Cientistas brasileiros vencem concorrência internacional para avaliar áreas de jazidas de ouro contaminadas por mercúrio
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Título para divulgação do texto
Cientistas brasileiros vencem concorrência internacional para avaliar áreas de jazidas de ouro contaminadas por mercúrio
Título original da pesquisa
Diagnóstico ambiental e de saúde sobre os efeitos do mercúrio em áreas de garimpo de ouro no Brasil e na Indonésia
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Autores do texto original
Fonte(s) Financiadora(s)
Resumo
O estudo mostra que os pesquisadores do país venceram concorrência internacional para avaliar áreas de jazidas de ouro contaminadas por mercúrio.
O que é a pesquisa?
O uso de mercúrio em jazidas de ouro, com a finalidade de separar o metal precioso do minério bruto, tornou-se um problema ambiental de alcance global. De fato, o mercúrio descartado no processo contamina as águas de rios, usadas para a lavagem dos minérios. Esse metal, pesado e extremamente tóxico, é acumulado nos organismos de espécimes da fauna e da flora. Se peixes contaminados por mercúrio forem consumidos na alimentação humana, há sérios riscos de desenvolvimento de uma doença que ataca o sistema nervoso, chegando, em casos extremos, a ser fatal.
A enfermidade decorrente da intoxicação por mercúrio foi descoberta por ocasião do pior caso de contaminação humana já causada pelo metal, na baía japonesa de Minamata, na década de 50.
Na ocasião, mercúrio em sua forma orgânica (metilmercúrio) foi lançado ao mar por uma industria química japonesa, a Chisso Chemical Corporation. O metilmercúrio é um composto químico bastante solúvel que pode se concentrar muito em peixes e mariscos os quais, para capturar oxigênio e se alimentarem, filtram grandes volumes de água. A contaminação da fauna marinha em Minamata foi a causa direta da intoxicação humana, já que as comunidades vizinhas à baía tinham, como principal dieta, peixes e frutos do mar. Os habitantes contaminados desenvolveram os sintomas de uma enfermidade que tornou-se conhecida como “doença de Minamata”.
A “doença de Minamata” afeta o sistema nervoso e o cérebro, causando dormência nos membros, fraquezas musculares, deficiências visuais, dificuldades de fala, paralisia, deformidades e morte. O metilmercúrio também ataca os fetos durante a gestação, sendo que até mesmo fetos de mães aparentemente saudáveis podem ser gravemente afetados. Um grande número de crianças com deformidades causadas pela doença foi registrado nos anos que se seguiram à catástrofe japonesa. O resultado da contaminação em Minamata se faz sentir até hoje. Morreram 1.435 pessoas e mais de 20.000 contaminadas ainda recebem indenizações.
Apesar disto, o mercúrio continua sendo amplamente usado para separar ouro em jazidas de ouro e segue, assim, a poluir rios e, conseqüentemente, os mares. Ecossistemas inteiros podem estar em risco, assim como as populações humanas fixadas neles, especialmente as crianças. Por outro lado, as medidas de restrição do uso de mercúrio nos países do primeiro mundo e nas grandes corporações levaram esse problema ambiental a se concentrar, em pequenos garimpos nos países mais pobres, de fiscalização diluída e ineficaz.
Diante desse quadro, a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (a UNIDO, das iniciais em inglês de United Nations Industrial Development Organization), órgão da ONU, lançou e coordena o Projeto Mercúrio Global, com financiamento do Global Environmental Facility (GEF), dentro do Programa de Águas Internacionais, e cuja meta focal é a diminuição da poluição por mercúrio em escala global.
Para desenvolver a primeira fase do Projeto, a UNIDO lançou uma concorrência mundial para execução de trabalhos de Diagnóstico Ambiental e de Saúde em seis países (Brasil, Indonésia, Zimbabwe, Laos, Tanzânia e Sudão), em áreas de mineração de ouro em pequena escala, onde foi constatada poluição por mercúrio, indicando um especialista como facilitador da relação entre a UNIDO e as instituições locais (Assistente do Ponto Focal).
