Avaliação das comunidades de sapos como bioindicadoras da saúde ambiental é meta de pesquisa na Amazônia Central

Item

Título para divulgação do texto

Avaliação das comunidades de sapos como bioindicadoras da saúde ambiental é meta de pesquisa na Amazônia Central

Título original da pesquisa

Avaliação do potencial de fatores abióticos como indicadores da diversidade de anuros em uma área da Amazônia central: subsídios para a conservação integrada de espécies

Imagem de capa

Revisão de texto

Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

Os pesquisadores estabeleceram métodos eficazes para estimar variações da biodiversidade.

Tipo

Projeto de pesquisa

O que é a pesquisa?

A transformação de ambientes amazônicos em campos agrícolas e pastagens, resultando em eliminação ou fragmentação da floresta, pode levar à perda da diversidade biológica existente, pela diminuição da riqueza de espécies e dos tamanhos das populações.

A importância global da biodiversidade explica porque entender os padrões e processos que a determinam seja tão crucial: essa compreensão é o primeiro passo para a conservação e o manejo (isto é, o uso sustentável) da própria biodiversidade.

Apesar disso, há poucos estudos sobre os fatores que determinam a distribuição de espécies dentro de uma escala local (uma área regional, etc).

Para os anfíbios, como sapos e rãs (chamados cientificamente de anuros), estudos indicam que a presença de certos tipos de micro-ambientes dentro da área de ocorrência das espécies pode ser mais importante que a área total de ocorrência, como fator determinante da diversidade.

Além disso, a simplicidade estrutural do ambiente (ou seja, uma certa uniformidade de paisagens/plantas/topografia/irrigação, etc.) pode determinar uma baixa diversidade.

Muitos fatores bióticos (como predação, competição) e abióticos (como contaminação da água, a abertura da copa de árvores da floresta) podem influenciar a dinâmica e a estrutura das espécies de anuros. Esses fatores podem ter efeitos diretos ou indiretos.

Trabalhos abordando diversidade de anuros adultos, geralmente envolvem comunidades da serapilheira (a camada de folhas misturada com terras, galhos, frutos, etc.,que recobre o solo da mata) em regiões tropicais do Velho e Novo Mundos (principalmente na América Central), sendo os sítios amazônicos e centro americanos os mais ricos em número de espécies.

Segundo alguns desses estudos, a composição e a abundância das espécies de anuros neste micro-ambiente derivam de combinações de fatores físicos e variáveis bióticas, como a profundidade e a umidade da serapilheira, além de fatores históricos, como, por exemplo, distúrbios antrópicos (isto é, de origem humana).

Mas estes resultados foram obtidos em projetos realizados em escalas pequenas, e não representam a diversidade dentro de uma área mais ampla.

Além disso, uma questão científica atual é o debate sobre os declínios populacionais e possíveis extinções de anuros em escala global. Só que a maior dificuldade para avaliar a extensão desse problema é a falta de informações básicas, principalmente as necessárias para separar flutuações populacionais naturais de declínio efetivo.

Nesse contexto, os anuros podem ser bons sinalizadores das condições de impacto de florestas, sendo especialmente úteis como bioindicadores da “saúde” geral de um ecossistema, em função de seu complexo ciclo de vida e de sua dependência de condições ambientais específicas.

Considerando o debate em curso sobre fatores que determinam a diversidade de espécies, a destruição ambiental e o declínio e extinção de espécies de anuros, cientistas do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia propuseram, nesta pesquisa, estudar e relacionar fatores abióticos com a diversidade de anuros na Reserva Florestal Adolpho Ducke, área de proteção ambiental pertencente ao INPA, a 25 quilômetros de Manaus (Amazônia), com 10.000 hectares de floresta madura de terra firme divididos, no sentido norte-sul, por um platô central que separa as águas de duas bacias hidrográficas.

Esta proposta é parte de um projeto multidisciplinar que visa estabelecer métodos eficazes para estimar variações da biodiversidade. Seus principais objetivos são:

avaliar a influência de fatores abióticos (como granulometria e topografia – altitude e declividade) e bióticos (como estrutura e composição da vegetação e disponibilidade de insetos) sobre a estrutura da comunidade de anuros adultos;
avaliar se fatores abióticos (temperatura da água, oxigênio dissolvido, tamanho da poça d’água e do riacho, abertura do dossel) influenciam a distribuição das larvas de anuros;
estabelecer relação entre fatores abióticos e bióticos com a distribuição e estrutura de populações de anuros ; e
avaliar se a disponibilidade de poças afeta a composição das comunidades de larvas de anuros das duas bacias de drenagem que compõe a Reserva.
As metas específicas da pesquisa, por sua vez, apontam para:

a elaboração de um modelo explicativo para a distribuição da diversidade de anuros na Reserva Ducke;
a geração de subsídios para o Plano de Conservação e Manejo da Reserva Ducke;
a geração de dados para monitoramento de anuros de modo a avaliar efeitos de longo prazo de poluição, isolamento da Reserva, mudanças climáticas e outras alterações causadas pelos homens ;
a produção de um guia de campo ilustrado da anurofauna da Reserva Ducke; e
a produção de um protocolo de amostragem integrada da diversidade para áreas amazônicas.

