Adolpho Lutz

Item

Nome Completo

Adolpho Lutz

Sobrenome

LUTZ

Nome

Adolpho

Profissão

Médico

Áreas do Conhecimento

Ciências da Saúde

Palavras-chaves

Portuguesa Natureza
Portuguesa Medicina

Foto Principal

Local de Nascimento

Nascimento

December 18, 1855

Falecimento

October 6, 1940

Frase

“Criança ainda, mal transpostos os 5 anos, já resolvera sua vida futura e explicava à progenitora, naturalmente atônita, que ia dedicar sua vida inteira ao estudo da natureza”, escreve Bertha sobre o pai, Adolpho Lutz.

Breve Resumo

Adolfo Lutz foi um médico e cientista brasileiro, pai da medicina tropical e da zoologia médica no Brasil. Pioneiro na área de epidemiologia e na pesquisa de doenças infecciosas

Biografia

Gustav Lutz (comerciante) e sua esposa Mathilde Oberteuffer, oriundos de famílias tradicionais de Berna (Suíça) - desde o século XVI vinculadas à corporação de ofício dos carpinteiros, com direito de votar e portar armas; seu pai Friedrich Bernard Jacob Lutz (1785-1861), avô de Lutz, destacou-se na medicina suíça, tendo chefiado o serviço médico do exército da Confederação Helvética durante cerca de 20 anos - a família Lutz emigrou para o Brasil em 1849. Fixaram-se no bairro de Botafogo (Rio de Janeiro), onde Mathilde fundou o Colégio Suíço-Brasileiro (sem ligação com a atual Escola Suíço-Brasileira). Seus filhos foram Adolfo Lutz, Willian Robert Lutz; Helena Lutz, Luce e Maria Elisabeth Lutz Warnstorff. Em 1857, decidiram retornar a Berna, talvez motivados pela insalubridade do Rio de Janeiro, em consequência dos surtos de febre amarela e epidemia de cólera (1855). O carioca Adolpho tinha dois anos quando foi conhecer a terra onde nasceram seus pais.

Adolfo estudou medicina na Universidade de Berna (Suíça), graduando-se em 1879. Na sequência, estudou técnicas de medicina experimental em vários centros médicos de Londres [contemporâneo de Joseph Lister]; Lípsia; Viena; Praga e Paris, cidade onde estudou com Louis Pasteur. Por opção, retornou ao Brasil aos 26 anos em 1881 quando completou os estudos, para atuar em saúde pública, instalando-se em Limeira - SP, por seis anos. Como clínico atendia à população carente, numa época de grande infestação de febres amarela e tifóide, além de cólera, malária e tuberculose.

Casou-se com a inglesa Amy Marie Gertrude Fowler, gerando os filhos: Bertha Lutz (brasileira), Guálter Adolfo Lutz (brasileiro) e Laura Bertha Lutz (suiça).

Viajava frequentemente à Europa para acompanhar as novidades dos centros científicos, trazendo-as para o Brasil Imperial. Pesquisou em Hamburgo (Alemanha), as causas da lepra, com o professor Paul Gerson Unna, especializando-se em doenças infecciosas e em medicina tropical. Como boa parte da população do Havaí fora dizimada em 1889, por essa enfermidade, Lutz instalou-se em Honolulu entre 1889/90 e 1892/93 até a erradicação da doença. Nessa época, assumiu a direção do Hospital Khalili, na ilha de Molokai. Depois disso, trabalhou na Califórnia- (Estados Unidos), antes de retornar ao Brasil em 1892, a convite do governador de São Paulo para dirigir nos anos de 1893 a 1908, o recém criado Instituto de Bacteriologia, seguindo o modelo de laboratório de saúde pública. do Instituto Pasteur de Paris, Lutz atuava nas atividades laboratoriais e nas “missões científicas”, com trabalhos de campo para a elucidação da epidemiologia de doenças emergentes ou crônicas, como: febre amarela, cólera, peste e das “febres paulistas''.

