A Libras como idioma escrito: usando a escrita de sinais SignWriting para a tradução de sistemas
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Título para divulgação do texto
A Libras como idioma escrito: usando a escrita de sinais SignWriting para a tradução de sistemas
Título original da pesquisa
Tradução para Libras Escrita: relatos sobre o processo de tradução e implementação do SignWriting em um sistema de revistas científicas para surdos
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Autor do texto de divulgação
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Autores do texto original
Fonte(s) Financiadora(s)
Resumo
Esta pesquisa buscou com a ajuda da Escrita de Sinais (SignWriting) construir um modelo para tradução da interface do Open Journal Systems (OJS), para utilização de usuários surdos.
Tipo
Projeto de pesquisa
O que é a pesquisa?
Pode-se dizer que a surdez é uma condição que impede a pessoa de interpretar sons por meio da percepção auditiva. Nessa situação, cabe mencionar que nem toda pessoa surda é igual. Há surdos que ensurdecem ao longo da vida, tendo contato e maior familiaridade com a língua oral – no caso brasileiro, o português. Para essas pessoas, a leitura do texto escrito em língua oral é familiar, cada letra ou sílaba remete aos sons aprendidos e memorizados enquanto a pessoa era ouvinte. Em outro extremo do espectro de existência dos surdos, há pessoas que ficaram surdas antes de terem contato e aprenderem uma língua oral. Entre esses casos, há aqueles onde a surdez foi provocada por fatores genéticos, ocorridos antes do nascimento, ou logo nos primeiros momentos da infância.
Nesse contexto, a aprendizagem ou aquisição da linguagem pode ser vista como um momento, ou período chave no desenvolvimento cognitivo do ser humano. Assim, pessoas nascidas surdas tendem a ter uma identidade surda, em que as línguas de sinais tornam-se um meio natural para a comunicação, denominadas línguas maternas.
Partindo dessa perspectiva, um projeto coordenado por Ronnie Fagundes de Brito, pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), desenvolveu um estudo que buscou utilizar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) no contexto de editoração científica de revistas.
Assim, a pesquisa construiu um modelo para tradução da interface de um software de editoração, o Open Journal Systems (OJS), para usuários surdos. A tradução utilizou a Escrita de Sinais (SignWriting), que possui representações na forma escrita e na forma real dos sinais (Figura 1).
O projeto contou com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (Fundep).
Nesse contexto, a aprendizagem ou aquisição da linguagem pode ser vista como um momento, ou período chave no desenvolvimento cognitivo do ser humano. Assim, pessoas nascidas surdas tendem a ter uma identidade surda, em que as línguas de sinais tornam-se um meio natural para a comunicação, denominadas línguas maternas.
Partindo dessa perspectiva, um projeto coordenado por Ronnie Fagundes de Brito, pesquisador do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), desenvolveu um estudo que buscou utilizar a Língua Brasileira de Sinais (Libras) no contexto de editoração científica de revistas.
Assim, a pesquisa construiu um modelo para tradução da interface de um software de editoração, o Open Journal Systems (OJS), para usuários surdos. A tradução utilizou a Escrita de Sinais (SignWriting), que possui representações na forma escrita e na forma real dos sinais (Figura 1).
O projeto contou com o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Apoio da Universidade Federal de Minas Gerais (Fundep).
Como é feita a pesquisa?
Com o objetivo de promover a acessibilidade aos surdos na web, o “SignWriting” foi aplicado na tradução do Open Journal Systems (OJS), um software que oferece um sistema para a editoração de revistas científicas. Esse software é amplamente usado por diversas revistas científicas brasileiras.
A tradução do software foi feita a partir de duas frentes: uma linguística, responsável pela tradução em si, e outra de desenvolvimento tecnológico, que buscou adequar as ferramentas de tradução às especificidades do uso da modalidade escrita dos sinais. Ou seja, além da tradução dos termos, também foi realizado um trabalho técnico de adaptação das ferramentas às características próprias da Libras. Essa etapa é muito importante porque a Libras possui algumas particularidades.
Os responsáveis pela tradução utilizaram para o gerenciamento do processo Weblate, um programa que permite a tradução de cada termo/frase apresentada na interface do sistema do OJS. Os principais termos traduzidos foram incorporados a um glossário (Figura 2), que também traz um vídeo com os sinais correspondentes e outro explicativo, ambos em Libras. Além disso, é apresentada uma explicação em português.
Por sua vez, a equipe de tecnologia desenvolveu e ajustou ferramentas a fim de apoiar tanto a tradução dos termos utilizados, quanto a sua apresentação nas páginas da web. Foram aplicados recursos de programação que permitiram a tradução, composição e visualização, nessas páginas, por meio dos sinais escritos.
Após realizada a tradução da interface do sistema, foram feitos testes para verificar se a tradução era compreendida e se a acessibilidade correspondia às expectativas dos usuários.
A partir desse ensaio, foi possível identificar e se fazer os ajustes necessários para que tanto a ferramenta quanto a comunicação fossem efetivas e de fácil acesso e compreensão para os surdos.
A tradução do software foi feita a partir de duas frentes: uma linguística, responsável pela tradução em si, e outra de desenvolvimento tecnológico, que buscou adequar as ferramentas de tradução às especificidades do uso da modalidade escrita dos sinais. Ou seja, além da tradução dos termos, também foi realizado um trabalho técnico de adaptação das ferramentas às características próprias da Libras. Essa etapa é muito importante porque a Libras possui algumas particularidades.
