Inventário da flora e da fauna da caatinga nordestina por meio do sensoriamento remoto

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Título para divulgação do texto

Inventário da flora e da fauna da caatinga nordestina por meio do sensoriamento remoto

Título original da pesquisa

Análise das variações da biodiversidade do bioma Caatinga com o apoio de sensoriamento remoto e Sistema de Informações Geográficas para suporte de estratégias regionais de conservação

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Revisão de texto

Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

O estudo analisa e propôs a criação de um inventário da flora e da fauna da caatinga nordestina por meio do sensoriamento remoto.

O que é a pesquisa?

A Associação Caatinga é uma organização não-governamental (ONG) cearense, que luta pela conservação da biodiversidade da Caatinga, ecossistema típico do nordeste brasileiro.

A preservação das plantas, animais e comunidades naturais que representam a diversidade da vida na Caatinga está no centro das ações dessa associação.

A Associação Caatinga também trabalha para construir uma rede de parceiros que contribuam para a conservação da biodiversidade da Caatinga, em um espectro que abranja as universidades, órgãos técnicos e de financiamento, proprietários rurais e pequenos agricultores, empresários, organizações do terceiro setor e instituições governamentais. A visão da associação é transformar-se em centro de referência na conservação da Caatinga através da difusão de experiências de sucesso e práticas exemplares.

Por outro lado, a estratégia oficial brasileira para a conservação da diversidade biológica é a de selecionar áreas prioritárias para conservação dos diferentes biomas: caatinga, cerrado, floresta amazônica, floresta atlântica e pantanal. Entre esses grandes biomas a situação da Caatinga também é crítica, pela falta de unidades de conservação e a inadequação dos atuais modelos de manejo.

A situação é mais crítica quando se considera a parte da Caatinga assentada sobre a depressão periférica do rio São Francisco, a chamada depressão sertaneja, considerada pela maioria dos especialistas como a unidade mais representativa da cobertura vegetal do semi-árido.

Considerando estes dados, e a indicação de áreas prioritárias para levantamento, esta pesquisa tem por objetivo realizar uma avaliação ecológica rápida da biodiversidade em três áreas de Caatinga, localizadas nos estados do Ceará, (Serra das Almas), Paraíba (Curimataú) e Pernambuco (Betânia), consideradas prioritárias para a realização de inventários biológicos.

Outra meta da pesquisa é colocar em funcionamento um SIG (Sistema de Informações Geográficas) que integrará informações ambientais e dados do registro da ocorrência de espécimes da flora (plantas) e fauna (animais).

Tomando essas três áreas como um estudo de caso da biodiversidade da Caatinga, este projeto pretende responder às seguintes questões:

a) qual a diversidade florística e faunística da Caatinga e como varia espacialmente?;
b) como varia a abundância dos organismos da Caatinga?;
c) como a diversidade biológica encontra-se distribuída espacialmente, em resposta a variações geomorfológicas, pedológicas (isto é, do solo) e climáticas?;
d) em que escala espacial essas variações podem ser medidas?;
e) que patrimônio genético as unidades de conservação locais estão efetivamente preservando?; e
f) qual o peso de impactos antrópicos (causados por atividades humanas) na vegetação e diversidade biológica?

Como é feita a pesquisa?

Em cada uma das três áreas de Caatinga, está sendo realizado o mapeamento da cobertura vegetal por fitofisionomia (paisagem característica). Em cada fitofisionomia será realizado o levantamento da diversidade, abundância e distribuição animal e vegetal.

A partir dessas informações serão elaborados mapas com o estado de conservação da vegetação por fitofisionomia, acompanhados de listas das espécies com as respectivas abundância e distribuição, principais ameaças e sugestões de estratégias para minimizar as ameaças dos diferentes grupos estudados.

