Alerta que salva vidas: o sistema de prevenção de desastres no Brasil

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Alerta que salva vidas: o sistema de prevenção de desastres no Brasil

Título original da pesquisa

Sistemas de alertas de risco de desastres: panorama atual e desafios para sua consolidação no contexto brasileiro

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Resumo

A pesquisa do Cemaden analisou como funcionam os sistemas de alerta para desastres naturais no Brasil, como enchentes e deslizamentos, destacou avanços técnicos e científicos, mas também mostrou os desafios na comunicação e articulação entre instituições. A proposta é tornar o sistema mais participativo e eficaz, ajudando a salvar vidas com alertas mais rápidos e compreensíveis. Afinal, quando o risco é alto, cada segundo importa.

Tipo

Artigo de periódico

O que é a pesquisa?

Você já parou para pensar se aquela tempestade forte que caiu na sua cidade poderia ter sido prevista com antecedência? E se alguém avisasse que o rio subiria, que o morro poderia deslizar? Pois é exatamente essa a missão do trabalho realizado pelo Cemaden – o Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais. Em um país como o Brasil, onde chuvas intensas podem causar enchentes e deslizamentos, prever esses eventos pode significar evitar desastres e, até mesmo, salvar muitas vidas.

A pesquisa desenvolvida por uma equipe de especialistas do Cemaden: Silvia Midori Saito, Márcio Roberto Andrade, Carla Prieto e Graziela Scofield, analisou como funcionam os sistemas de alerta no Brasil, os avanços que já tivemos e o que ainda precisa ser feito para tornar esses sistemas mais eficazes.

Entre outubro de 2021 e junho de 2022, tragédias causadas por chuvas fortes mostraram que, mesmo com alertas sendo emitidos, ainda enfrentamos dificuldades para lidar com esses fatores. Com essa pesquisa, cujo foco está nos desastres mais comuns ligados à água, como enchentes, enxurradas e deslizamentos de terra, buscou-se entender a melhor forma de prever e comunicar esses danos.

Para melhor compreensão da pesquisa é preciso, antes, entender o funcionamento do Sistema de Alerta atualmente. O trabalho feito por profissionais que ficam de plantão 24 horas por dia, 7 dias por semana, na “Sala de Situação do Cemaden” começa com a observação constante do tempo e do solo. São meteorologistas, hidrólogos, geólogos e outros especialistas que analisam os dados em tempo real: a quantidade de chuva, o nível dos rios e se há risco de deslizamento. Para isso, o Cemaden instalou diversos equipamentos espalhados pelo Brasil, tais como: estações de medição de chuva e sensores de nível dos rios. Também são utilizadas imagens de radar, satélites e modelos matemáticos para prever o que pode acontecer nas próximas horas ou dias.
Quando os dados indicam perigo, os alertas são enviados às defesas civis municipais e estaduais. Esses alertas são baseados em históricos de desastres, mapas de risco e modelos que associam a quantidade de chuva ao risco de deslizamentos e à previsão meteorológica, por exemplo.

Como é feita a pesquisa?

No levantamento realizado pelos pesquisadores, foram observadas três dimensões sobre a realidade dos Sistemas de Alertas: técnica, científica e social-institucional.
Com relação à dimensão técnica, os pesquisadores apontaram melhorias, como a aquisição de novos equipamentos, especialmente em 2013, bem como parcerias com outras instituições para o uso de radares, fornecimento de boletins de monitoramento, além do uso de inteligência artificial, que ajuda a prever com mais rapidez e precisão. Ainda assim, há muitos desafios como: a grande demanda nacional, na qual há uma restrição metodológica que suporta o atendimento a poucos municípios; alta dependência de obtenção de dados em tempo real; bem como a manutenção periódica de equipamentos funcionando, frente aos vandalismos e furtos observados.
Na dimensão científica também foram identificados avanços ao longo dos anos. Contudo, sobressaltam desafios a serem superados, como, por exemplo: desenvolvimento de novos protótipos de sensores; integração técnico-científica multidisciplinar; aumento na quantidade de laboratórios de processamento de dados; ampliar a quantidade de linhas de pesquisa e fomento para a área; avaliação de risco específico para cenários mais vulneráveis; bem como aumento no fomento para melhorar a comunicação e aproximação com a população (como abertura de museus de desastres nacionais), dentre outros.
Na dimensão social e institucional, os pesquisadores ressaltaram a necessidade de um trabalho articulado com diferentes instituições. Neste sentido, houve avanços em parceiras firmadas entre o Cemaden e a Agência Japonesa de Cooperação Internacional, nas quais foram aprimorados métodos e ferramentas e onde os participantes, de forma proativa e independentes, tiveram autonomia para fazer a gestão territorial. Porém, apesar disso, ainda cabem avanços na articulação entre União, Estados e municípios; bem como a construção de um sistema participativo de alertas, na qual haja uma abordagem centrada nas pessoas, para que estas tenham conhecimento dos riscos, do monitoramento, disseminação , comunicação e preparação para lidar com os desastres.

Qual a importância da pesquisa?

Talvez você nunca tenha recebido um alerta do Cemaden, mas no caso de quem mora em uma área de risco, pode ser um grande diferencial entre a vida e a morte. A importância dessa pesquisa representa um passo essencial para que se crie uma cultura de prevenção no Brasil.
Em um país marcado por desigualdades e ocupações urbanas desordenadas, muitas pessoas vivem em áreas de risco sem nem saber. Ter um sistema de alerta eficaz significa não só identificar o perigo, mas também preparar a população para reagir em tempo hábil. Isso só é possível com informação confiável, boa comunicação e educação.
A pesquisa mostrou que não basta ter tecnologia — é preciso articulação entre governos, universidades, defesa civil, mídia e sociedade. Todos devem trabalhar juntos para que o alerta chegue a tempo, seja compreendido e respeitado. Um alerta bem emitido e atendido pode evitar perdas humanas, prejuízos econômicos e traumas que marcam comunidades por anos.
Por isso, os pesquisadores também defendem que o sistema seja participativo: com escolas ensinando sobre riscos climáticos, moradores ajudando a monitorar a chuva e os governos investindo na prevenção.
Construir um sistema de alertas eficaz é uma tarefa urgente. E a pesquisa do Cemaden mostrou que estamos no caminho certo — mas ainda temos muito a avançar, pois quando se trata de desastres naturais, cada minuto conta.

Imagens da pesquisa

Área do Conhecimento

Ciências Exatas e da Terra

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Português desastres ambientais
Português desastres naturais
Português monitoramento ambiental

ODS

ODS 15: Vida Terrestre

Referência da Pesquisa Original

Link da pesquisa original

Data da publicação do texto de divulgação

June 24, 2025

Como citar este texto

Mendonça (2025)

Coleções

Capa Figura 1 - Curso PIRD (Pesquisa Integrada em Risco de Desastres), 2022, São José dos Campos, SP Figura 2 - Oficina no Seminário Catarinense de Avaliação de Alertas, 2018, Palhoça, SC Figura 3 - Trabalho de campo em Campos do Jordão, SP, 2022 Figura 4 - Oficina de pluviômetro pet, 2022, São José dos Campos, SP