Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais no convênio sino-brasileiro de construção de satélites de sensoriamento remoto

Item

Título para divulgação do texto

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais no convênio sino-brasileiro de construção de satélites de sensoriamento remoto

Título original da pesquisa

Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais no convênio sino-brasileiro de construção de satélites de sensoriamento remoto

Imagem de capa

Revisão de texto

Resumo

O estudo mostra o convênio sino-brasileiro que auxilia a construção de satélites de sensoriamento remoto.

Tipo

Tese ou dissertação

O que é a pesquisa?

O Programa CBERS e sua importância
Em Julho de 1988, os governos do Brasil e da República Popular da China assinaram um acordo para desenvolver dois satélites avançados de sensoriamento remoto.

O Programa CBERS (China-Brazil Earth Resources Satellite / Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres) une a capacidade técnica e os recursos financeiros dos dois países.

A meta é implantar um sistema completo de sensoriamento remoto competitivo e compatível com as necessidades internacionais atuais.

A entrada do Brasil no CBERS marcou o início de nova etapa do programa espacial brasileiro. Além disso, o Programa tem um elemento estratégico: diversifica parcerias tradicionais do país, em busca de ciência e tecnologia.

Na China, o Programa CBERS ficou a cargo da CAST (Chinese Academy of Space Technology / Academia Chinesa de Tecnologia Espacial) e no Brasil, do INPE.

As razões estratégicas

Os recursos naturais e o ambiente da Terra estão em mudança contínua devido à evolução natural e às atividades humanas. Para entender a complexa interação de fenômenos que causam as mudanças são precisas observações com grande gama de escalas temporais e espaciais.

A observação da Terra por satélites é a maneira mais efetiva e econômica de coletar os dados necessários para monitorar e modelar estes fenômenos, especialmente em países de grande extensão territorial.

Os satélites para este fim, além de complexos, dispendiosos e de alta tecnologia, são poucos. Muitos países dependem de suas imagens. Mas em muitos casos os satélites não são inteiramente adequados às peculiaridades do território ou dos recursos naturais investigados.

Para maior eficácia, é necessário que os sensores do satélite tenham sido projetados para a aplicação específica desejada. Além do mais, existem as óbvias implicações estratégicas e políticas de se utilizar um satélite que pode não estar disponível ao país sempre que requerido.

Como é feita a pesquisa?

A parceria sino-brasileira e seu papel técnico e geopolítico
No fim dos anos 80 a China avançava em vários setores – incluindo o espacial – e podia cooperar em áreas que o Brasil achava importantes.

Apesar de décadas de isolamento, a China estabeleceu diretrizes estratégicas de desenvolvimento de sua indústria, através da utilização de novas tecnologias e do seu emprego seletivo.

As áreas prioritárias escolhidas foram a biotecnologia, a informática e automação, os novos materiais, as fontes alternativas de energia, o laser e a tecnologia espacial. Além disso, a China queria competência em C&T e grandes contingentes de especialistas em P&D.

Havia semelhanças entre as posturas da China e do Brasil. No setor espacial, o país avançou em seu programa de satélites, parte da denominada Missão Espacial Completa Brasileira, MECB.

Convergia também o interesse em direcionar as atividades espaciais para o fortalecimento da indústria e da economia de cada país.

A China tinha bagagem na construção de satélites e foguetes lançadores, desde a segunda metade da década de 50.

Em 1964 foi lançado o primeiro veículo da série Longa Marcha, em 1970 o primeiro satélite científico, além de mais de vinte outros satélites (inclusive recuperáveis e de órbita geoestacionária), através de veículos lançadores, bases de lançamento e estações de rastreio e controle.

Atualmente a China busca alternativas para obter conhecimentos e procedimentos usuais ocidentais. O satélite CBERS tem papel geopolítico pela cooperação, e pela obtenção de um parceiro para dividir custos,

Em contrapartida, o Brasil tem maior familiaridade com eletrônica e componentes sofisticados, recursos humanos treinados em países desenvolvidos do ocidente, e parque industrial mais moderno.

A capacitação técnica já adquirida pelo Brasil com o programa MECB assegura ao parceiro chinês a contrapartida almejada.

Outros pontos comuns são a vasta extensão territorial com grandes áreas despovoadas e de difícil acesso, e a acentuada vocação agrícola.

Brasil e a China criaram pois um satélite com sensores projetados especialmente para suas aplicações comuns nas áreas de gerenciamento de recursos terrestres, monitoramento de florestas, geologia e hidrologia, além da inclusão de um moderno sistema de monitoramento ambiental.

Além disso a cooperação bilateral visa romper o bloqueio das nações desenvolvidas à transferência de tecnologias avançadas, ditas sensíveis.

Construir em parceria satélites operacionais de grande porte é inédito entre dois países em desenvolvimento e completamente diverso do padrão usual de assistência técnica e intercâmbio de pesquisadores entre nações.

O Programa está orçado em 150 milhões de dólares, dos quais o Brasil participa com 30%: 45 milhões. A construção dos satélites vai custar 100 milhões, e os lançamentos a metade

Para otimizar a troca de divisas, no contrato assinado há cláusula que obriga os chineses a investir toda quantia recebida do Brasil na importação de produtos brasileiros.