As coleções biológicas serão depositadas em herbários e coleções zoológicas e os resultados e conclusões, na forma de CD-ROM, serão enviados para órgãos ligados ao planejamento ambiental. Os resultados desta pesquisa, quando finalizada, serão disponibilizados on-line no site da Associação Caatinga. Nesse formato, os dados podem ser manipulados de forma mais flexível, respondendo a consultas com diferentes finalidades.

Mas especificamente, os métodos da pesquisa prevêem:

Estudar a diversidade da flora e da fauna da Caatinga, sua distribuição e quantificação espacial atual através de dados de sensoriamento remoto os mais recentes possíveis, correlacionando-os, através da utilização do SIG, com as variáveis ambientais e o estado de conservação das áreas estudadas;·
Conhecer a composição florística e a estrutura da comunidade (densidade, diversidade e abundância e idade das espécies) nas diferentes fitofisionomias das três áreas estudadas;
Conhecer a diversidade e a abundância de vertebrados (anfíbios, répteis, aves e mamíferos) por fitofisionomia nas áreas de estudo propostas. Na área de Curimataú serão incorporadas também as listagens da fauna de peixes e insetos e na Serra das Almas, da fauna de formigas e aranhas;
Conhecer a diversidade da avifauna (aves) através da observação e gravação de vocalizações (cantos), capturas com redes e registros fotográficos, censos visuais, identificações taxonômicas, e organização de bancos de dados do arquivo sonoro e fotográfico, para posterior publicação;
Conhecer a diversidade dos mamíferos através de métodos que incluem coleta e fixação (no caso dos animais de pequeno porte), observações diretas e procura de evidências indiretas como pegadas, tocas, etc. (para mamíferos de médio porte), entrevistas com moradores e levantamentos bibliográficos. Os pesquisadores também realizarão o registro de pequenos mamíferos terrestres e arborícolas. Entre os métodos usados para registro das espécies contam-se armadilhas e vários tipos de marcação de animais (como a tricotomia – tipo de corte – da cauda dos sagüis para permitir reconhecimento à distância), a tatuagem da orelha (em ratos, carnívoros, etc) e a tatuagem na coxa de macacos e marsupiais;
Realizar o registro de mamíferos alados (como os morcegos) e de médio porte (com armadilhas para a captura e equipamento fotográfico acionado por sensores infravermelhos dispostos em trilhas pré-selecionadas). Todos os animais capturados serão identificados, tombados (conservados em formol ou outro meio) e incluídos no banco de dados, visando publicação de resultados;
Realizar o levantamento faunístico de répteis (cobras, lagartos) e anfíbios (rãs, sapos), através de coleta e fixação de espécimes (em expedições realizadas em diferentes estações do ano). Os animais capturados serão identificados, conservados e tombados. Os resultados estão organizados em um banco de dados para futuras publicações;
Conhecer a diversidade de peixes na bacia de Curimataú, incluindo a coleta e fixação de espécimes e as mesmas etapas previstas para os outros animais (mamíferos pequenos, sapos, cobras e lagartos). Estes passos metodológicos são essencialmente seguidos, também, para a coleta e registro da fauna de aranhas e de formigas na Serra das Almas, e da diversidade de insetos (abelhas, besouros) em Curimataú;
Publicar os resultados dos levantamentos faunísticos em jornais científicos, produzir e disseminar CDs-ROM com os relatórios e inserir as informações em bancos de dados digirais;
Detectar possíveis espécies raras e/ou ameaçadas de extinção na fauna e flora, assinalando-as especialmente;
Determinar qual a similaridade ou dissimilaridade da biota (o conjunto dos seres vivos) entre as diferentes fitofisionomias estudadas, dentro de cada área e entre as três (Betânia, Curimataú e Serra das Almas) para se avaliar a percentagem de espécies comuns entre as fitofisionomias da Caatinga e sua relação com o ambiente;
Organizar coleções científicas de referência das áreas estudadas;
Treinar especialistas do projeto no uso e implantação de Bases de Dados Geográficos (BDG) e na avaliação conjunta da fauna e flora estudada nas três áreas com representantes de cada grupo de trabalho (Mapeamento, Botânica, Artrópodes, Anfíbios, Répteis, Aves e Mamíferos); e
Organizar um “workshop” com representantes de cada grupo de trabalho para apresentação e entrega dos relatórios individuais, treinamento e consolidação do BDG e avaliação conjunta da flora e da fauna estudadas.

