Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte
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Título para divulgação do texto
Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte
Título original da pesquisa
Remanescentes Indígenas e Afro-Descendentes do Rio Grande do Norte
Imagem de capa
Revisão de texto
Autores do texto original
Fonte(s) Financiadora(s)
Resumo
Esta pesquisa foi desenvolvida pelos antropólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte buscando entender as narrativas tradicionais, histórias ancestrais e representações simbólicas de comunidades rurais de indígenas e de afrodescendentes.
Tipo
Livro
O que é a pesquisa?
Desde o ano 2000 antropólogos da Universidade Federal do Rio Grande do Norte pesquisam as narrativas tradicionais, histórias ancestrais e representações simbólicas de comunidades rurais de indígenas e de afro-descendentes daquele estado, privilegiando a oralidade e a memória.
As coletas de discursos, narrativas, mitos, lendas, lembranças e crenças ligadas ao passado e às origens dessas comunidades, acrescidas às leituras, seminários, cursos e discussões realizadas pelo grupo permitem reavaliar o passado colonial e as identidades étnicas do Rio Grande do Norte.
O objetivo principal da pesquisa é identificar as culturas, as identidades diferenciais ou um passado comum às comunidades rurais do RN que possuam alguma distinção étnica em relação às sociedades circunstantes. Por isso a pesquisa questiona o devir das populações indígenas e dos afro-descendentes com o intuito de elucidar eventos históricos bastante controversos.
A médio prazo, outro objetivo é a formação de um grupo de discussão de nível estadual e regional, visando projetos comuns e parcerias que integrem pesquisadores isolados e instituições engajadas na mesma temática.
Os objetivos específicos são:
Realizar o mapeamento e traçar o perfil das comunidades onde há indícios de presença indígena e de afro-descendentes;
Realizar descrições de algumas comunidades (através de pesquisas de graduação e de pós-graduação);
Realizar seminários sobre a questão étnica no estado, inclusa na discussão dos conceitos antropológicos (memória e representações simbólicas);
Publicar os resultados das pesquisas do grupo em revista ou livro coletivo.
As coletas de discursos, narrativas, mitos, lendas, lembranças e crenças ligadas ao passado e às origens dessas comunidades, acrescidas às leituras, seminários, cursos e discussões realizadas pelo grupo permitem reavaliar o passado colonial e as identidades étnicas do Rio Grande do Norte.
O objetivo principal da pesquisa é identificar as culturas, as identidades diferenciais ou um passado comum às comunidades rurais do RN que possuam alguma distinção étnica em relação às sociedades circunstantes. Por isso a pesquisa questiona o devir das populações indígenas e dos afro-descendentes com o intuito de elucidar eventos históricos bastante controversos.
A médio prazo, outro objetivo é a formação de um grupo de discussão de nível estadual e regional, visando projetos comuns e parcerias que integrem pesquisadores isolados e instituições engajadas na mesma temática.
Os objetivos específicos são:
Realizar o mapeamento e traçar o perfil das comunidades onde há indícios de presença indígena e de afro-descendentes;
Realizar descrições de algumas comunidades (através de pesquisas de graduação e de pós-graduação);
Realizar seminários sobre a questão étnica no estado, inclusa na discussão dos conceitos antropológicos (memória e representações simbólicas);
Publicar os resultados das pesquisas do grupo em revista ou livro coletivo.
Como é feita a pesquisa?
Esse estudo utiliza os métodos clássicos da Antropologia: a pesquisa etnográfica in loco com a coleta de discursos contextualizados.
O trabalho de campo é antecedido por pesquisas bibliográficas e o exame de monografias históricas ou antropológicas realizadas na região ou em outros lugares do Brasil.
Em campo, são priorizados os aspectos etnográficos e a etno-história, vista como crítica da história oficial, já que os métodos antropológicos (exame da tradição oral e da memória coletiva e análise do sistema de parentesco) desvendam outras realidades históricas locais, e não se baseiam só nos documentos produzidos pela administração colonial. O exame de casos específicos lança luz sobre versões locais da trajetória dos indígenas e afro-descendentes, antes obscurecidas.
A pesquisa também se vale de abordagens multidisciplinares – especialmente a junção de etnografia e literatura, mas também usando os resultados da geografia, da sociologia, da história, etc. Através dos enfoques de diferentes disciplinas busca-se traduzir as lembranças isoladas numa nova história comunitária.