Ocorreu em Santos - SP uma severa epidemia de peste bubônica, onde Adolfo juntou-se a outros dois jovens médicos, Emílio Ribas e Vital Brazil na tentativa de estudar e erradicar a doença. Com o sanitarista Ribas, desenvolveu experimentos pioneiros, tornando-se o primeiro cientista latino-americano a estudar e confirmar os mecanismos de transmissão vetorial da febre amarela pelo mosquito Aedes aegypti. Sendo amigo de Vital Brazil, apoiou as pesquisas pioneiras sobre antídotos para picadas de cobra, cujo marco foi a criação do Instituto Butantan, em São Paulo. Protagonizou, também, medidas de saúde pública relativas ao controle dos surtos de febre amarela em São Paulo, com o uso de produtos químicos: pó de enxofre e fumaça de pó de piretro e para combater as larvas, usava querosene e essência de terebintina, nas águas paradas.

Adolfo foi o responsável pela observação e identificação, pela primeira vez no Brasil em 1908, da Blastomicose Sul-Americana, também conhecida como Paracoccidioidomicose, Blastomicose brasileira ou moléstia de Lutz, que acomete o pulmão, originando manifestações clínicas de lesões da mucosa oral, faringe e laringe, principalmente na língua as quais podem simular carcinoma.

Dedicava-se com afinco à saúde pública desenvolvendo pesquisas sobre várias epidemias como a cólera, peste bubônica, febre tifóide, malária, ancilostomíase, esquistossomose e leishmaniose, em diversas regiões brasileiras, fez expedições pela região do rio São Francisco e ao Nordeste, e pelas florestas serranas do estado de São Paulo. Reconhecido pela forma de contextualizar seus escritos com dados históricos “Dou em seguida uma relação das observações e dos estudos que tive ocasião de fazer no estado do Pará… Principiarei o meu estudo com alguns dados históricos e geográficos … em Marajó, que é hoje considerada como foco principal da peste das cadeiras, essa epizootia não tem reinado sempre. Sabe-se que antes de 1828, os cavalos em toda a ilha existiam em número enorme, o que claramente indica não ter existido a peste naquela ocasião…”

Impressionava o estilo de narrativa do texto, próximo ao literário, conforme registro da viagem ao vale do rio São Francisco: “Quando se iniciou nossa viagem (este percurso ele fez com o colega Astrogildo Machado), a estação da seca já estava bem estabelecida. Não houve chuvas durante todo o tempo da excursão, apenas uma ou duas exceções. Em conseqüência disso as margens do rio tornaram-se cada vez mais áridas, até que, chegados a Juazeiro, encontramos os arrabaldes com aspecto que lembrava o deserto, por estar toda a vegetação queimada pelo sol e muitas árvores sem folhas.” Detalhou a fauna local assim “…Na mesma proporção diminuiu a vida dos insetos e outros pequenos animais. Disso ressentiram-se as coleções, porque as zonas percorridas, em estação mais favorável, sem dúvida, teriam sido mais ricas, posto que se trate de região relativamente pobre.”

Em decorrência de uma polêmica na cidade de São Paulo, Adolfo Lutz afirmava que a tuberculose bovina, através do leite da vaca, poderia ser transmitida aos humanos, sendo ridicularizado por médicos que apoiavam os interesses comerciais dos pecuaristas. Tinha tanta razão que a pasteurização do leite é requisito ao consumo humano - este fato ocasionou a aposentadoria em 1908 , aos(53 anos e mudança para o Rio de janeiro, a convite de Oswaldo Cruz, para assumir um setorial do Instituto Soroterápico Federal de Manguinhos, posteriormente denominado Instituto Oswaldo Cruz, onde permaneceu pesquisando sobre entomologia médica, helmintologia e zoologia aplicadas à medicina tropical, por 32 anos até sua morte, ocorrida em 06/11/1940, em decorrência de uma pneumonia. Neste mesmo ano, em reconhecimento a ele, renomearam o Instituto Bacteriológico de São Paulo, para Instituto Adolpho Lutz.

Ainda, foi pioneiro na Entomologia Médica e nas propriedades terapêuticas de plantas brasileiras. Como zoologista descreveu várias novas espécies de anfíbios e insetos, como o mosquito Anopheles lutzii. Adolfo Lutz deixou registros de diversos trabalhos sobre entomologia médica, protozoologia e micologia, sendo muitos publicizados post mortem.

Ele era de uma compaixão inesgotável diante do sofrimento humano. Sua morte influenciou profundamente Bertha Lutz (1894-1976), zoóloga e pioneira na luta pelo direito de voto das brasileiras. “Somente a natureza e os interesses que tínhamos em comum faziam-me viver”, escreveu ela, que se dedicou a divulgar o notável legado científico do pai.

