Redescobrindo o tatu-canastra no Pantanal

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Título para divulgação do texto

Redescobrindo o tatu-canastra no Pantanal

Título original da pesquisa

Projeto Tatu-canastra

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Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

Os pesquisadores buscam, com este estudo, entender como vive essa espécie e como ela se relaciona e interage com o ambiente, com outras espécies e com as atividades humanas na região.

O que é a pesquisa?

O tatu-canastra, chamado pelos índios de tatuaçu e pelos zoólogos de Priodontes maximus, é a maior das espécies de tatu. Pode medir até 150 cm de comprimento (da ponta do focinho à ponta do rabo) e pesar até 50 quilos. Embora o tatu-canastra possa ser encontrado em grande parte da América do Sul, muito pouco foi estudado sobre ele. Devido ao seu comportamento críptico e à baixa densidade populacional, esse mamífero é raramente visto ou encontrado. O tatu-canastra consta da Lista Nacional das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção e é classificado na categoria Vulnerável pelaLista Vermelha das Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).
O tatu-canastra tem uma história de evolução fascinante e longa, que deu a ele adaptações distintas para cavar buracos, com unhas nos membros anteriores de até 15 cm de comprimento e uma carapaça que envolve e protege o seu corpo. Ele tem um papel importante na natureza porque controla as populações de cupins e provoca modificações no ambiente, as quais favorecem outras espécies, apelidado, por isso, de engenheiro de ecossistema. Os buracos cavados pelo tatu-canastra e os montes de areia acumulados ao lado desses buracos são usados por mais de 25 animais diferentes. Para alguns – como tamanduá-mirim, cotia, irara, jaguatirica, raposinha e tatus menores –, as tocas servem como abrigo para descansar e escapar do calor. Os buracos são dos mais diferentes formatos e todos têm uma entrada grande, com aproximadamente 35 cm de diâmetro, e podem chegar a mais de 5 m de comprimento. No Pantanal, os buracos se encontram geralmente em murundus ou em áreas de cerradão.
Apesar de robusto, o tatu-canastra é muito sensível às ações antrópicas , podendo facilmente ser extinto. Como é raro, pode desaparecer mesmo antes de ser notado ou conhecido pelas pessoas que habitam a região na qual ele vive. Essa vulnerabilidade, associada a sua aparência intrigante, faz dessa espécie um embaixador da importância e fragilidade da biodiversidade no Brasil. Também é candidato a mascote de atividades de educação ambiental e de divulgação da importância da conservação do cerrado e dos outros biomas onde ocorre.
O Projeto Tatu-canastra, uma parceria entre o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPE), e a Sociedade Zoológica Real da Escócia, esta desenvolvendo um estudo de longo prazo sobre o tatu-canastra no Pantanal. O objetivo da pesquisa é investigar como vive essa espécie e como ela se relaciona e interage com o ambiente, com outras espécies e com as atividades humanas na região.

Como é feita a pesquisa?

