Cientistas comprovam relação bioquímica entre emissões de gases da floresta e regime de chuvas do clima amazônico

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Cientistas comprovam relação bioquímica entre emissões de gases da floresta e regime de chuvas do clima amazônico

Título original da pesquisa

Formação de aerossóis orgânicos através da foto-oxidação do isoprene

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Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

O estudo enfatiza o mecanismo de formação de aerossóis na floresta tropical.

Tipo

Artigo de periódico

O que é a pesquisa?

Cresce entre os cientistas a convicção de que a Amazônia exerce um papel essencial na derterminação do clima regional, continental e até global. Segundo as hipóteses examinadas pelos especialistas, a vegetação amazônica seria a responsável pela liberação, para a atmosfera, de imensas quantidades de aerossóis, que são partículas sólidas ou líquidas em suspensão dentro de um gás, e um dos componentes essenciais da formação das nuvens.

A importância dos aerossóis, por sua vez, deriva exatamente de sua possibilidade de agirem como núcleos de condensação das nuvens e de dispersão e absorção da luz solar. De fato, para que uma nuvem se forme são precisos pelo menos dois ingredientes: vapor de água e partícula de aerossóis, chamadas núcleos de condensação de nuvens. Os aerossóis tem destacado papel, portanto, no mecanismo de formação de chuvas.

Por isso, o funcionamento do sistema climático da Amazônia, e a complexa relação entre a floresta e o clima amazônico sempre foram aspectos intensamente investigados pelos cientistas. Nesta pesquisa, cientistas de todo o mundo, congregados no projeto denominado Experimento LBA (Experimento de Grande Escala da Biosfera-Atmosfera da Amazônia), e em seu Instituto do Milênio, focaram sua atenção sobre o mecanismo de formação de aerossóis na floresta tropical. Pela equipe brasileira participaram cientistas e pesquisadores do Instituto de Física da Universidade de São Paulo.

Como é feita a pesquisa?

A atmosfera natural da Amazônia possui um vigoroso sistema hidrológico, isto é, caem muitas chuvas, e em grande quantidade, para manter o ambiente natural da floresta tropical úmida. Para existires tais índices de precipitação pluviométrica, porém, são necessários núcleos de condensação em número significativo.

Era neste ponto que residia a maior dificuldade científica, pois quando os pesquisadores mediam a concentração destas partículas (os aerossóis) na atmosfera amazônica, sempre faltavam compostos químicos orgânicos que pudessem fechar o balanço do número de partículas para a produção de nuvens. Ou seja, os cientistas encontravam as partículas de condensação, mas não sabiam de onde elas vinham, pois não tinham descoberto os compostos quimio-orgânicos que as formavam.

De fato, as partículas primárias emitidas pela vegetação não podima responder pela formação das nuvens sobre a Amazônia, por serem produzidas num número muito pequeno para a magnitude do fenômeno.

Os cientistas também sabiam que outros compostos orgânicos emitidos pela vegetação, chamados terpenos, participam da produção de partículas. Entretanto, embora os compostos terpenóides dominem a produção de partículas orgânicas em áreas de florestas temperadas, não são tão importantes na Amazônia, que é uma região tropical.

A solução veio através da investigação de outro composto orgânico volátil (isto é, um gás), chamado isopreno, emitido pela vegetação tropical em maiores quantidades. Até a difusão dos resultados desta pesquisa desconhecia-se a possibilidade do isopreno atuar como precursor (formador) de partículas.

A descoberta de um novo composto químico na fase de aerossól, chamado “2-methylthreitol” (C5H7O4), aponta para a resolução deste problema científica. O composto descoberto é produzido pela oxidação fotoquímica de isopreno (isto é, o isopreno exposto à luz solar transforma-se no “2-methyltheritol”.

Agora sabe-se que não apenas as emissões de isopreno podem produzir partículas de aerossóis e núcleos de condensação de nuvens, como também que podem ser o elo entre o funcionamento ecológico da floresta e o clima na Amazônia. A descoberta representa um passo importante na elucidação dos mecanismos de controle climático pela floresta.

A descoberta do “2-methylthreitol”, auxilia no fechamento dos cálculos relativos à formação de nuvens e precipitação de chuvas na Amazônia e aponta para uma ligação entre as emissões biogênicas da floresta e o clima sobre ela, já que o composto recém descoberto responde por uma fração significativa dos núcleos de condensação de nuvens.

Qual a importância da pesquisa?

A descoberta do aerossol “2-methylthreitol” é um expressivo avanço na compreensão do clima amazônico, e da influência da floresta na formação de nuvens e no regime de chuvas regional, continental e global.

A determinação experimental de uma “ponte” bioquímica entre as emissões da floresta amazônica e o clima, dá também uma nova perspectiva à importância da preservação desse ambiente, um dos mais ameaçados do planeta.

A pesquisa também se destaca como instrumento de compreensão mais geral do funcionamento do ecossistema amazônico pois, para tornar possível o desenvolvimento sustentável da Amazônia, é necessário conhecer seus mecanismos básicos.

Finalmente, através deste estudo, os cientistas brasileiros formam, em território nacional, especialistas altamente qualificados, aptos a estudar as condições climáticas e suas relações ecosistêmicas, subsidiando ações de sustentabilidade e preservação.

Área do Conhecimento

Ciências Biológicas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Amazônia
Portuguesa Aerossóis
Portuguesa Luz solar
Portuguesa Sistema climático

ODS

ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima
ODS 15: Vida Terrestre

Referência da Pesquisa Original

Disponível em: https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese1/ciencias-biologicas/144-cientistas-comprovam-relacao-bioquimica-entre-emissoes-de-gases-da-floresta-e-regime-de-chuvas-do-clima-amazonico . Acesso em 16 jun 2022.

Link da pesquisa original

Data da publicação do texto de divulgação

March 30, 2004

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