Desafios da educação para a diversidade: um olhar sobre as narrativas de crianças imigrantes como suporte para a inclusão em salas de aula

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Desafios da educação para a diversidade: um olhar sobre as narrativas de crianças imigrantes como suporte para a inclusão em salas de aula

Título original da pesquisa

Desafios da diversidade em sala de aula: um estudo sobre performances narrativas de crianças imigrantes

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Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

O estudo teve como objetivo fomentar a aceitação diante da diversidade, promover o intercâmbio de saberes entre indivíduos de distintas origens culturais, e também estimular o progresso de diversas formas de expressão, abrangendo a oralidade, a escrita, a expressão artística e a linguagem corporal.

Tipo

Artigo de periódico

O que é a pesquisa?

Esta pesquisa é resultado de um pós-doutorado realizado pela Professora Luciana Hartmann entre 2014 e 2015, em Paris, na França. O estudo, fomentado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), buscou analisar narrativas de crianças que imigraram para aquele país e foram acolhidas pelo sistema educacional de lá.

Na França existem, desde a década de 1950, políticas de amparo e integração às crianças imigrantes que não falam o idioma francês. Essas políticas foram criadas no contexto dos primeiros movimentos de independência das ex-colônias em África. Mas, atualmente, o sistema recebe também meninos/as de países de outros continentes, como: Colômbia, Moldávia, China e Estados Unidos.

A pesquisadora tomou como ponto de partida as vozes das crianças, tornando-lhes as protagonistas do presente estudo, o qual não analisa apenas o conteúdo da narrativa, mas também a forma como ela é contada. Os alunos narram histórias através da fala, da escrita e/ou de desenhos. A linguagem corporal também é levada em consideração, quando a autora trabalha essas histórias através de jogos teatrais, canções tradicionais populares e outras formas de expressão artística e cultural.

Assim como na França, as escolas do Brasil também são absolutamente diversas. Aqui, além de estudantes de outras nacionalidades, temos essa diversidade representada pelas várias ancestralidades que formam as populações das cinco partes do país. Com seu imenso território, composto por regiões que possuem características culturais bastante variadas, a pluralidade brasileira se reflete nos costumes, nos hábitos, nos saberes, nas festas, nas tradições, nos sotaques, nas gírias e em outras muitas expressões da cultura popular. Partindo de um olhar sobre a diversidade e o protagonismo das crianças imigrantes na França, o objetivo da presente pesquisa foi desenvolver e aperfeiçoar ferramentas para se trabalhar essa diversidade também nas salas de aula do Brasil – compreendendo-a e valorizando-a.

Como é feita a pesquisa?

A autora utilizou métodos relacionados à antropologia, às linguagens e às artes. Ela visitou duas escolas públicas parisienses que possuíam turmas de acolhimento para crianças imigrantes. Através de uma parceria com a professora francesa Noelle Ebe, que atua no equivalente ao Ensino Fundamental I brasileiro, a pesquisadora assistiu às aulas em uma classe para alunos de seis a doze anos. Eles são recebidos de forma contínua ao longo de todo o ano letivo e podem ser transferidos para outras turmas a qualquer momento. Isso ocorre quando seus familiares mudam para outras regiões da França ou conforme evoluem no aprendizado do idioma.

A autora distribuiu caderninhos para as crianças – os “diários de campo” – explicando que os antropólogos costumam usar esse tipo de recurso em seus estudos. Neles, elas poderiam registrar as histórias que quisessem. Aquelas que não sabiam ler e/ou escrever poderiam fazer desenhos, contar as histórias oralmente ou pedir aos pais/responsáveis para que eles as escrevessem.

A narrativa de dois irmãos de Guiné-Bissau foi uma das histórias que mais chamou a atenção da autora, por assemelhar-se bastante à história de Chapeuzinho Vermelho – frequentemente contada por outras crianças. Para cumprir os preceitos éticos da pesquisa científica e preservar a identidade dos meninos, a Professora Luciana trocou-lhes os nomes, referindo-se a eles como Demba e Adu – nomes considerados comuns no país de origem de ambos.

Os dois pediram para escrever sua história no computador da pesquisadora, no idioma nativo. Esta atitude deles, caracteriza, segundo Luciana, uma forma de resistência, porque conforme as normas vigentes, somente era permitida a língua francesa nesse ambiente escolar. A pesquisadora também notou que os irmãos tinham alguma relutância para se comunicarem, mas que isso não os impediu de contarem a história que queriam. De acordo com ela, buscar se comunicar de forma bem-sucedida, mas sem perder aspectos da sua própria cultura, é um dilema bastante comum entre imigrantes.

Qual a importância da pesquisa?

A pesquisa buscou promover a tolerância com a diversidade, estimular a troca de conhecimentos entre pessoas de origens culturais diferentes, bem como incentivar o desenvolvimento de vários tipos de linguagem: oral, escrita, artística e corporal. A autora observou e analisou a performance das crianças através de sua forma de se comunicar, o que envolveu não somente a linguagem falada, mas também a corporal e o contexto no qual ocorreu a comunicação. Assim, a pesquisa também acabou por disseminar entre os alunos o interesse por diferentes formas de expressão artística.

Além disso, o estudo encorajou os alunos a compartilharem suas histórias e, com isso, parte de sua cultura com os colegas e professores. Ao entrarem em contato com essas diversas histórias, os ouvintes são convidados a exercitarem a curiosidade sobre outras maneiras de se ver o mundo e a se sentirem atraídos por elas. Nesse sentido, a presente investigação se propôs a desenvolver não só novas ferramentas para se lidar com a diversidade na sala de aula, bem como a formular práticas pedagógicas que podem ser aplicadas também em escolas brasileiras, visando à integração de crianças de diferentes origens e nacionalidades.

A Professora Luciana participa do grupo de pesquisa “Imagens em Cena”, com o intuito de compartilhar e discutir temáticas como essa, com estudantes de graduação e pós-graduação. Os encontros, além de inspirarem investigações semelhantes e novos debates teóricos acerca do tema, proporcionam, também, reflexões sobre o resultado da pesquisa pós-doutoral da autora.

Ao longo dos anos que se seguiram ao seu trabalho de pesquisa, a autora retornou à França algumas vezes, propondo novos estudos relacionados a esse, com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Distrito Federal (FAP-DF). Atualmente, a pesquisa também recebe apoio do CNPq.

Área do Conhecimento

Ciências Humanas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Português educação infantil
Português imigrantes
Português diversidade cultural

ODS

ODS 4: Educação de Qualidade
ODS 10: Redução das Desigualdades

Referência da Pesquisa Original

Link da pesquisa original

Boletim de áudio

Data da publicação do texto de divulgação

December 21, 2023

Como citar este texto

Accorsi (2023)

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