Prêmios e condecorações

Em 1940, O Instituto Bacteriológico de São Paulo passa a se chamar Instituto Adolpho Lutz;

Em 1953, criou-se uma Comissão para tratar da comemoração do centenário de Adolpho Lutz, cujo objetivo era entre outros, apresentar a biografia completa dele, oportunizar a reimpressão de trabalhos mais importantes e de difícil acesso; disponibilizar obras completas microfilmadas alocadas em cinco grandes Institutos brasileiros; publicar o álbum sobre fauna anura brasileira, iniciado por lutz e finalizado pela filha dele, Bertha Lutz; cunhar medalhas e impressão de um selo postal com efígie do cientista; colocação defronte ao Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, de um busto em homenagem ao cientista;

Em 1954, Fernando Cerqueira Lemos publicou na Revista do Instituto Adolfo Lutz, um artigo sobre as atividades do Instituto Bacteriológico entre 1892 a 1940. Neste mesmo ano, concomitantemente aconteceu: i) impressão de selo postal com a efígie de Adolpho Lutz; ii) microfilmagem das obras dele pertencentes ao acervo dos institutos Adolfo Lutz e Oswaldo Cruz, utilizando-se de conjuntos impressos, depositados em papel fotográfico (1954). Como curiosidade, este material encadernado em couro, em vários volumes, como os rolos de microfilme que serviram de matrizes para as cópias em papel, foram arquivados no Instituto Adolfo Lutz;

Em 1955, ano da inauguração oficial do centenário, ocorreram os seguintes eventos: a) publicação de opúsculo com biografia mais completa, sobre Adolpho Lutz (1855-1940): vida e obra do grande cientista brasileiro (1956); b) publicação na Revista do Instituto Adolfo Lutz, v. 15, n. único, do compêndio contendo dez artigos com dados biográficos de Lutz enquanto entomologista, constando estudos sobre protozoologia, bacteriologia, micologia, helmintologia, zoologia e medicina veterinária, além disso, também contemplou as ações dele como sanitarista; c) Publicação de Estudios de zoologia y parasitologia venezolanas, com trabalhos que Lutz desenvolveu na Universidad Central de Venezuela; d) exposição temporária sobre sua obra de sanitarista, no Palácio de Saúde Pública (São Paulo);

Ainda nesse ano, realizaram-se também sessões solenes em vários estados, no Rio de Janeiro: - Academia Brasileira de Ciências; Academia Nacional de Medicina; Sociedade de Biologia; Sociedade de História da Medicina; em São Paulo, houve sessão conjunta entre Academia Paulista de Medicina e a Associação Paulista de Medicina; em Minas Gerais, a solenidade aconteceu na Associação Médica Mineira;

Em 1956, no Museu Nacional em sessão solene presidida pelo Ministro da Saúde Maurício Campos de Medeiros, foi inaugurada uma exposição que foi a culminância e o encerramento das homenagens prestadas pelo centenário desse ilustre cientista.

Em 1960, houve a inauguração do busto do cientista em decorrência das comemorações do Jubileu de Prata do Instituto Adolfo Lutz;

Em 2005, a Fundação Oswaldo Cruz, numa iniciativa conjunta entre a Casa de Oswaldo Cruz (COC), a Editora Fiocruz, o Museu Nacional e o Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação em Ciência da Saúde (Bireme), e apoiado por diversas entidades, por parlamentares, pelo Ministério da Cultura e das Centrais Elétricas Brasileiras S. A. (Eletrobrás), disponibilizou para os internautas o site Biblioteca Virtual de Saúde Adolpho Lutz (BVS) - que apresenta a trajetória do médico e cientista brasileiro e onde são apresentados seus trabalhos na área de medicina e pesquisa científica

Em 2010, o Ministro da Saúde, José Gomes Temporão, compareceu no dia 21 de dezembro, ao Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) para nomear a Sala Adolpho Lutz, numa homenagem póstuma, sete décadas após sua morte;

Em 2017, foi nomeada a espécie de perereca Aplastodiscus lutzorum, em homenagem a Lutz.

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Date Issued

January 20, 2022

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