Os responsáveis pela tradução utilizaram para o gerenciamento do processo Weblate, um programa que permite a tradução de cada termo/frase apresentada na interface do sistema do OJS. Os principais termos traduzidos foram incorporados a um glossário (Figura 2), que também traz um vídeo com os sinais correspondentes e outro explicativo, ambos em Libras. Além disso, é apresentada uma explicação em português.
Por sua vez, a equipe de tecnologia desenvolveu e ajustou ferramentas a fim de apoiar tanto a tradução dos termos utilizados, quanto a sua apresentação nas páginas da web. Foram aplicados recursos de programação que permitiram a tradução, composição e visualização, nessas páginas, por meio dos sinais escritos.
Após realizada a tradução da interface do sistema, foram feitos testes para verificar se a tradução era compreendida e se a acessibilidade correspondia às expectativas dos usuários.
A partir desse ensaio, foi possível identificar e se fazer os ajustes necessários para que tanto a ferramenta quanto a comunicação fossem efetivas e de fácil acesso e compreensão para os surdos.
Qual a importância da pesquisa?
Oferecer um sistema como o OJS traduzido em Libras para a comunidade de surdos brasileiros é um passo importante, porque possibilita e facilita a acessibilidade, a esse referido público, aos conteúdos e às pesquisas científicas.
Percebe-se que entre os surdos pré-linguísticos o “SignWriting” é o que apresenta mais aplicabilidade, permitindo, além do acesso aos conteúdos e submissões científicos, uma forma de expressão escrita da cultura surda por meio da Libras (Figura 3). Cabe ressaltar, que o “SignWriting” tem sido usado também, de forma efetiva, como apoio ao processo de alfabetização de surdos em sua língua materna, a Libras. Com isso, a alfabetização de surdos em outras línguas, como o português, também é facilitada.
Outro aspecto positivo da pesquisa é que a metodologia desenvolvida para aplicação no OJS pode ser estendida a outros sistemas. Os mecanismos de tradução weblate, adaptados ao “SignWriting”, permitem o gerenciamento de projetos de tradução de outros softwares.
O registro da Libras na forma escrita, também faculta um meio de padronização dos sinais e a sua relação com regionalismos, através de um glossário. Além disso, a evolução do sistema “SignWriting”, especificamente, a possibilidade de sua inserção na web, permite que as línguas de sinais em sua forma escrita possam ser utilizadas de forma mais ampla nesse ambiente.
Por fim, a pesquisa criou ferramentas que incentivam e ampliam as possibilidades de publicação de conteúdos científicos em Libras e a realização de buscas baseadas em termos das Línguas de Sinais. Isso aumenta a presença e promove a expressão da cultura surda na internet e em redes sociais. Os resultados do estudo foram publicados no livro “Tradução para Libras escrita: relatos sobre o processo de tradução e implementação do SignWriting em um sistema de revistas científicas para surdos”.
Percebe-se que entre os surdos pré-linguísticos o “SignWriting” é o que apresenta mais aplicabilidade, permitindo, além do acesso aos conteúdos e submissões científicos, uma forma de expressão escrita da cultura surda por meio da Libras (Figura 3). Cabe ressaltar, que o “SignWriting” tem sido usado também, de forma efetiva, como apoio ao processo de alfabetização de surdos em sua língua materna, a Libras. Com isso, a alfabetização de surdos em outras línguas, como o português, também é facilitada.
Outro aspecto positivo da pesquisa é que a metodologia desenvolvida para aplicação no OJS pode ser estendida a outros sistemas. Os mecanismos de tradução weblate, adaptados ao “SignWriting”, permitem o gerenciamento de projetos de tradução de outros softwares.
O registro da Libras na forma escrita, também faculta um meio de padronização dos sinais e a sua relação com regionalismos, através de um glossário. Além disso, a evolução do sistema “SignWriting”, especificamente, a possibilidade de sua inserção na web, permite que as línguas de sinais em sua forma escrita possam ser utilizadas de forma mais ampla nesse ambiente.
Por fim, a pesquisa criou ferramentas que incentivam e ampliam as possibilidades de publicação de conteúdos científicos em Libras e a realização de buscas baseadas em termos das Línguas de Sinais. Isso aumenta a presença e promove a expressão da cultura surda na internet e em redes sociais. Os resultados do estudo foram publicados no livro “Tradução para Libras escrita: relatos sobre o processo de tradução e implementação do SignWriting em um sistema de revistas científicas para surdos”.
Área do Conhecimento
Ciências Sociais Aplicadas
Linguística, Letras e Artes
Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras
Português
língua brasileira de sinais
Português
periódicos científicos
Português
escrita (linguística)
ODS
ODS 10: Redução das Desigualdades
Referência da Pesquisa Original
BRITO, Ronnie Fagundes de (org.). <strong>Tradução para Libras Escrita</strong>: relatos sobre o processo de tradução e implementação do SignWriting em um sistema de revistas científicas para surdos. São Carlos: Editora Scienza, 2021. Disponível em: http://ridi.ibict.br/handle/123456789/1184. Acesso em: 03 set. 2023.
Link da pesquisa original
Vídeo
Data da publicação do texto de divulgação
December 11, 2023
Como citar este texto
Brito; Mendes (2023)