Genes dos gaúchos para deduzir a história genética da América e a evolução de sua ocupação nativa

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Genes dos gaúchos para deduzir a história genética da América e a evolução de sua ocupação nativa

Título original da pesquisa

Os gaúchos e os primeiros colonizadores do continente – genômica populacional

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Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

Os pesquisadores ropõem nesta pesquisa, desenvolver um amplo estudo genético das populações nativas americanas, com a possibilidade de fornecer elementos para a discussão de praticamente todas as temáticas pertinentes ao tema.

O que é a pesquisa?

Atualmente há um certo consenso entre os especialistas de que as primeiras populações do continente americano, constituídas por tribos de caçadores-coletores (isto é, que subsistiam através da caça e da coleta, sem ainda conhecer a agricultura) entraram no continente americano através do estreito de Bering (situado no extremo-norte do Alasca, separando a América da Ásia).

Ainda existem dúvidas quanto às estimativas de época da chegada do homem à América, ao número de migrações que teriam ocorrido, ao tamanho das populações ancestrais, bem como a respeito do local de origem na Ásia. Mas, independentemente das questões não solucionadas sobre o povoamento inicial da América, o movimento migratório protagonizado pelos primeiros americanos resultou na efetiva ocupação de todo o continente.

Por outro lado, os europeus chegaram ao Novo Mundo, no século XVI, num momento de plenitude de suas forças cultural, militar e religiosa, acompanhado de um forte sentimento eurocêntrico de superioridade. Tal equívoco levou a um dos maiores massacres da história da humanidade (genocídio das populações nativas), relegou à marginalidade culturas que eram diferentes das européias, e sustentou o luxo das cortes Ibéricas e anglo-saxãs por séculos.

Entretanto, toda esta hegemonia não foi suficiente para impedir a miscigenação interétnica, o sincretismo e as trocas culturais entre colonizadores e colonizados. O Novo Mundo nasceu dessa turbulência e isso está impresso em nosso herança genética.

A história da humanidade vem sendo desvendada através de estudos realizados nas mais diferentes esferas do conhecimento. Nas últimas décadas, a genética tem dado grandes contribuições à antropologia, e a literatura especializada está farta de exemplos nos quais episódios protagonizados pelas populações humanas foram re-interpretados e eventos históricos não-documentados foram resgatados, visto que sem a pesquisa genética teria sido impossível percebe-los.

Neste projeto, pesquisadores da Universidade Fedral do Rio Grande do Sul propõem desenvolver um amplo estudo genético das populações nativas americanas, com a possibilidade de fornecer elementos para a discussão de praticamente todas as temáticas pertinentes ao tema.

Também serão investigados, pela primeira vez em nível molecular e de uma forma abrangente, os gaúchos. A principal meta do estudo é avaliar em detalhes alguns parâmetros de interesse tanto evolutivo quanto antropológico.

Como é feita a pesquisa?

Em termos de metas específicas a pesquisa vai investigar 30 populações nativas americanas, bem como 700 neo-brasileiros de várias regiões do estado do Rio Grande do Sul.

Outros grupos populacionais relacionados, como os Na-Denes; Mongóis, Japoneses, Esquimós e Chukchis, também serão avaliados com relação a características genéticas do cromossomo Y; do DNA mitocondrial (mtDNA), do gene LDLR; e do genoma nuclear. Estas características são tomadas como “marcadores” da diversidade genética.

A partir daí os pesquisadores pretendem estimar os valores da diversidade genética dos diferentes marcadores e quantificar que proporção desta diversidade é devida à variabilidade intra e interpopulacional.

Esses resultados devem possibilitar a dedução dos níveis da contribuição parental (de cada grupo étnico) e a possível ocorrência de cruzamento étnico-preferenciais na história destas populações.

Será possível também deduzir a ocorrência de fenômenos microevolutivos em cada população e estabelecer, a partir dos dados deste estudo e de outros, o(s) padrão(ões) migratório(s) dos primeiros americanos.

Os pesquisadores esperam assim determinar a contribuição de cada um dos grupos parentais para a formação da população gaúcha. Será avaliada a possibilidade da existência, em grupos miscigenados da região do pampa do Rio Grande do Sul, de linhagens de populações nativas extintas (do grupo Pampeano, como os índios Charruas e Minuanos).

Para a efetivação da pesquisa o estado do Rio Grande do Sul será dividido, inicialmente, em sete mesoregiões geográficas de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Dentro de cada região, serão coletadas amostras de DNA após esclarecimento sobre o projeto e consentimento por escrito dos indivíduos doadores. Amostras (sangue ou saliva) de 25 indivíduos não aparentados serão coletadas em quatro distintas localidades dentro de cada região, perfazendo o total de 100 indivíduos amostrados para cada uma das 7 regiões consideradas.

As amostras de outros nativos americanos e populações relacionadas (Na-Denes, Japoneses, Esquimós Siberianos, Chukchis e Mongóis) já estão coletadas e encontram-se estocadas no Departamento de Genética da UFRGS.

Tanto a coleta das amostras quanta a utilização das mesmas para estudos de natureza evolutiva foram aprovadas pelo Comitê Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP).

A investigação dos marcadores será realizada a partir dos procedimentos padrões, os quais já vêm sendo adotados com sucesso em outros projetos que estão sob a responsabilidade dos pesquisadores envolvidos neste trabalho.

A quase totalidade do estudo laboratorial será desenvolvida em laboratórios vinculados ao Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, o qual apresenta plenas condições para a execução do mesmo.

Parte do material também será testado nas instalações do Centro de Biologia Genômica e Molecular da Faculdade de Biociências da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Qual a importância da pesquisa?

A caracterização biológica das populações estudadas é importante tanto do ponto de vista acadêmico como aplicado. No primeiro caso, haverá informação quanto à origem, padrões migratórios, fluxo gênico, expansões e reduções populacionais, bem como parâmetros evolutivos das mesmas, contribuindo para o esclarecimento de sua história. Por outro lado, esta informação também será valiosa na identificação de eventuais fatores de risco específico no que se refere a patologias (doenças).

No que diz respeito ao povo gaúcho, vale lembrar que eles podem representar um verdadeiro reservatório de genomas de povos extintos. Avaliar a existência, em populações miscigenadas, particularmente da região do pampa do Rio Grande do Sul, de linhagens do DNA de populações ameríndias extintas (como os Charruas e Minuanos), é uma possibilidade ímpar na busca do conhecimento sobre protagonistas de nossa própria história, dos quais pouco se conhece.

Área do Conhecimento

Ciências Biológicas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Genética
Portuguesa Evolução
Portuguesa América
Portuguesa Gaúcho

ODS

ODS 3: Saúde e Bem-Estar
ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura

Referência da Pesquisa Original

SALZANO, Francisco Mauro Salzano; BORTOLINI, Maria Cátira. Os gaúchos e os primeiros colonizadores do continente – genômica populacional. 2003.

Material Complementar

Revista Pesquisa FAPESP nº 54, São Paulo, 2000
Genética e genômica: 135 anos de investigação científica Francisco M. Salzano.
revistapesquisa.fapesp.br

Revista Ciência Hoje, nº 29, 2001
Darwinismo e revolução molecular. Francisco M. Salzano.
www2.uol.com.br/cienciahoje

Revista Ciência & Ambiente, nº26, 2003
DNA e evolução humana. Francisco M. Salzano.
www.ufsm.br/cienciaeambiente

Data da publicação do texto de divulgação

October 26, 2003

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