O CETEM, Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência e Tecnologia, participou da disputa através de sua Coordenação de Desenvolvimento Sustentável, apresentando propostas para execução das pesquisas pedidas pelo edital de concorrência, em três países: Brasil, Indonésia e Zimbabwe. A proposta brasileira – fruto da experiência acumulada pelo CETEM em análise ambiental nas jazidas auríferas onde se emprega mercúrio – foi escolhida como vencedora no caso de dois países: a Indonésia, e o próprio Brasil.
Pesquisadores do CETEM coordenam o Projeto Mercúrio Global nestes países tendo, como parceiras associadas para o diagnóstico de Saúde, duas instituições com reconhecida experiência neste campo: o Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) sediado em Belém do Pará, no caso do Brasil e, no caso da Indonésia, o Instituto de Medicina Forense da Universidade de Munique, na Alemanha.
A enfermidade decorrente da intoxicação por mercúrio foi descoberta por ocasião do pior caso de contaminação humana já causada pelo metal, na baía japonesa de Minamata, na década de 50.
Na ocasião, mercúrio em sua forma orgânica (metilmercúrio) foi lançado ao mar por uma industria química japonesa, a Chisso Chemical Corporation. O metilmercúrio é um composto químico bastante solúvel que pode se concentrar muito em peixes e mariscos os quais, para capturar oxigênio e se alimentarem, filtram grandes volumes de água. A contaminação da fauna marinha em Minamata foi a causa direta da intoxicação humana, já que as comunidades vizinhas à baía tinham, como principal dieta, peixes e frutos do mar. Os habitantes contaminados desenvolveram os sintomas de uma enfermidade que tornou-se conhecida como “doença de Minamata”.
A “doença de Minamata” afeta o sistema nervoso e o cérebro, causando dormência nos membros, fraquezas musculares, deficiências visuais, dificuldades de fala, paralisia, deformidades e morte. O metilmercúrio também ataca os fetos durante a gestação, sendo que até mesmo fetos de mães aparentemente saudáveis podem ser gravemente afetados. Um grande número de crianças com deformidades causadas pela doença foi registrado nos anos que se seguiram à catástrofe japonesa. O resultado da contaminação em Minamata se faz sentir até hoje. Morreram 1.435 pessoas e mais de 20.000 contaminadas ainda recebem indenizações.
Apesar disto, o mercúrio continua sendo amplamente usado para separar ouro em jazidas de ouro e segue, assim, a poluir rios e, conseqüentemente, os mares. Ecossistemas inteiros podem estar em risco, assim como as populações humanas fixadas neles, especialmente as crianças. Por outro lado, as medidas de restrição do uso de mercúrio nos países do primeiro mundo e nas grandes corporações levaram esse problema ambiental a se concentrar, em pequenos garimpos nos países mais pobres, de fiscalização diluída e ineficaz.
Diante desse quadro, a Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (a UNIDO, das iniciais em inglês de United Nations Industrial Development Organization), órgão da ONU, lançou e coordena o Projeto Mercúrio Global, com financiamento do Global Environmental Facility (GEF), dentro do Programa de Águas Internacionais, e cuja meta focal é a diminuição da poluição por mercúrio em escala global.
Para desenvolver a primeira fase do Projeto, a UNIDO lançou uma concorrência mundial para execução de trabalhos de Diagnóstico Ambiental e de Saúde em seis países (Brasil, Indonésia, Zimbabwe, Laos, Tanzânia e Sudão), em áreas de mineração de ouro em pequena escala, onde foi constatada poluição por mercúrio, indicando um especialista como facilitador da relação entre a UNIDO e as instituições locais (Assistente do Ponto Focal).
O CETEM, Centro de Tecnologia Mineral do Ministério da Ciência e Tecnologia, participou da disputa através de sua Coordenação de Desenvolvimento Sustentável, apresentando propostas para execução das pesquisas pedidas pelo edital de concorrência, em três países: Brasil, Indonésia e Zimbabwe. A proposta brasileira – fruto da experiência acumulada pelo CETEM em análise ambiental nas jazidas auríferas onde se emprega mercúrio – foi escolhida como vencedora no caso de dois países: a Indonésia, e o próprio Brasil.