Para desvendar a biologia e a ecologia do tatu-canastra e compreender a sua função no ecossistema, a equipe, formada por pesquisadores e auxiliares de campo do projeto, faz entrevistas, levantamento das tocas — cavadas para descansar, criar os filhotes e se protegerem dos predadores (por exemplo, da onça) —, usa radiotransmissores e armadilhas fotográficas, coleta fezes, mapeia os recursos naturais necessários à sobrevivência do tatu e observa o seu comportamento em uma área de estudo no Pantanal.
As entrevistas são feitas por meio de questionários aplicados aos moradores da área de estudo e têm por finalidade identificar a presença de tatus-canastras nas propriedades rurais, selecionando, assim, os locais de ocorrência da espécie. Às vezes, fotografias do tatu-canastra são apresentadas durante as entrevistas para ajudar na identificação. As armadilhas fotográficas são câmeras fotográficas e filmadoras estrategicamente posicionadas em trilhas, estradas ou próximas às tocas dos tatus com o objetivo de registrar imagens. Esses equipamentos possuem um sensor de movimento que capta o momento em que um animal atravessa o campo de visão da lente e a câmera dispara sozinha, sem a necessidade de um fotógrafo presente. As fotografias, geralmente, revelam uma incrível variedade de animais na área de estudo. Com as armadilhas fotográficas, os pesquisadores conseguiram fotografar um filhote de tatu-canastra. As câmeras flagraram o macho e a fêmea juntos, dividindo a mesma toca, e cinco meses depois registraram os primeiros passos do filhote fora do buraco. Antes dessa observação, nunca ninguém havia registrado imagens de um bebê de tatu-canastra na natureza, e nem documentado a gestação e outros detalhes da reprodução.
Já o radiotransmissor, instalado na carapaça do tatu-canastra, gera ondas de rádio que permitem localizar e seguir o animal à distância, por meio de um receptor, e obter informações sobre o seu comportamento. Os resultados da pesquisa já demonstram que cada tatu-canastra vive relativamente distante de outro da mesma espécie. Uma das fêmeas monitoradas pelo projeto, por exemplo, parece ocupar um território de mais de 1.500 hectares (área equivalente a 1.500 campos de futebol). Outras fêmeas não entram no território dela. Só os machos fazem uma visita de vez em quando. As investigações sobre a biologia e ecologia fornecerão informações sobre onde vive o tatu-canastra, como ele usa e seleciona o seu habitat , qual o tamanho do seu território, como faz a escavação das tocas, demografia, densidade populacional, do que se alimenta, quanto tempo gasta procurando alimento e descansando, em quais horários é mais ativo, como reage às variações de temperatura ambiente, como se comunica com outros da sua espécie, como se reproduz e cuida dos filhotes e como se relaciona com outras espécies. Serão obtidas, também, informações genéticas — que explicarão as relações de parentesco entre os tatus de uma população — e sobre a saúde dos animais (parasitas e doenças, inclusive aquelas de interesse para a saúde humana). Uma vez verificada a eficiência da metodologia da pesquisa, novas áreas de estudo serão definidas para que mais e mais informações possam ser obtidas, e os resultados, de cada área, comparados entre si.

Qual a importância da pesquisa?

A maior contribuição do Projeto Tatu-canastra será a formação da primeira base de dados e informações científicas, rigorosas, sobre a ecologia e a biologia da espécie. A informação gerada pela pesquisa será usada para promover a conservação do tatu-canastra por meio da divulgação constante dos resultados em eventos científicos, conferências, publicações e nas diferentes mídias. Essas informações poderão:
a) explicar por que o tatu-canastra é tão raro;
b) justificar por que a conservação do seu habitat é necessária para garantir a sobrevivência da espécie a longo prazo;
c) comprovar a função do tatu-canastra como engenheiro do ecossistema, já que os resultados da pesquisa já demontram que as suas tocas são usadas por pelo menos 25 outras espécies;
d) aperfeiçoar futuras avaliações do risco de extinção da espécie utilizando os critérios da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN/SSC Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas);
e) subsidiar a realização de novas pesquisas, com a aplicação da mesma metodologia em outras regiões do Brasil de ocorrência do tatu-canastra;
f) promover atividades de educação ambiental, sensibilização, divulgação científica e iniciativas de conservação do habitat do tatu-canastra, bem como a adoção de políticas mais adequadas para o Pantanal e áreas de ocorrência da espécie;
g) fazer do tatu-canastra, espécie ainda desconhecida por muita gente, um embaixador da conservação da biodiversidade, pelo seu potencial extraordinário de cativar o público e transmitir uma mensagem positiva e convincente.

Área do Conhecimento

Ciências Exatas e da Terra

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Tatu
Priodontes maximus
Tocas
Radiotransmissor
Portuguesa Tatu
Portuguesa Priodontes maximus
Portuguesa Tocas
Portuguesa Radiotransmissor

ODS

ODS 15: Vida Terrestre
ODS 14: Vida na Água

Link da pesquisa original

Material Complementar

Data da publicação do texto de divulgação

October 12, 2013

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