Inventário das espécies vivas na Serra do Cachimbo e identificação de áreas de alta biodiversidade

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Título para divulgação do texto

Inventário das espécies vivas na Serra do Cachimbo e identificação de áreas de alta biodiversidade

Título original da pesquisa

Paisagens e biodiversidade: uma Perspectiva Integrada para Inventário e Conservação da Serra do Cachimbo

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Autores do texto original

Resumo

Tendo em conta a crescente intervenção humana numa região de alto valor biológico (Serra do Cachimbo), este estudo pretende redobrar empenhos na realização de um levantamento ambiental com o objetivo de proteger as áreas de alta biodiversidade nessa regIão.

Tipo

Projeto de pesquisa

O que é a pesquisa?

A Serra do Cachimbo localiza-se entre a região Sul do Estado do Pará e o Norte do Estado do Mato Grosso, em território dos municípios de Apiacás (MT), Jacareacanga e Novo Progresso (PA).

Na Serra do Cachimbo a integridade ecológica das paisagens e da biodiversidade associada está severamente ameaçada pela exploração madeireira, prospecção mineral, ocorrência de queimadas indiscriminadas, fragmentação dos hábitats naturais e ritmo crescente de desenvolvimento.

Pouco conhecida em relação à fauna e flora que abriga, esta região vem sendo apontada como prioritária para a realização de inventários que subsidiem políticas regionais de conservação. Ali existe um mosaico interessante de tipos diferentes e peculiares de vegetação, resultando em grande heterogeneidade ambiental, com alta diversidade de espécies, muitas das quais típicas da área, em ambientes que mesclam elementos amazônicos e elementos do cerrado.

Diante desse quadro, e levando em conta a crescente intervenção humana numa região de alto valor biológico, pesquisadores do Museu Paraense Emílio Goeldi, da Associação Pró-Carnívoros e da Universidade de Brasília estão empenhados na realização de um levantamento ambiental com o objetivo geral de:

aumentar o conhecimento da diversidade biológica da Serra do Cachimbo, através de uma análise integrada dos padrões geográficos de mosaicos de paisagem e da diversidade associada a esses mosaicos e,
priorizar e indicar áreas de alta biodiversidade, com conseqüências diretas sobre as estratégias e a política regional de conservação do sudeste amazônico.

Como é feita a pesquisa?

A realização da pesquisa subdivide-se portanto em duas atividades principais:

A seleção das áreas de estudo, com elaboração de cartas temáticas da vegetação, relatórios de descrição, mapas logísticos e a amostragem da biota (conjunto dos seres vivos).

Para a Seleção das Áreas de Estudo o primeiro passo é o reconhecimento dos mosaicos de paisagem, que permite identificar a disposição espacial dos macro-ambientes. Isso possibilita o mapeamento das fitofisionomias (fisionomias da vegetação). O reconhecimento dos tipos fitofisionômicos que compõem o mosaico da paisagem é feito por sobrevôo e por uma missão em campo.

O sobrevôo e a missão permitem checar e fazer uma descrição sumária dos tipos vegetais, associar os padrões de imagens de satélite com os tipos observados, adquirir coordenadas geográficas com uso do Sistema de Posicionamento por Satélite (Global Positioning System - GPS) e fotografar diferentes tipos de formações vegetais.

Foram planejadas duas visitas à área, conforme as estações, para obtenção de amostras de no mínimo 3 tipos fitofisionômicos a cada visita. Cada visita tem duração aproximada de 30 dias, em períodos não superiores a 10 dias de amostragem para cada tipo.

As visitas vão descrever as fisionomias e a diversidade associada; a variação espacial e temporal na abundância, riqueza e diversidade dos diferentes grupos; e a realização de registros sobre hábitats, hábitos, ocorrência de novas espécies, doenças e espécies ameaçadas.

Diferentes metodologias de coleta são usadas na pesquisa. A flors será estudada através de Pontos de Observação (PO’ s) e Inventários Fitossociológicos (Ifs) . Nos PO’s são obtidas amostras qualitativas que reúnem informação sobre a identidade da flora, freqüência ou ocorrência relativa e os tipos de formas de vida existentes em cada tipo de vegetação. Nos Ifs em contraste, são recolhidas amostras quantitativas da composição da flora e da estrutura da vegetação.

Será ainda determinado o grau de ameaça às áreas estudadas. Como ameaça será considerado o estado de conservação da área, proximidade de rodovias, áreas de garimpo e núcleos urbanos. As categorias variam de áreas extremamente ameaçadas; muito ameaçadas; ameaçadas e pouco ameaçadas.

Para caracterizar a avifauna (fauna de pássaros) serão utilizados contatos visuais, contatos auditivos (com auxílio de gravações), captura de espécimes, entrevistas como moradores (sobre animais caçados e domesticados) e coletas (com auxílio de espingardas e empalhamento ou fixação dos espécimes).