Pesquisadores do CETEM coordenam o Projeto Mercúrio Global nestes países tendo, como parceiras associadas para o diagnóstico de Saúde, duas instituições com reconhecida experiência neste campo: o Instituto Evandro Chagas (IEC), órgão da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) sediado em Belém do Pará, no caso do Brasil e, no caso da Indonésia, o Instituto de Medicina Forense da Universidade de Munique, na Alemanha.
Como é feita a pesquisa?
No caso do território brasileiro, a avaliação ambiental vai diagnosticar a área de garimpo da bacia do Rio Tapajós, que é a maior reserva garimpeira de ouro do país.
No caso indonésio, as áreas a serem diagnosticadas centram-se em dois cursos d’água onde ocorre exploração aurífera: o rio Talawaan, ao Norte da Ilha de Sulawesi e o rio Katingan, na porção central da ilha de Kalimantan.
Nos dois países o diagnóstico teve início com as campanhas de amostragem (isto é, expedições que colheram amostras de peixes e outros espécimes para avaliação do grau de contaminação).
Estas etapas de campo, no Brasil e Indonésia, já consumiram 50 dias de trabalho in loco, com envolvimento de 34 pesquisadores do CETEM e das instituições associadas.
Além do trabalho de diagnóstico, o CETEM ministrou treinamento teórico-prático no uso de um método de determinação semiquantitativa de mercúrio em peixes. Este método alternativo, por ser de baixo custo, permitirá a implantação de programas de monitoramento contínuo da qualidade do pescado em relação à contaminação mercurial, visando a prevenção de intoxicação. Dezesseis pessoas das comunidades envolvidas (5 de Itaituba e 11 da Indonésia) estão preparadas para realizar análises em pescado. Numa próxima etapa, minilaboratórios regionais irão abrigar as análises e a difusão destes programas.
A partir da análise química de amostras inorgânicas – água, sedimentos e solos – considerando as formas químicas de ocorrência de mercúrio, pode-se avaliar a origem do mercúrio – que também existe na natureza com teores variáveis – e seu possível destino (mobilidade e potencial de incorporação biológica). A forma química de ocorrência do mercúrio - elementar, iônico inorgânico ou como composto organo-metálico - em sedimentos, solos e organismos aquáticos deve ser referência na formulação de estratégias visando ao controle da poluição e à educação ambiental. Na presença de grandes quantidades do composto organo-metálico metilmercúrio, medidas urgentes devem ser adotadas para que seja preservada a saúde da população humana exposta ao risco.
No caso indonésio, as áreas a serem diagnosticadas centram-se em dois cursos d’água onde ocorre exploração aurífera: o rio Talawaan, ao Norte da Ilha de Sulawesi e o rio Katingan, na porção central da ilha de Kalimantan.
Nos dois países o diagnóstico teve início com as campanhas de amostragem (isto é, expedições que colheram amostras de peixes e outros espécimes para avaliação do grau de contaminação).
Estas etapas de campo, no Brasil e Indonésia, já consumiram 50 dias de trabalho in loco, com envolvimento de 34 pesquisadores do CETEM e das instituições associadas.
Além do trabalho de diagnóstico, o CETEM ministrou treinamento teórico-prático no uso de um método de determinação semiquantitativa de mercúrio em peixes. Este método alternativo, por ser de baixo custo, permitirá a implantação de programas de monitoramento contínuo da qualidade do pescado em relação à contaminação mercurial, visando a prevenção de intoxicação. Dezesseis pessoas das comunidades envolvidas (5 de Itaituba e 11 da Indonésia) estão preparadas para realizar análises em pescado. Numa próxima etapa, minilaboratórios regionais irão abrigar as análises e a difusão destes programas.
A partir da análise química de amostras inorgânicas – água, sedimentos e solos – considerando as formas químicas de ocorrência de mercúrio, pode-se avaliar a origem do mercúrio – que também existe na natureza com teores variáveis – e seu possível destino (mobilidade e potencial de incorporação biológica). A forma química de ocorrência do mercúrio - elementar, iônico inorgânico ou como composto organo-metálico - em sedimentos, solos e organismos aquáticos deve ser referência na formulação de estratégias visando ao controle da poluição e à educação ambiental. Na presença de grandes quantidades do composto organo-metálico metilmercúrio, medidas urgentes devem ser adotadas para que seja preservada a saúde da população humana exposta ao risco.
Qual a importância da pesquisa?