A memória, quer seja de um lugar, de uma edificação (mesmo se em ruínas), de um texto ou imagem, de um cheiro ou sabor, é entendida nesta pesquisa como elo de associação entre os portadores das recordações e fatos ou períodos significativos das comunidades. Daí a importância dada às narrativas.
O trabalho de campo é antecedido por pesquisas bibliográficas e o exame de monografias históricas ou antropológicas realizadas na região ou em outros lugares do Brasil.
Em campo, são priorizados os aspectos etnográficos e a etno-história, vista como crítica da história oficial, já que os métodos antropológicos (exame da tradição oral e da memória coletiva e análise do sistema de parentesco) desvendam outras realidades históricas locais, e não se baseiam só nos documentos produzidos pela administração colonial. O exame de casos específicos lança luz sobre versões locais da trajetória dos indígenas e afro-descendentes, antes obscurecidas.
A pesquisa também se vale de abordagens multidisciplinares – especialmente a junção de etnografia e literatura, mas também usando os resultados da geografia, da sociologia, da história, etc. Através dos enfoques de diferentes disciplinas busca-se traduzir as lembranças isoladas numa nova história comunitária.
A memória, quer seja de um lugar, de uma edificação (mesmo se em ruínas), de um texto ou imagem, de um cheiro ou sabor, é entendida nesta pesquisa como elo de associação entre os portadores das recordações e fatos ou períodos significativos das comunidades. Daí a importância dada às narrativas.
Qual a importância da pesquisa?
No Nordeste, desde os anos 70 crescem as reivindicações de comunidades emergentes, que se reconhecem como grupos específicos e pedem a delimitação de territórios próprios.
Esses grupos reivindicam direitos sobre territórios de missões ou sobre terras ancestrais, em nome de sua especificidade étnica que os conduz a afirmar uma identidade diferencial.
A questão étnica, seja ligada a afro-descendentes ou a remanescentes indígenas, também ocupa espaços crescentes nos estudos acadêmicos e na sociedade civil (movimentos, partidos, ONGs, etc.).
Além disso, o Rio Grande do Norte é um dos poucos estados da Federação a não ter o registro de populações indígenas, embora no último Censo Populacional, no ano 2000, 3168 pessoas tenham se declarado 'indígenas'.
Por tudo isso essa pesquisa propõe agrupar as informações existentes, racionalizar o tratamento dos dados bibliográficos e empíricos e realizar um primeiro mapeamento das comunidades indígenas e de afro-descendentes.
Outro ponto importante é a associação desse levantamento ao do patrimônio construído do Estado, relacionando os monumentos (igrejas, cemitérios, pinturas rupestres, etc.) com a memória oral de fatos históricos não privilegiados pelos registros oficiais.
A pesquisa, portanto, alavanca as questões ligadas à memória, ao patrimônio e à etnicidade no Rio Grande do Norte. A abordagem antropológica da memória, do tempo e das marcas culturais permite refletir sobre a importância social (identitária) e simbólica da tradição.
Além disso a organização do material, com base em informações orais e bibliográficas, já permitiu, no Estado, a localização de treze registros de comunidades de afro-descendentes e doze registros de grupos onde a memória indígena é forte.
São comunidades que vivem em ambientes rurais – ou recentemente urbanizados - sobrevivendo de atividades agrícolas e pastoris e por vezes negociando seus produtos agrícolas ou artesanais em feiras livres.
Como esses grupos tentam conservar a terra em que vivem há gerações, e que muitas vezes é o único bem que possuem, essa pesquisa pretende dar-lhes voz, e se for o caso, apóia-los nas suas buscas para reconstruir o seu passado, a enfrentar as dificuldades inerentes à sua especificidade étnica e exclusão social.
Assim, de um ponto de vista geral, essa pesquisa inscreve-se no esforço de construir, no Brasil, uma etno-história capaz reescrever a trajetória dos povos colonizados, integrando os fatos do passado à memória coletiva das comunidades estudadas.
Esses grupos reivindicam direitos sobre territórios de missões ou sobre terras ancestrais, em nome de sua especificidade étnica que os conduz a afirmar uma identidade diferencial.
