiárido brasileiro: a percepção de condutores de visitantes do Parque Nacional Serra da Capivara. Antípoda. Revista de Antropología y Arqueología, Bogotá, n. 42, p. 179-204, enero-marzo 2021. DOI: https://doi.org/10.7440/antipoda42.2021.08. Disponível em: http://www.scielo.org.co/pdf/antpo/n42/1900-5407-antpo-42-179.pdf. Acesso em 03 jan. 2023.
DRÉVILLON, Elizabeth. Le secret de la roche percée: Niéde Guidon. Le destin d'une aventurière. Paris: Fayard, 2011.
DUARTE, Cristiane Delfina Santos. A mulher original. Produção de sentidos sobre a arqueóloga Niéde Guidon. 242 f. Dissertação (Mestrado em Divulgação Científica e Cultural). Instituto de Estudos da Linguagem, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, SP, 2015.
GAUDÊNCIO, Jéssica da Silva. Niède Guidon: a cientista brasileira responsável pelo tesouro arqueológico nacional. História da Ciência e Ensino. Construindo Interfaces, São Paulo, v. 18 (especial), p. 76-87, 2018. DOI: http://dx.doi.org/10.23925/2178-2911.2018v18i1p76-87. Disponível em: https://revistas.pucsp.br/index.php/hcensino/article/view/36809/26731. Acesso em: 20 nov. 2022.
MARTIN, Gabriela & PESSIS, Anne-Marie. Entrevista: Niède Guidon. Clio Arqueológica, Recife, v. 35, n. 1, p. 1-13, 2020. DOI: https://doi.org/10.51359/clio.v35n1p1-13. Disponível em: https://periodicos.ufpe.br/revistas/clioarqueologica/article/view/246931/35841. Acesso em: 10 nov. 2022.
MARTINS, Adriana Maria Ferreira. 2011. Parque Nacional Serra da Capivara: Patrimônio Cultural da Humanidade. Dissertação (Mestrado). Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC), Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro. Disponível em: https://bibliotecadigital.fgv.br/dspace/handle/10438/9309. Acesso em: 06 jan. 2023.

Link Lattes

Palavras-chaves

Português arqueologia
Português patrimônio arqueológico
Português meio ambiente

Foto Principal

Local de Nascimento

Nascimento

March 12, 1933

Frase

“E como eu gosto muito de mudar, não gosto de sempre a mesma coisa, eu acho que por isso que eu gosto muito da arqueologia. Você nunca sabe o que vai acontecer amanhã (...)”.

Breve Resumo

Estudiosa das teorias sobre a chegada de grupos humanos nas Américas, Niède Guidon teve papel fundamental na criação da área de preservação do Parque Nacional da Serra da Capivara.

