Biologia floral de espécie Podostemaeae e a reprodução de Weddellina squamulosa

First report of osmophores and wet stigma in Podostemaceae with notes on floral biology and pollination of Weddellina squamulosa Tul

Abrão Rodrigues Neto

Iolanda Galvêas Fonseca de Oliveira

Inara Carolina da Silva Batista

Filipe Gomes Cardoso Machado da Costa

Tamires Silva de Assunção

Cristiana Koschnitzke

Ricardo Cardoso Vieira

Claudia Petean Bove

Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Este estudo aborda a reprodução e polinização de plantas da família Podostemaceae, especialmente da Weddellina squamulosa, encontrada no cerrado brasileiro. Foram analisadas suas flores, brotos e estratégias, como autopolinização e cruzada, para entender como elas sobrevivem em ambientes difíceis. A pesquisa combinou trabalho de campo e laboratório, trazendo descobertas importantes sobre a biologia, anatomia e conservação dessas plantas tão peculiares.

Artigo de periódico

A pesquisa abordou as relações entre as flores, seus polinizadores e a compreensão dos processos de reprodução que ocorrem em cachoeiras e corredeiras. de algumas espécies de Podostemaceae, uma classe de plantas com flores O estudo levantou, igualmente, as hipóteses de sobre como as características reprodutivas dessas plantas evoluíram ao longo do tempo. Tomou-se como exemplo as técnicas de polinização, autopolinização e também levantou-se a questão de se elas poderiam ser usadas para identificar as espécies da classe (taxonomia), cujas famílias apresentam flores peculiares aos olhos de leigos e a Weddellina squamulosa, grupo estudado neste artigo, é a que mais se assemelha à planta flor (angiosperma), por apresentar dois tipos de brotos que surgem de raízes em forma de fita: conhecido como brotos vegetativos ramificados e brotos férteis não ramificados que têm algumas folhas escamosas e uma única flor terminal. No Brasil, esse tipo de planta pode ser encontrada no Norte (Amazonas, Amapá, Pará, Rondônia, Tocantins), Nordeste (Bahia) e Centro-Oeste (Goiás, Mato Grosso). A população objeto deste estudo está localizada no cerrado, especificamente, no Parque Nacional Chapada dos Veadeiros, Goiás.

A Weddellina apresenta flores solitárias, divididas em várias partes iguais (simetria radical), cinco ou mais componentes florais (tépalas) em formato de espátulas, cinco ou mais órgãos masculinos das flores responsáveis pela reprodução de órgão de pólen (estames) e uma estrutura foliar modificada dentro da flor (estigma globoso), onde a semente é formada. A espécie tem fragrância floral e muitas flores pequenas, cor-de-rosa, lilás ou brancas, que podem ser polinizadas por abelhas e o ciclo reprodutivo da flor pode durar entre quatro e cinco horas.

Para realização deste estudo, os pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), utilizaram uma metodologia do tipo clássica que buscou compreender a relação entre biologia floral (estudo do tempo de duração das flores ou antese; mudanças de cor das sépalas (este nome é dado quando não se sabe diferenciar as pétalas e sépalas) e outras estruturas florais, nas observações de campo feitas em Colinas do Sul, Goiás,,às margens do rio São Miguel, Chapada dos veadeiros. Todos os materiais coletados para as análises foram guardados no Herbário do Museu Nacional da UFRJ, e como a Weddellina tem brotos vegetativos muito ramificados e interconectados por uma rede de raízes em forma de fita, esses brotos foram selecionados fixados em uma rocha, e cada rocha coberta por plantas foi considerada um elemento de análise.

Os pesquisadores delimitaram, para essa pesquisa, uma área de aproximadamente 10m2, a apropriação do espaço consolidou-se com total abrangência e permitiu a escolha aleatória de 15 elementos da população para servirem de análises e obtenção dos resultados. Inicialmente, foram estabelecidos como parâmetros: a abertura das flores, o afastamento das tèpalas (antese) e a visibilidade dos estames. As flores recém-abertas, ou seja, aquelas que abriram e demoraram até uma hora para se fechar também foram coletadas, preservadas em etanol e dissecadas em um microscópio de ampliação baixa. Além disso, as flores frescas de cinco elementos foram analisadas com lupas manuais para verificar a ocorrência de autopolinização, em seguida, os órgãos florais foram medidos com um paquímetro digital. Os brotos de alguns elementos foram mantidos em etanol para determinar o número de grãos de pólen e óvulos, no entanto, para alcançar o número de grão de pólen por broto (pré-abertura da flor), os órgãos responsáveis pela reprodução (anteras) foram coletados, transferidos para tubos e homogeneizados em uma vareta de vidro contendo glicerina. Ademais, foram realizadas observações focais nas plantas de maneira separada durante 720 minutos a fim de entender o comportamento e posterior identificação das flores recém-brotadas. E na sequência, foram verificados não só o comportamento dos insetos durante o surgimento das flores bem como as técnicas de anatomia, quais sejam: a fixação das flores em campo para posterior tratamento e a observação das estruturas florais em microscópio óptico, com o intuito de efetuar avaliação detalhada das tépalas.

