Por que são feitas tantas cesarianas no Brasil?

Item

Título para divulgação do texto

Por que são feitas tantas cesarianas no Brasil?

Título original da pesquisa

Fatores associados à cesariana segundo fonte de financiamento na região Sudeste: estudo transversal a partir dos dados da pesquisa “Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento”.

Imagem de capa

Revisão de texto

Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

O estudo investiga os fatores socioeconômicos, demográficos, clínicos e obstétricos associados à cesariana entre mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Setor de Saúde Suplementar (SSS) da região Sudeste do Brasil.

Tipo

Tese ou dissertação

O que é a pesquisa?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) vem alertando para o crescente número de cesarianas no Brasil, que hoje ultrapassa metade dos nascimentos. Segundo a Organização, a cesariana é uma intervenção efetiva para salvar a vida de mães e bebês apenas quando indicada por motivos clínicos, ou seja, em situações específicas. A OMS recomenda que a taxa de cesarianas de países ou serviços de saúde não ultrapassasse 15%, pois taxas maiores não seriam justificadas sob o ponto de vista clínico e não implicariam em melhores condições de saúde materna ou neonatal. Ao contrário, diversos estudos apontam que a cesárea, sobretudo quando feita nos casos em que não é necessária, está associada à consequências negativas sobre a saúde materna e infantil, além de apresentar custos maiores ao sistema de saúde.
A variação das taxas de cesarianas é influenciada por diversos fatores, entre eles, a fonte de financiamento da assistência ao nascimento. Para compreender melhor essa influência, as pesquisadoras Bruna Dias Alonso e Flora Maria Barbosa da Silva, da Faculdade de Saúde Pública da Universidade Estadual de São Paulo (USP), investigaram os fatores socioeconômicos, demográficos, clínicos e obstétricos associados à cesariana entre mulheres atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e pelo Setor de Saúde Suplementar (SSS) da região Sudeste do Brasil.

Como é feita a pesquisa?

As pesquisadoras analisaram os dados de um estudo chamado “Nascer no Brasil: inquérito nacional sobre parto e nascimento”, com objetivo de identificar os fatores que levaram a realização de cesarianas. Foram utilizados somente os dados de 9.828 mulheres que tiveram seus bebês em hospitais da região Sudeste, entre fevereiro de 2011 e julho de 2012. A região foi escolhida porque compreende 40% da população brasileira, concentra a economia mais rica do país e possui grande parcela da população atendida pelo SSS.
As mulheres selecionadas foram divididas em dois grupos: as que tiveram seus bebês em hospitais do SUS e em hospitais do setor privado. Para cada grupo, foi possível calcular as chances de se ter uma cesariana de acordo com características socioeconômicas, demográficas, clínicas e obstétricas das parturientes, tais como: idade, cor da pele, escolaridade, situação conjugal, trabalho remunerado, classe econômica, localização do hospital onde o bebê nasceu, caso de cesárea anterior, problemas de saúde na gestação ou no trabalho de parto.

Qual a importância da pesquisa?

A cesariana foi mais frequente entre as mulheres atendidas pelo SSS do que pelo SUS. A cada 100 mulheres, 84 passaram por cesariana no setor privado, enquanto no SUS esse número foi menor: 45. No SUS, as mulheres com 35 anos ou mais, com trabalho remunerado e melhor escolaridade foram as mais submetidas à cesariana. Em contraposição, esses fatores não influenciaram a via de nascimento (cesariana ou parto normal) no SSS, no qual a fonte de financiamento da assistência à saúde foi determinante para a realização de um grande número de cesarianas desnecessárias.
É urgente regularizar a prática obstétrica, em especial no SSS, uma vez que esse é responsável pela atenção ao nascimento de uma parcela expressiva da população da região Sudeste. Também é necessário investigar a motivação que levou mulheres com melhores condições socioeconômicas optarem pela cesariana ou serem submetidas a ela no SUS. Mudanças estruturais nos serviços de saúde, independente da forma de financiamento e maior informação das mulheres e suas famílias sobre as consequências da forma de nascimento a curto e longo prazo são fundamentais para incentivar a escolha informada e mais adequada em relação à atenção ao parto.
Nascer no Brasil
Parto e nascimento são eventos transformadores na vida mulheres e bebês e, na maioria das vezes, não apresentam riscos. A pesquisa "Nascer no Brasil: Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento" foi coordenada pela Fundação Oswaldo Cruz e realizada com a participação de renomados pesquisadores de um grande número de instituições científicas do Brasil. Teve como objetivo conhecer os determinantes, a magnitude e os efeitos das intervenções obstétricas no parto, incluindo as cesarianas desnecessárias; descrever a motivação das mulheres para opção pelo tipo de parto; as complicações médicas durante o puerpério e período neonatal; bem como descrever a estrutura dos hospitais quanto à qualificação dos recursos humanos, disponibilidade de equipamentos, medicamentos e unidade de terapia intensiva (UTI) para adultos e neonatos.

Área do Conhecimento

Ciências da Saúde

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Cesariana
Portuguesa Nascimento
Portuguesa Parto

ODS

ODS 3: Saúde e Bem-Estar
ODS 10: Redução das Desigualdades

Referência da Pesquisa Original

ALONSO, Bruna Dias. Fatores associados à cesariana segundo fonte de financiamento na Região Sudeste: estudo transversal a partir dos dados de pesquisa 'Nascer no Brasil' Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento. 2015. Dissertação (Mestrado em Saúde Materno Infantil) - Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2015. doi:10.11606/D.6.2015.tde-07042015-113624. Acesso em: 2022-11-23.

Link da pesquisa original

Material Complementar

Data da publicação do texto de divulgação

August 3, 2015

Como citar este texto

CANAL CIÊNCIA. Por que são feitas tantas cesarianas no Brasil?. 2015. Disponível em: https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese1/ciencias-da-saude/231-por-que-sao-feitas-tantas-cesarianas-no-brasil. Acesso em: <data de acesso ao texto de divulgação>.

Coleções

1.jpg Figura 1