Depois de aprovado o acordo para a fabricação dos satélites, uma câmara digital de alta resolução foi acrescentada ao Programa.

O controle dos satélites em órbita, e a integração e testes de um dos modelos de vôo no Brasil, foram mencionados no acordo como anseio da parte brasileira, passível de discussão, devido à resistência da área militar chinesa.

O Brasil fornece as estruturas mecânicas, todos os equipamentos para o sistema de geração de energia elétrica (incluindo os painéis solares), a câmara WFI e os sistemas de coleta de dados e de telecomunicações de bordo do satélite.

Os chineses cuidam das outras partes dos satélites e contrataram empresas brasileiras para fabricar os computadores de bordo e transmissores de microondas.

Considerando-se a introdução da câmara WFI, as novas responsabilidades do lado brasileiro no controle e rastreio dos satélite, as atividades de montagem, integração e testes do segundo modelo de vôo no Brasil, os investimentos necessários aos segmentos de solo e aplicações, os atrasos e outras, a estimativa para a execução das atribuições brasileiras junto ao Programa CBERS é de 100 milhões de dólares, aproximadamente.

As estimativas para o investimento do lado chinês devem ter sido majoradas por um fator de 70%, aproximadamente.

Nesse modelo de parceria não se prevê transferência de tecnologia entre os países, mas concretizam-se trocas de conhecimentos entre as equipes.

No caso da estrutura dos satélites, os chineses desenvolvem o Projeto Técnico e a estrutura secundária e o Brasil fabrica a estrutura principal. No subsistema de suprimento de energia, os chineses entram com células solares e baterias e o restante do subsistema é desenvolvido no Brasil.

Equipes compostas por especialistas do INPE e da CAST elaboraram o plano para desenvolver e gerenciar o Programa CBERS. Os chineses beneficiaram-se dos conhecimentos de metodologias de gerenciamento modernas dominadas pelos parceiros brasileiros.

A fase de montagem, integração e testes dos satélites, também executada por equipes conjuntas do INPE e da CAST, tem sido boa oportunidade para a troca de conhecimentos e informações.

Ao término de cada fase importante do desenvolvimento do Programa, reúnem-se equipes conjuntas, técnicas e gerenciais, formadas por especialistas de cada instituição, para examinar em detalhes o desempenho da etapa em questão.

Qual a importância da pesquisa?

Lançamentos dos CBERS-1 e CBERS-2. Ações e perspectivas
Em 14 de outubro de 1999, ocorreu o lançamento do primeiro Satélite CBERS, utilizando-se o foguete Longa Marcha 4B, a partir da Base de Lançamento de Taiyuan, situada na província de Shanxi, a cerca de 750Km sudoeste de Beijing.

O satélite cumpriu todas as etapas previstas a partir da abertura dos painéis solares: ajustou a órbita, fez testes pormenorizados de subsistemas, e conduziu os testes e calibração de suas três câmaras - CCD, IRMSS e WFI, sendo considerado apto para operação normal.

Quatro anos depois, em 21 de Outubro de 2003, foi realizado o lançamento do segundo satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres (CBERS-2). Novamente foi utilizado um foguete Longa Marcha 4B como veículo lançador, o qual cumpriu perfeitamente todas as etapas previstas para colocação do satélite em órbita. Dois dias depois Brasil e China divulgaram as primeiras imagens das câmaras WFI e CCD do satélite, mostrando respectivamente segmentos dos territórios chineses (CCD) e sul-americano (WFI) com grande precisão e nitidez.

A vida útil do CBERS-2 é prevista para dois anos, porém uma perfeita injeção em órbita é crucial para aumentar o tempo de uso de um satélite. A fase de testes de um satélite como este se estende por 80 dias aos o lançamento, sendo controlada e monitorada por técnicos brasileiros e chineses.

Brasil e China dão grande importância ao Programa CBERS. O apoio continuado ao Programa indica de que se trata de empreendimento de sucesso.

A capacidade do Brasil e China gerarem imagens de satélites de sensoriamento remoto é prioridade dos dois governos, pelo prestígio do empreendimento, pelas dimensões territoriais e por suas demandas de imagens para uso interno.

Por isso, desde 1995, os dois países estabeleceram por acordo desenvolver mais dois satélites CBERS, com participação de 50% em cada um.

Em estudos, encontram-se também propostas para desenvolver em conjunto Satélites de Meteorologia e Telecomunicações Geoestacionários.

A cooperação sino-brasileira para fabricar satélites CBERS contribuí para o estabelecimento de um setor industrial na área espacial no Brasil.

O CBERS comprova que o Brasil está preparado para envolver-se em tarefas mais complexas e ambiciosas na área espacial.

Prova disso foi a inclusão do Brasil entre os países que participam do desenvolvimento da Estação Espacial Internacional, em grande parte devida à experiência adquirida através do Programa CBERS.

Área do Conhecimento

Ciências Exatas e da Terra

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Sensoriamento
Portuguesa Construção
Portuguesa Satélite

ODS

ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura
ODS 17: Parcerias e Meios de Implementação

Data da publicação do texto de divulgação

December 11, 2002

Coleções

00079_1.jpg 00079_2.jpg 00079_3.jpg 00079_5.jpg 00079_6.jpg CAPA.jpg 00079_4.jpg