Como é feita a pesquisa?

Inicialmente, na Reserva Florestal Adolpho Ducke foi delimitado um sistema de trilhas cobrindo 64 quilômetros quadrados, formando uma grade de 18 trilhas de 8 quilômetros de extensão cada. Ao longo das 9 trilhas existentes no sentido leste-oeste foram delimitados transectos (faixas retangulares, bem mais compridas que largas, transversais à trilha) de 250 metros de extensão. Há uma transecto a cada 1.000 metros, ou seja, 8 por trilha, num total de 72 transectos.

Durante o período da pesquisa de campo cada transecto é vasculhado durante uma hora. Esta hora de pesquisa ocorre entre 19 e 23 horas para a comunidade de anuros noturnos (terrestres e arborícolas), e entre 8 e 16 horas para a comunidade de anuros diurnos. Todos os anuros avistados e ouvidos são inventariados.

O inventário das espécies de anuros adultos, portanto, é realizado por amostragem visual e auditiva. Estes tipo de amostragem é apropriado tanto para os estudos de inventário quanto para o monitoramento das diferentes espécies.

Para a comunidade de anuros diurnos, a amostragem é colhida numa faixa de 2 metros ao longo da marcação de 250 metros. A área é revolvida para encontro dos indivíduos. Para a comunidade de anuros noturnos a amostragem é colhida ao longo de uma faixa de 10 por 250 metros.

Para cada indivíduo encontrado é realizada a identificação específica, registrada (se houver) a atividade de vocalização (para machos), identificado o micro-ambiente, medido o comprimento rostro-cloacal e anotado o sexo. As populações das espécies mais abundantes são escolhidas para se determinar a estrutura da população (período de recrutamento de juvenis, recrutamento de subadultos e razão sexual).

No caso das larvas dos anuros serão amostrados 38 pontos aquáticos na reserva Ducke, sendo 19 em cada bacia de drenagem. Em cada ponto será delimitada uma parcela de 50 por 50 metros acompanhando o leito do riacho. Nessa parcela é medida a abertura do dossel; e em cada poça d’água localizada são medidas as seguintes variáveis: tamanho da poça, oxigênio dissolvido, temperatura e profundidade. É medida também a largura do riacho. Os girinos serão coletados com uma peneira pequena.

Finalmente os locais de coleta (transectos e parcelas) serão ordenados com base na variação da composição de espécies de anuros adultos e larvas. A estrutura da vegetação também será analisada, bem como as relações entre variáveis ambientais e a composição total das comunidades de anuros adultos, anuros diurnos, anuros terrestres noturnos, anuros arborícolas noturnos e de larvas, através de vários sistemas de classificação.

Qual a importância da pesquisa?

Com este estudo será possível:

compreender melhor a distribuição das espécies de anuros amazônicos, para produzir um modelo explicativo da variação na distribuição de populações de anuros em relação às variáveis bióticas e abióticas;
fornecer bases para estudos posteriores sobre a dinâmica de populações de anuros e como estas respondem aos impactos ambientais, relativos a fragmentação florestal e ao crescimento urbano desordenado;
identificar espécies ou grupos de espécies que funcionem como bioindicadores de qualidade ambiental;
publicar os resultados em revistas científicas internacionais;
realizar duas tese de doutorado; e
elaborar um guia de campo ilustrado dos anuros da Reserva Ducke.
Espera-se obter dados aptos a subsidiar solidamente a elaboração de um plano de manejo para a Reserva Ducke. O desenvolvimento de um protocolo de análise integrada e sistemática dos padrões de variação da biodiversidade em florestas tropicais, a ser elaborado no decorrer da pesquisa, tem grande potencial de aplicação em outras pesquisas e no manejo racional da biodiversidade amazônica. Finalmente, os dados também estarão disponíveis para auxiliar o desenvolvimento de políticas públicas de gestão ambiental em Manaus.

Área do Conhecimento

Ciências Biológicas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Biodiversidade
Portuguesa Anfíbios
Portuguesa Sapo
Portuguesa Fatores bióticos

ODS

ODS 15: Vida Terrestre
ODS 14: Vida na Água

Referência da Pesquisa Original

Disponível em: https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese1/ciencias-biologicas/119-avaliacao-das-comunidades-de-sapos-como-bioindicadoras-da-saude-ambiental-e-meta-de-pesquisa-na-amazonia-central . Acesso 15 jun 2022 .

Link da pesquisa original

Data da publicação do texto de divulgação

December 12, 2003

Coleções

Reserva Florestal Adolfo Ducke (RFAD) Grade RAPELD / Reserva Ducke Anuro Anuro Anuro Larvas de Anuro Como cuidar do seu coração