Corante índigo reduz inflamação intestinal

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Título para divulgação do texto

Corante índigo reduz inflamação intestinal

Título original da pesquisa

Avaliação do efeito do alcaloide bis-indólico índigo em modelos experimentais de colite

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Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

Os pesquisadores avaliaram os efeitos benéficos do índigo no tratamento da Doença Inflamatória Intestinal (DII), uma inflamação crônica do trato digestório, principalmente do cólon (porção média do intestino grosso), caracterizada por dor abdominal.

Tipo

Tese ou dissertação

O que é a pesquisa?

Produtos naturais são importantes fontes para o desenvolvimento de novos medicamentos. O corante índigo, extraído de plantas conhecidas popularmente como anileiras, embora seja mais conhecido por dar a coloração azul ao jeans, também apresenta propriedades anti-inflamatórias e analgésicas.

Foi o que descobriram os pesquisadores do Laboratório de Produtos Naturais do Instituto de Biologia da Universidade de Campinas (Unicamp), sob orientação da professora Alba Regina Monteiro Souza Brito, que vem estudando, nos últimos dez anos, as propriedades anti-inflamatórias, antiulcerogênicas, antioxidantes e analgésicas do corante índigo. Recentemente, a pesquisadora Ana Cristina Alves de Almeida avaliou os efeitos benéficos do índigo no tratamento da Doença Inflamatória Intestinal (DII), uma inflamação crônica do trato digestório, principalmente do cólon (porção média do intestino grosso), caracterizada por dor abdominal, diarreia com sangue, perda de peso e cansaço. A DII compreende duas doenças – a Doença de Crohn e a retocolite ulcerativa.

Como é feita a pesquisa?

O estudo do efeito do índigo no tratamento da DII foi realizado em ratos e camundongos, por meio de três testes diferentes. No primeiro teste, os ratos foram divididos em sete grupos – um grupo controle (animais sem colite), um grupo com colite (sem tratamento) e cinco grupos com colite, tratados com diferentes doses de índigo. A diversidade de grupos é necessária para que sejam feitas comparações entre os animais tratados e os não tratados. A colite (inflamação do intestino grosso) foi provocada pela inoculação de uma substância irritante (chamada TNBS), através de sonda introduzida no reto dos animais. Os ratos com colite (exceto os do grupo sem tratamento) receberam índigo por quatro dias antes e um dia depois da indução da colite. Após 48 h da administração do TNBS, os ratos foram anestesiados e sacrificados. Na necrópsia, o cólon de cada animal foi removido para análise histopatológica, medição da extensão da lesão e quantificação de moléculas de inflamação, do estresse oxidativo e da atividade antioxidante, comparando todos os grupos (ratos sem colite, com colite e sem tratamento, com colite e tratados com índigo.

No segundo teste, camundongos foram divididos em grupos. A colite foi induzida por meio do fornecimento de água contaminada com uma substância chamada de DSS, por sete dias. Um dos grupos recebeu índigo via oral. Durante o teste, todos os camundongos foram avaliados quanto ao peso corporal, ocorrência de diarreia, presença de sangue nas fezes e consumo de ração. No oitavo dia do teste, os animais foram sacrificados e tiveram o cólon removido para análise das lesões, inflamação e geração de radicais livres. Esse teste buscou induzir nos camundongos quadro característico da retocolite ulcerativa.

No terceiro teste, o efeito do índigo foi avaliado no tratamento da colite associada ao câncer de cólon. Mais uma vez, camundongos foram divididos em seis grupos: grupo controle (formado por animais sadios que não receberam tratamento), grupo tratado com índigo (animais sadios, sem colite), grupo com colite (sem tratamento), grupo com colite tratado com índigo, grupo com colite e câncer (sem tratamento) e grupo com colite e câncer tratado com índigo. A colite foi induzida, mais uma vez, pelo fornecimento de DSS dissolvido em água aos animais, em três ciclos de sete dias, com intervalo de 15 dias entre os ciclos. Nos grupos com câncer, o surgimento dos tumores foi induzido pela injeção de uma substância chamada AOM. Os animais tratados receberam índigo diariamente, via oral, por nove semanas. Durante o teste, todos os camundongos foram avaliados quanto ao peso corporal, consumo de ração, mortalidade e comportamento. Os animais sadios, tratados e não tratados com índigo, foram monitorados para verificar possíveis sinais de intoxicação pelo índigo, a partir dos parâmetros: mortalidade, evolução de peso corporal, consumo de ração, peso e avaliação dos órgãos – coração, pulmões, rins e fígado.

O uso de animais nos experimentos científicos descritos foi aprovado pela Comissão de Ética no Uso de Animais da Unicamp.

Qual a importância da pesquisa?

No primeiro teste, o tratamento com índigo reduziu a inflamação, as lesões e promoveu o aumento de moléculas antioxidantes no cólon dos ratos tratados. No segundo teste, no qual a colite foi induzida pelo DSS, o tratamento não foi capaz de reduzir a diarreia e o aparecimento de sangue nas fezes dos animais, mas foi eficaz em evitar a perda de peso e a inflamação do cólon quando comparados os animais tratados com os não tratados. No teste de colite crônica associada ao câncer de cólon, o tratamento com índigo reduziu a mortalidade de animais, a perda de peso e a inflamação do cólon. No entanto, o tratamento não foi capaz de reduzir a diarreia e o aparecimento de sangue nas fezes. Quanto à toxicidade do índigo, não foram observadas alterações no comportamento dos animais tratados ou indícios de intoxicação.

Apesar de não promover melhora em todos os parâmetros avaliados, o tratamento com índigo reduziu os sinais de inflamação nos diferentes tipos de colite induzidas em ratos e camundongos. Os animais tratados ficaram, em geral, menos debilitados (maior peso e consumo de ração, menor mortalidade) do que os animais com colite não tratados. Estudos complementares serão necessários para aprofundar o conhecimento sobre o efeito do índigo na colite e garantir a ausência de toxicidade. Contudo, essa pesquisa indica que o índigo é um bom candidato a medicamento para tratamento de DII.

Área do Conhecimento

Ciências Biológicas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Produtos naturais
Portuguesa Corante
Portuguesa Medicamento
Portuguesa Plantas medicinais
Portuguesa Inflamação
Portuguesa Anti-inflamatório

ODS

ODS 3: Saúde e Bem-Estar
ODS 9: Indústria, Inovação e Infraestrutura

Link da pesquisa original

Data da publicação do texto de divulgação

March 8, 2016

Coleções

301.png 0299_2.jpg 0299_3.jpg Controle (sadio) Com colite não tratado Com colite tratado