Para caracterizar as populaçôes de cupins (térmitas) será feito um levantamento rápido, com coleta manual intensiva em pontos definidos distribuídos igualmente entre os vários tipos de vegetação. Os cupins serão então fixados em álcool 80% e etiquetados para posterior identificação.

Quanto à Fauna de Aranhas, será necessário usar técnicas muito diferentes como armadilhas de queda; peneiramento e extração dos organismos da camada de folhas, galhos e terra que cobre o solo (a serapilheira); a técnica chamada guarda-chuva entomológico (espécie de saco aberto pendurado nas árvores que recolhe insetos quando os ramos são agitados); redes de varredura (passadas sobre a vegetação rasteira); coletas manuais diurnas e noturnas, etc.

Caracterização da Herpetofauna
Já para caracterizar a herpetofauna (conjunto de répteis e anfíbios) a amostragem será feita através de coleta manual e de utilização de armadilhas do tipo alçapão.

Para identificar mamíferos serão feitas observações diretas e identificações durante deslocamentos em trilhas nos períodos noturno e diurno, com ou sem o auxílio de chamariz (“playback”). Paralelamente, serão feitas observações indiretas através da detecção de pegadas, fezes, vocalizações e será utilizado um sistema de câmeras fixas adaptadas a sensores de movimento para o registro de mamíferos terrestres de médio e grande porte. Pequenos mamíferos não voadores serão capturados através de armadilhas. Mamíferos voadores serão coletados com a utilização de redes de neblina.

Todas os espécimes fixados e/ou coletadas serão tombados nas coleções do Museu paraense Emílio Goeldi e da Universidade de Brasília. A equipe envidará todos os esforços, também, para respeitar as comunidades indígenas habitantes da região.

Finalmente a identificação das áreas de alto valor biológico para fins de conservação compreende diversas etapas. A primeira consiste no mapeamento das distribuições das espécies.

Para o desenvolvimento dessa etapa as informações dos diversos inventários (localização dos locais de amostragem, resultados dos inventários) serão transferidas para uma base de dados digital.

Na próxima etapa, ocorre a transformação da informação numérica em informação temática, resultando em mapas temáticos (mapas sobre uma única espécie, por exemplo). Com esses mapas é possível saber se os tipos da cobertura vegetal tem algum papel na distribuição espacial da biodiversidade.

Dispondo do conjunto de produtos gerados até então procede-se finalmente ao processo de priorização (dar prioridades) das áreas de alto valor biológico. As áreas priorizadas serão georreferenciadas (GPS), colocadas em banco de dados e mapeadas.

A indicação das áreas será feita através da discriminação espacial, diagnóstico das áreas priorizadas e justificativa baseada nos critérios de importância ecológica, biogeográfica e do grau de ameaça.

Qual a importância da pesquisa?

Segundo relatórios internacionais, a ecorregião onde se situa a Serra do Cachimbo está sob pressão de colonização desde a abertura da estrada BR 163, em 1976.

A densidade demográfica e a consequente pressão humana produziram altas taxas de desmatamento para agricultura de pequena escala e a exploração madeireira tem aumentado consideravelmente.

A área também é palco de conflitos fundiários pela posse da terra ou por invasão para retirada de madeira, especialmente o mogno (Swietenia macrophylla), espécie de alto valor que ocorre nas florestas ombrófilas densas no sopé das serras.

É comum a atividade garimpeira de ouro, na região de Peixoto de Azevedo, com consideráveis danos ambientais para os leitos dos rios. A expansão dos núcleos urbanos no entorno da serra torna ainda mais vulnerável a área do Cachimbo.

Em função desse quadro os resultados dessa pesquisa são importantes porque podem aumentar significativamente o conhecimento da fauna de aves, mamíferos, répteis, cupins, aranhas e da flora no Sul do Pará e Norte de Mato Grosso.

Além disso a pesquisa permite identificar habitats com notável diversidade de espécies. Esses resultados também permitirão formular estratégias para conservação de biodiversidade no sudeste amazônico, utilizando análises integradas de relações espaciais entre cobertura vegetal e diversidade animal. Os resultados da epsquisa serão disponibilizados na Internet através de uma base de dados e de cartas temáticas sobre a biodiversidade do sudeste amazônico para consultas.

Área do Conhecimento

Ciências Biológicas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Biodiversidade

ODS

ODS 15: Vida Terrestre
ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima

Referência da Pesquisa Original

NUNES, Andréa. Paisagens e biodiversidade: uma Perspectiva Integrada para Inventário e Conservação da Serra do Cachimbo. 2003.

Material Complementar

Imagem em destaque: Ana Zinger.

Data da publicação do texto de divulgação

June 26, 2003

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