As análises e a descrição das principais características florais da espécie Weddeliana, como por exemplo, a estrutura floral colorida, o surgimento dos brotos, a cápsula floral que protege os órgãos de reprodução das flores (Perigonia), o gineceu (a parte feminina que produz óvulos), os estames (parte masculina que produz grãos de pólen) os processos de abertura e fechamento das flores (antese), a polinização/autopolinização, a emissão de aromas e odores associados à atração floral, a fixação do pólen que permite o início da brota do tubo de pólen dentre outras, reforçam a ideia de complementar algumas observações realizadas no campo da biologia floral com as desenvolvidas no campo de anatomia e vice-versa, pois, isso é muito interessante, uma vez que fica clara a necessidade de uma análise mais completa para melhor entendimento acerca do funcionamento da biologia da planta. Os principais resultados mostram a mudança das flores durante o tempo em que estão abertas e como isso pode afetar o surgimento das abelhas polinizadores. A pesquisa trouxe novas perspectivas para a reprodução e anatomia dessas espécies, ao determinar quais mudanças ocorrem nas flores durante o tempo em que elas estão abertas e como isso pode influenciar a visita das abelhas. Além da estratégia de autopolinização para garantir a produção de sementes caso haja algum problema na polinização cruzada, , entender os mecanismos da reprodução é um ponto importante para a conservação da espécie. Como as Podostemaceae ocorrem em um local extremamente estressante isso pode afastar os polinizadores e interferir na sua reprodução. Entretanto, as plantas desta família utilizam a autopolinização para garantir a produção de sementes.

A pesquisa apresentou resultados relevantes e esclarecedores a respeito da compreensão do sistema reprodutivo e algumas manifestações de vida das espécies florais Weddellina squamulosa. As análises dos dados obtidos permitiram identificar e determinar variedades de características florais, estabelecer relações entre as flores e o principal agente polinizador, o que também possibilitou a elaboração do primeiro relatório sobre a presença e a estrutura de osmóforos (uma glândula produtora de substâncias voláteis que exalam aromas florais) e liberam estimas úmidas para Podostemaceae. O estudo sugeriu reflexões e novas perspectivas de pesquisa em relação à biologia floral e à anatomia dessas classes.

As análises e observações mostraram ainda que a Weddellina squamulosa apresenta diversos atributos que facilitam a polinização espontânea ou natural e polinização direta, isto é, quando o grão do pólen cai sobre o estame da mesma flor, além de oferecer uma oportunidade que permita aos grãos de pólen serem transferidos da parte masculina (anteras) de uma flor para a parte feminina (estigma) de outra flor, de um mesmo indivíduo ou de outro, ou seja, a polinização cruzada. As observações também enfatizaram a relevância de análises estruturais e histoquímicas utilizando teste NR para verificar a existência de células putativas, especialmente em Podostemaceae.

Ciências Biológicas

Português flora

Português reprodução vegetal

Português polinização

Português ecossistemas de cerrado

ODS 15: Vida Terrestre

BATISTA, Inara Carolina da Silva; COSTA, Filipe Gomes Cardoso Machado da; ASSUNÇÃO, Tamires Silva de; KOSCHNITZKE, Cristiana; VIEIRA, Ricardo Cardoso; BOVE, Claudia Petean. First report of osmophores and wet stigma in Podostemaceae with notes on floral biology and pollination of Weddellina squamulosa Tul. <strong>Flora</strong>, [S.L.], v. 278, p. 151799, maio 2021. Elsevier BV. http://dx.doi.org/10.1016/j.flora.2021.151799.

January 2025

Rodrigues Neto (2025)