Peixes em fuga: Impacto de mergulhadores no comportamento de peixes

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Título para divulgação do texto

Peixes em fuga: Impacto de mergulhadores no comportamento de peixes

Título original da pesquisa

Uma meta-análise da reação comportamental de peixes para a presença humana subaquática (A meta‐analysis of fish behavioural reaction to underwater human presence)

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Revisão de texto

Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

Nesta pesquisa, foram investigas os fatores que podem influenciar na decisão de fuga ou não dos peixes expostos a mergulhadores.

Tipo

Artigo de periódico

O que é a pesquisa?

O mergulho recreativo é uma atividade humana cada vez mais popular e acessível. Atualmente, estima-se que existam cerca de 22 milhões de mergulhadores ao redor do mundo. Por consequência, observam-se impactos dessa atividade em várias populações de peixes, que são um dos principais interesses recreativos dos mergulhadores. Na percepção dos peixes, o mergulhador é um predador em potencial, ou seja, uma ameaça. Fugir, entretanto, traz custos para o animal, pois fará com que o peixe gaste tempo e energia que seriam melhor aproveitados em outras atividades essenciais, como alimentar-se ou procurar parceiros reprodutivos. Por isso, a decisão de fugir ou não é uma análise de custo e benefício para o animal que está sob ameaça, já que não é interessante fugir a todo momento. Foi diante dessa questão que a equipe coordenada pelo pesquisador Diogo Samia, da Universidade de São Paulo, e integrada também por Eduardo Bessa, da Universidade de Brasília, e José de Anchieta, da Universidade Federal do Sul da Bahia, entre outros pesquisadores estrangeiros, resolveu investigar quais fatores poderiam influenciar na decisão de fuga ou não dos peixes expostos a mergulhadores.

Um indicador utilizado nas pesquisas de comportamento para tentar quantificar o quanto de medo os animais têm dos seus predadores é chamado de “distância inicial de fuga” (DIF), ou seja, a distância mínima que um predador precisa se aproximar até que sua presa comece a fugir. Essa medida (DIF) foi usada pelos pesquisadores para estimar o grau de ameaça que um mergulhador representa para os peixes observados. Junto a isso, os autores buscaram confrontar seis fatores que poderiam influenciar na distância inicial de fuga dos peixes em relação aos mergulhadores: 1) Tamanho do peixe; 2) Se o peixe vive em cardume; 3) Expectativa de vida do peixe; 4) Habitat que o peixe ocupa; 5) Posição do peixe na cadeia alimentar e 6) Se o encontro com o mergulhador ocorreu em área de proteção de peixes ou fora dela.

Como é feita a pesquisa?

Os pesquisadores utilizaram um método chamado meta-análise, que consiste em combinar (estatisticamente) resultados numéricos de diferentes estudos sobre um mesmo assunto. Neste caso, foram combinados resultados de pesquisas sobre comportamento de fuga em peixes. Os dados obtidos por essas combinações estatísticas são então analisados sob a ótica de uma nova questão científica, que neste trabalho tratou dos fatores que mais influenciam a distância inicial de fuga dos peixes em relação a mergulhadores.
Para encontrar artigos relevantes para essa análise, os cientistas construíram um método de busca e seleção de estudos que pode ser entendido visualizando a Figura 1, a seguir:
Portanto, no total, reuniram 11 pesquisas relevantes distribuídas em diferentes oceanos, continentes e regiões de todo o planeta. A partir de tais resultados, foram realizados vários cálculos estatísticos para verificar possíveis relações entre a distância inicial de fuga e aqueles seis fatores previamente selecionados.

Ao final desta meta-análise, os autores encontraram evidências de que o tamanho dos peixes está diretamente relacionado à distância inicial de fuga, enquanto que outros fatores não apresentaram relação estatisticamente significativa alguma. Ou seja, quanto menor o peixe, mais perto o mergulhador precisa chegar para que esse animal fuja.

Qual a importância da pesquisa?

A pesquisa contribui para o entendimento sobre quais fatores podem influenciar o comportamento dos peixes em seu contato com mergulhadores. O entendimento de como os peixes reagem à presença humana, relacionando isso com o seu modo de vida e o tipo de característica corporal pode ajudar a identificar os grupos e espécies mais sujeitos ao estresse causado pela presença humana, o que, por sua vez, melhora a estimativa de impactos causados pelas atividades de mergulho. Dos fatores analisados na pesquisa, apenas o tamanho do peixe mostrou ter papel relevante com as diferentes distâncias iniciais de fuga observadas. Os peixes maiores fugiam quando os mergulhadores estavam mais longe do que em casos envolvendo peixes menores. A explicação dos cientistas é que provavelmente peixes grandes demoram mais tempo para atingir o seu tamanho e representam um potencial reprodutivo elevado para sua espécie.

A partir desses resultados, os autores indicaram também medidas que podem ser importantes na conservação dos peixes nos locais de mergulho, como, por exemplo: limitar o número de mergulhadores em regiões em que os peixes estão sob ameaça ou estresse, definir áreas marinhas protegidas da ação de caçadores submarinos e até isoladas de mergulhadores no intuito de preservar espécies de peixes que estejam vulneráveis pela atividade.

Área do Conhecimento

Ciências da Saúde

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Peixe
Portuguesa Comportamento
Portuguesa Oceano

ODS

ODS 14: Vida na Água
ODS 15: Vida Terrestre

Link da pesquisa original

Material Complementar

Coleções

Figura 1 - Primeiro, os cientistas fizeram uma busca de estudos já publicados na área de comportamento animal de peixes (resultando em um total de 8540 artigos). A esse montante, juntaram artigos que eles encontraram nas referências bibliográficas dos estudos encontradas (+74 artigos). Em seguida, retiraram aqueles artigos que tinham um conteúdo duplicado e fizeram uma análise a partir do título e do resumo (resultando em 48 artigos encontrados como relevantes). Depois da leitura completa, os pesquisadores verificaram que apenas 10 eram realmente relevantes para a pesquisa (excluindo os outros 38). Por fim, juntaram a este grupo os resultados que eles já possuíam, mas que ainda não estavam publicados e isso resultou numa análise de um total de 11 estudos que tratam sobre 32 espécies de peixes capa.jpeg