Biografia

A trajetória de Niède Guidon é um exemplo de determinação para alcançar o que se acredita. Sim, cientistas também têm suas crenças, sabia? Se olharmos para o caminho percorrido pela pesquisadora, ficam claras suas convicções na construção de uma sociedade mais justa e mais afinada com a natureza e a cultura que a cerca.
Nascida em Jaú (São Paulo), passou a infância em meio a brincadeiras de rua, acompanhada de seu irmão mais velho, Gilberto. Perdeu sua mãe, Cândida, de forma precoce, depois de dar à luz ao irmão mais novo, Cândido Henrique. Mudou-se para Pirajuí, município vizinho a Jaú, depois que seu pai, Ernesto Guidon, se casou novamente. Da segunda união nasceram mais dois irmãos, Ernesto e Antônio.
No início da década de 1950, para cursar o equivalente ao atual Ensino Médio, Niède passava a semana em Campinas, frequentando as aulas, sem, contudo, deixar de aproveitar sua juventude. Após se formar, rumou para a capital do estado, a fim de estudar História Natural na Universidade de São Paulo. Lá trabalhava como secretária durante o dia, frequentava a universidade à noite, ia dançar nas horas vagas e participava de manifestações políticas e culturais. Foi aprovada em um concurso para o magistério e passou a dar aulas sobre temas relacionados às ciências físicas e naturais em um colégio ginasial em Itápolis (São Paulo), onde passou por percalços. Niède e suas colegas seguiam os conteúdos dos currículos educacionais oficinais, nos quais estava previsto o ensino da teoria da evolução. Contudo, alguns habitantes da cidade ficaram insatisfeitos, pois acreditavam no criacionismo, ou seja, que Deus havia criado todas as espécies existentes no planeta. Niède também fez parte do grupo que denunciou o diretor da escola onde trabalhava, porque descobriu-se que ele recebia dinheiro para não reprovar certos alunos. Depois desses episódios, ficou difícil sua permanência na instituição e transferiram-na para o Departamento de Arqueologia do Museu Paulista (MP). Mas Niède não se sentia preparada para trabalhar com algo que não dominava e perguntou a seu chefe onde poderia estudar.
À época havia cursos de Arqueologia apenas no exterior, o que fez com que Niède fosse à embaixada francesa solicitar uma bolsa para estudar em Paris. Com este auxílio, rumou à capital francesa, retornando ao Brasil no início da década de 1960 e assumindo o Departamento de Arqueologia do MP. Em 1963, quando organizava uma exposição sobre as artes rupestres encontradas em Minas Gerais, Niède foi abordada pelo prefeito de Petrolina, que dizia também haver aquele tipo de pintura em sua região. A cientista ficou curiosa e, de férias junto à pesquisadora Silvia Maranca, rumou a São Raimundo Nonato, no estado do Piauí. Devido à quantidade de chuvas naquela região no mês de dezembro, uma ponte no trajeto ficou intransponível. Impossibilitadas de terminar o percurso, as duas cientistas viram-se obrigadas a voltar a São Paulo.
Em 1964, seu cargo comissionado no museu havia sido anulado em vista do golpe civil militar e ela teria que voltar a dar aulas. Assim, pediu demissão como funcionária pública e passou a trabalhar em uma empresa particular. Mas houve uma denúncia contra a pesquisadora e, para não ser presa, voltou a Paris. Lá conviveu com outros intelectuais cujas vidas foram ameaçadas pelos governos militares que se instauraram em seus respectivos países. Niède tornou-se professora na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, cursou o doutorado e aproximou-se da antropóloga francesa Anne Marie Pessis, com quem, anos mais tarde, viria a criar a Fundação do Homem Americano. Antes da queda do governo militar, decidiu voltar ao Brasil e, finalmente, conheceu as pinturas rupestres do Piauí na companhia de outra a pesquisadora, Vilma Chiara. Retornou à França com as fotos das artes e empreendeu esforços para conseguir verba para que fossem estudadas. Foi criada, assim, a Missão Franco-Brasileira, chefiada por uma cientista nacional, Niède Guidon, e com o objetivo de analisar os sítios arqueológicos da região da Serra da Capivara.
Niède voltou ao Brasil em 1973. Ignorando os riscos de ser presa em um dos momentos mais duros do regime militar, a cientista apresentava-se na imigração como cidadã francesa. Rumo a São Raimundo Nonato, partiram Niède, Silva Maranca e a pesquisadora Águeda Vilhena de Morais. Procuraram moradores locais, conhecedores da região, que aceitassem um pagamento para que lhes mostrassem as pinturas. Inicialmente, encontraram 55 sítios e passaram a trabalhar conjuntamente com membros das comunidades da área, trocando conhecimento, mas, sobretudo, aprendendo com essas pessoas. Sim, se não fossem os chamados “mateiros” e “caçadores”, as cientistas da Missão Franco-Brasileira teriam muito mais dificuldade para localizarem as pinturas rupestres – talvez, nem conseguissem. Essa é uma das grandes importâncias de se valorizar os conhecimentos das comunidades tradicionais – nenhum ser humano, cientista ou não, pesquisador ou não, é uma folha em branco. Todos/as nós passamos por experiências que nos deixam algo a ensinar.
Niède e seu grupo passaram por grandes percalços durante o mapeamento desse patrimônio arqueológico. Enfrentaram situações difíceis, como a escassez de água e comida. Entre suas idas e vindas da França para o Brasil, as escavações continuaram, atraindo outros pesquisadores para a região. A riqueza e as características próprias das pinturas encantavam a todos, assim como a região – uma área de formações geológicas peculiares e privilegiada em termos de biomas, pois lá encontram-se Mata Atlântica e Floresta Amazônica. Assim, a missão identificou a urgência em se criar uma área de preservação (AP) na localidade, pois suas riquezas naturais e culturais poderiam ser prejudicadas por formas de exploração indevidas, a exemplo da caça ilegal e do desmatamento.
Em 1979, foi criado, assim, o Parque Nacional da Serra da Capivara, que exigiu muita pesquisa e apoio da sociedade. Esse processo envolveu atividades científicas, administrativas, documentais e intelectuais, que demandaram tempo e o envolvimento de uma equipe de diferentes profissionais. Desse modo, não somente a importância da flora e da fauna locais foram explicitadas nos pedidos de fundação da AP, mas, principalmente, sua importância cultural.
Durante a década de 1980, e em meio às escavações em uma região do Parque, chamada Boqueirão da Pedra Furada, surgiram evidências que culminaram em uma nova teoria, pensada por Niède e sua equipe. Questionando a ideia de que os primeiros grupos humanos teriam chegado às Américas através do estreito de Bering há 15 mil anos, as/os pesquisadoras/es afirmavam que em certos sítios do Boqueirão haviam sido encontrados sinais de atividades humanas datadas de 100 mil anos atrás, pela técnica do Carbono-14. Tais evidências não iam necessariamente contra a teoria do estreito de Bering, mas abriam outras possibilidades, como a de que grupos humanos pudessem ter vindo de África, atravessando o oceano Atlântico. A nova perspectiva foi bastante criticada por diferentes estudiosos da arqueologia, sobretudo, nos Estados Unidos. Com o tempo, o surgimento de novas pistas e estudos conduzidos no México e no Chile que também encontraram datações ligadas a atividades humanas mais antigas, alguns cientistas reviram suas posições. Mas a teoria ainda gera polêmica, algo que é característico e frequente nos diferentes campos científicos.
Ao longo do tempo, o turismo ecológico foi se desenvolvendo no Parque Nacional da Serra da Capivara. Esse é um setor que emprega diversas pessoas, divulga ciência, ensina aspectos importantes da preservação da natureza e envolve as comunidades locais e seus saberes. Contudo, a criação da área de preservação na região gerou certos conflitos, porque, entre outras coisas, ocasionou a desapropriação das moradias de algumas famílias. Temos, assim, uma disputa de interesses que possuem muitos lados e narrativas. É inegável a importância da criação da área de preservação que compõe o Parque Nacional da Serra da Capivara, mas não podemos ignorar que tal processo gerou certas complicações para as pessoas que ali vivem/viviam. Muitas vezes, Niède atuou como mediadora desses conflitos, buscando mitigar as consequências adversas da criação do Parque que atingiram as comunidades locais.
Niède idealizou alguns projetos sociais na região, captando recursos e investimentos que foram aplicados de forma a contemplar a pesquisa, a educação e a cultura. Assim, a partir de equipes multidisciplinares a Fundação do Homem Americano, criada em 1986, e da qual Niède é presidente, desenvolve diferentes atividades na localidade, com o objetivo de engajar a comunidade local na preservação da região e, ao mesmo tempo, auxiliar na garantia de suas formas de sustento.
A localidade foi incluída pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na lista de Patrimônio Mundial da Humanidade e possui mais de 1.000 sítios arqueológicos. Diversos estudos sobre ecologia, turismo e outras áreas científicas mostram que a relação entre a preservação da natureza e da cultura local precisa incluir as comunidades tradicionais, fornecendo os suportes necessários para a adaptação a novas realidades, inserindo-as em atividades socioeconômicas e educacionais que prezem pela conservação da fauna, da flora e do patrimônio cultural. A esse trabalho, realizado no Piauí e que mostra o quanto ciência e sociedade se conectam, Niède Guidon vem se dedicando há mais de 50 anos.