A questão étnica, seja ligada a afro-descendentes ou a remanescentes indígenas, também ocupa espaços crescentes nos estudos acadêmicos e na sociedade civil (movimentos, partidos, ONGs, etc.).
Além disso, o Rio Grande do Norte é um dos poucos estados da Federação a não ter o registro de populações indígenas, embora no último Censo Populacional, no ano 2000, 3168 pessoas tenham se declarado 'indígenas'.
Por tudo isso essa pesquisa propõe agrupar as informações existentes, racionalizar o tratamento dos dados bibliográficos e empíricos e realizar um primeiro mapeamento das comunidades indígenas e de afro-descendentes.
Outro ponto importante é a associação desse levantamento ao do patrimônio construído do Estado, relacionando os monumentos (igrejas, cemitérios, pinturas rupestres, etc.) com a memória oral de fatos históricos não privilegiados pelos registros oficiais.
A pesquisa, portanto, alavanca as questões ligadas à memória, ao patrimônio e à etnicidade no Rio Grande do Norte. A abordagem antropológica da memória, do tempo e das marcas culturais permite refletir sobre a importância social (identitária) e simbólica da tradição.
Além disso a organização do material, com base em informações orais e bibliográficas, já permitiu, no Estado, a localização de treze registros de comunidades de afro-descendentes e doze registros de grupos onde a memória indígena é forte.
São comunidades que vivem em ambientes rurais – ou recentemente urbanizados - sobrevivendo de atividades agrícolas e pastoris e por vezes negociando seus produtos agrícolas ou artesanais em feiras livres.
Como esses grupos tentam conservar a terra em que vivem há gerações, e que muitas vezes é o único bem que possuem, essa pesquisa pretende dar-lhes voz, e se for o caso, apóia-los nas suas buscas para reconstruir o seu passado, a enfrentar as dificuldades inerentes à sua especificidade étnica e exclusão social.
Assim, de um ponto de vista geral, essa pesquisa inscreve-se no esforço de construir, no Brasil, uma etno-história capaz reescrever a trajetória dos povos colonizados, integrando os fatos do passado à memória coletiva das comunidades estudadas.
Área do Conhecimento
Ciências Humanas
Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras
Portuguesa
Indígena
Portuguesa
Memória
Portuguesa
Antropologia
Portuguesa
Afrodescendentes
ODS
ODS 10: Redução das Desigualdades
ODS 4: Educação de Qualidade
Referência da Pesquisa Original
CAVIGNAC, Julie Antoinette. Antropólogos investigam as memórias indígenas e afrodescendentes do Rio Grande do Norte. 2003.
Material Complementar
Livros:
Introdução à história do Rio Grande do Norte, Denise Mattos Monteiro, EDUFRN, Natal, 2000.
Idolatrias, heresias, alianças: a resistência indígena no Ceará colonial. Paulo Sérgio Barros. Revista Ethnos, ano II, 2, jan-jun,1998.www.biblio.ufpe.br/libvirt/revistas/ethnos/barros.htm
Índios do Açu e Seridó, Olavo de Medeiros Filho, Brasília, Senado Federal, 1984.
Povos Indígenas no Brasil 1996/2000, ISA - Instituto Socioambiental, S. Paulo, Brasília, S. Gabriel da Cachoeira, 2000.
Site:
http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/
Site do projeto
http://www.cchla.ufrn.br/tapera/
Introdução à história do Rio Grande do Norte, Denise Mattos Monteiro, EDUFRN, Natal, 2000.
Idolatrias, heresias, alianças: a resistência indígena no Ceará colonial. Paulo Sérgio Barros. Revista Ethnos, ano II, 2, jan-jun,1998.www.biblio.ufpe.br/libvirt/revistas/ethnos/barros.htm
Índios do Açu e Seridó, Olavo de Medeiros Filho, Brasília, Senado Federal, 1984.
Povos Indígenas no Brasil 1996/2000, ISA - Instituto Socioambiental, S. Paulo, Brasília, S. Gabriel da Cachoeira, 2000.
Site:
http://www.cerescaico.ufrn.br/mneme/
Site do projeto
http://www.cchla.ufrn.br/tapera/
Data da publicação do texto de divulgação
April 17, 2003