Em primeiro lugar, a vitória brasileira na concorrência internacional para realização das pesquisas de impacto ambiental e de saúde nos garimpos de ouro brasileiros e indonésios é um reconhecimento da qualidade de nossa ciência. De modo mais específico, reconhece-se também a experiência acumulada pelo CETEM no estudo e avaliação de impactos do mercúrio usado em jazidas de ouro, prática muito comum no Brasil.
Além disso, pela primeira vez, o CETEM leva estas pesquisas além das fronteiras brasileiras, mesmo enfrentando, na concorrência internacional, instituições estrangeiras de notória competência.
Finalmente, vale destacar a relevância de qualquer esforço que vise minimizar os danos ambientais e de saúde provocados pelo mercúrio nos cenários globais em que se faz presente. Dentre os produtos esperados como resultado do projeto GMP destacam-se:
desenvolver programas contínuos de monitoramento;
intensificar a capacidade de monitoramento de laboratórios locais;
disseminar técnicas limpas e eficientes de processamento do ouro;
intensificar o acesso a equipamentos e tecnologias;
padronizar aplicações seguras do mercúrio;
desenvolver bancos de dados das tecnologias utilizadas na mineração artesanal; e
desenvolver módulos de treinamento em tecnologia mineral e ambiental.
Além disso, pela primeira vez, o CETEM leva estas pesquisas além das fronteiras brasileiras, mesmo enfrentando, na concorrência internacional, instituições estrangeiras de notória competência.
Finalmente, vale destacar a relevância de qualquer esforço que vise minimizar os danos ambientais e de saúde provocados pelo mercúrio nos cenários globais em que se faz presente. Dentre os produtos esperados como resultado do projeto GMP destacam-se:
desenvolver programas contínuos de monitoramento;
intensificar a capacidade de monitoramento de laboratórios locais;
disseminar técnicas limpas e eficientes de processamento do ouro;
intensificar o acesso a equipamentos e tecnologias;
padronizar aplicações seguras do mercúrio;
desenvolver bancos de dados das tecnologias utilizadas na mineração artesanal; e
desenvolver módulos de treinamento em tecnologia mineral e ambiental.
Área do Conhecimento
Ciências Exatas e da Terra
Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras
Portuguesa
Diagnóstico ambiental
Portuguesa
Mercúrio
Portuguesa
Metal
Portuguesa
Doenças
Portuguesa
Fauna
ODS
ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura
ODS 15: Vida Terrestre
Referência da Pesquisa Original
PEREIRA, Saulo Rodrigues Filho; BOAS, Roberto Villas. Diagnóstico ambiental e de saúde sobre os efeitos do mercúrio em áreas de garimpo de ouro no Brasil e na Indonésia. 2003.
Material Complementar
Livros
Poconé: Um Campo de Estudos do Impacto Ambiental do Garimpo, de diversos autores, edição do Centro de Tecnologia Mineral, Rio de Janeiro, 1991.
Mercury in the Tapajos Basin, editado por Roberto C. Villas Boas, Christian Beinhoff e Alberto Rogério B. da Silva, editado por
GEF/UNIDO/CYTED/CETEM/IMAAC, Rio de Janeiro, 2001.
Avaliação do Impacto Ambiental em Rio Preto, Minas Gerais, de Saulo Rodrigues Filho, José Antônio de Andrade Ramos e Ciro Oliveira, edição do Centro de Tecnologia Mineral, Rio de Janeiro,1994.
Site do projeto
Poconé: Um Campo de Estudos do Impacto Ambiental do Garimpo, de diversos autores, edição do Centro de Tecnologia Mineral, Rio de Janeiro, 1991.
Mercury in the Tapajos Basin, editado por Roberto C. Villas Boas, Christian Beinhoff e Alberto Rogério B. da Silva, editado por
GEF/UNIDO/CYTED/CETEM/IMAAC, Rio de Janeiro, 2001.
Avaliação do Impacto Ambiental em Rio Preto, Minas Gerais, de Saulo Rodrigues Filho, José Antônio de Andrade Ramos e Ciro Oliveira, edição do Centro de Tecnologia Mineral, Rio de Janeiro,1994.
Site do projeto
Data da publicação do texto de divulgação
November 17, 2003