Prêmios e condecorações

<strong>Prêmios/condecorações:</strong>
2014 - Chevalier de la Légion d'Honneur, Governo da França.
2014 - Prêmio Fundação Conrado Wessel (Ciência), Fundação Conrado Wessel.
2014 - Homenagem pela defesa à sustentabilidade, 5º Fórum Mundial do Meio Ambiente.
2010 - Medalha comemorativa dos 60 anos, UNESCO.
2007 - Prêmio Bunge (Antropologia e Arqueologia), Fundação Bunge.
2005 - Faz Diferença, O Globo.
2005 - Ordem do Mérito Científico (Grã-Cruz), Ministério da Ciência e Tecnologia.
2005 - Prêmio Príncipe Claus, Governo da Holanda.
2004 - Cientista do Ano, Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
2002 - Comendador da Ordem do Mérito Cultural, Ministério da Cultura.
2001 - Medalha CAPES 50 Anos, CAPES.
1995 - Cavaleiro da Ordem Nacional do Mérito, Governo da França.
1994 - Oficial da Ordem do Mérito Educativo, Ministério da Educação.

Fotos

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Créditos

Revisão de texto

Date Issued

January 16, 2023

Coleções

A arqueóloga Niède Guidon A arqueóloga Niède Guidon Niède Guidon com uma câmera Niède Guidon em uma escavação Entrevista ao programa “Roda Viva” (data: 29 de setembro de 2014) Entrevista ao programa “Roda Viva” (data: 17 de novembro de 2003)

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