Qual a importância da pesquisa?

Um diagnóstico da percentagem de áreas onde a vegetação nativa está intacta ou mais conservada (ou seja, um mapeamento da cobertura vegetal atual) e o levantamento da fauna e da flora vão compor um retrato da biodiversidade, do estado de conservação e das principais ameaças aos recursos biológicos existentes na Caatinga.

Dessa forma será possível determinar quais os principais ecossistemas a serem preservados para a sobrevivência das espécies nativas e para o planejamento ambiental, fornecendo a localização e uma avaliação precisa dos raros remanescentes originais das principais classes de vegetação nativas, ameaçados de extinção.

Os primeiros beneficiados deste trabalho são os membros de sua própria equipe, que adquirem condições de fazer uma amostragem mais efetiva dos diferentes tipos de vegetação local e de entender os mecanismos de interações entre o ambiente e diversas variáveis (principalmente as de origem humana).

As autoridades locais e regionais vão ganhar mais um instrumento para o manejo sustentado de suas terras e para as medidas de proteção da vida silvestre.

Além disso, a publicação de um inventário geral florístico e faunístico das áreas estudadas será uma contribuição significativa para o conhecimento da Caatinga do Nordeste Oriental em termos biogeográficos e ecológicos.

Também devem ser publicados trabalhos sobre cada uma das áreas estudadas e serão formados grupos de estudo, o que pode contribuir para a política de conservação da Caatinga.

A montagem de um grande banco de dados georeferenciado, com a flora e a fauna das três áreas por fitofisionomia, e a integração entre os pesquisadores através da troca de informações e do treinamento na montagem e uso deste tipo de banco de dados, será um marco no avanço das informações florísticas e faunísticas para a biodiversidade da Caatinga e dos conhecimentos do corpo técnico deste projeto.

As coleções científicas resultantes do projeto servirão de base para facilitar trabalhos futuros na identificação da biota da Caatinga.

Finalmente, é importante assinalar que listar a biota ameaçada de extinção é o ponto fundamental para as decisões políticas sobre medidas preventivas, como a ampliação de unidades de conservação já existentes e/ou criação de outras e a implantação de programas de educação ambiental voltados para a conservação da biodiversidade da Caatinga. Este tipo de educação é essencial para minimizar a perda da biodiversidade, através da conscientização das populações locais.

Área do Conhecimento

Ciências Biológicas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Inventário
Portuguesa Fauna
Portuguesa Caatinga
Portuguesa Sensoriamento

ODS

ODS 15: Vida Terrestre
ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima

Referência da Pesquisa Original

ARAÚJO, Francisca Soares de Araújo; RODAL, Maria Jesus Nogueira; BARBOSA, Maria Regina Vasconcelos. Análise das variações da biodiversidade do bioma Caatinga com o apoio de sensoriamento remoto e Sistema de Informações Geográficas para suporte de estratégias regionais de conservação. 2003.

Material Complementar

Geoprocessamento para projetos ambientais, de Câmara, G. e Medeiros, J.S, INPE, São José dos Campos/SP, 1996.

Brasil 500 pássaros. Editora ELETRONORTE, Ceará, 2000 (acompanha CD-ROM).

Guia sonoro das aves do Brasil, CD 1, de Vielliard, J. M. E. Editora Sonopress, Manaus, 1995.

Ornitologia Brasileira, de Sick, H. Editora Nova Fronteira, Rio de Janeiro, 1997.

Todas as aves do Brasil. Guia de campo para identificação, de Souza, D. Editora Dall, Feira de Santana, BA, 1998.

Imagem em desaque: . Otévio Nogueira.

Data da publicação do texto de divulgação

September 22, 2003

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