Ciência mede trocas de carbono entre a Amazônia e a atmosfera devido a extração seletiva, incêndio e regeneração florestal

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Título para divulgação do texto

Ciência mede trocas de carbono entre a Amazônia e a atmosfera devido a extração seletiva, incêndio e regeneração florestal

Título original da pesquisa

O impacto da extração madeireira e dos incêndios florestais no fluxo de carbono das florestas da Amazônia

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Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

O estudo procura estabelecer meta e estimar o papel da extração seletiva de madeira e do fogo na biomassa e na degradação de dois tipos de florestas da Amazônia.

Tipo

Projeto de pesquisa

O que é a pesquisa?

A medida das trocas de carbono (chamadas também de fluxo de carbono) entre os ecossistemas terrestres e a atmosfera representa um dado importante nas pesquisas sobre o futuro do clima global.

A alta concentração de gases do efeito estufa na atmosfera, entre eles o gás carbônico, esta favorecendo o aquecimento do planeta, fato que pode ter graves implicações ambientais.

Os principais fatores responsáveis pela emissão do gás carbônico para a atmosfera são a queima de combustíveis fosseis (petróleo e derivados, carvão, etc), e a queima e retirada da biomassa vegetal através das mudanças de uso da terra (desmatamento, extração seletiva de madeira e incêndios florestais).

Dados de satélite usados para monitorar grandes áreas estão começando a ser usados sistematicamente para medir o balanço entre a emissão e seqüestro de carbonos das florestas em geral, através do mapeamento do desmatamento, do reflorestamento e da regeneração florestal.

De acordo com a avaliação de florestas tropicais feita pela FAO/UNEP (Food and Agriculture Organization/ United Nation Environmental Program) cerca de 25% da área total de florestas produtivas foram derrubadas uma ou mais vezes nos 60-80 anos anteriores a 1980. Essa porcentagem deve ser consideravelmente maior atualmente.

Entretanto, o desmatamento e a regeneração florestal não são os únicos tipos de mudanças na cobertura vegetal que afetam o estoque de carbono na floresta e suas trocas com a atmosfera. Outros fatores que influenciam as trocas de carbono incluem a extração seletiva de madeira (isto é, a retirada e/ou exploração de determinadas espécies de árvores de valor comercial) e incêndios florestais.

Nas últimas décadas a extração seletiva de madeira e regeneração florestal (isto é, a recuperação da área florestal que sofreu desmatamento ou extração seletiva) têm tido importante contribuição no fluxo líquido de carbono entre a atmosfera e as florestas da zona temperada e boreal, mais do que qualquer outro tipo de cobertura vegetal nestas regiões.

Nos trópicos, a exploração seletiva de madeira assim como os incêndios florestais favorecidos por essa atividade, também exercem um importante papel na mudança desses fluxos, entretanto pouco se sabe sobre o tamanho dessa influencia nesse balanço e a possibilidade de medir a mesma em escala regional com auxilio de imagens de satélite.

Por isso, pesquisadores do Instituto de Pesquisas da Amazônia (IPAM) e do Woods Hole Research Center (WHRC) ligados ao Projeto LBA – Ecologia estão empenhados em pesquisas cuja meta é estimar o papel da extração seletiva de madeira e do fogo (incêndios florestais) na biomassa e na degradação de dois tipos de florestas da Amazônia: as ombrófilas densas e as de transição, o que pode ser determinante na atualização mais precisa das atuais estimativas dos fluxos de carbono da região.

Como é feita a pesquisa?

Para alcançar as metas propostas, os cientistas pretendem obter os seguintes dados:

a perda de biomassa devido à degradação por fogo e exploração madeireira;
a extensão da área e distribuição espacial da extração seletiva e dos incêndio florestais em três regiões com diferentes tipos de floresta dentro da Amazônia;
estimativas das áreas afetadas por fogo e exploração madeireira para a Amazônia, através de imagens de satélite; e
estimativas do impacto dessas mudanças na estrutura da floresta no fluxo líquido de carbono regional.
Para isso a pesquisa inclui estudos de campo em áreas que sofreram extração seletiva de madeira, incêndios florestais ou os dois tipos de degradação. Nessas áreas foram medidas a quantidade de madeira extraída, a biomassa viva e morta, assim como a regeneração. Também foi feita uma análise de imagens do satélite Landsat ETM para determinar a extensão da área afetada por tal degradação, e a distribuição espacial das áreas afetadas pela exploração madeireira e incêndios florestais em três áreas ao longo do arco do desmatamento na Amazônia.

Finalmente, os cientistas fazem a modelagem (isto é, a montagem de modelos teóricos) capazes de estimar, através de extrapolações, a influencia da degradação florestal por fogo e exploração madeireira no fluxo de carbono da região.

Portanto, primeiramente as imagens de satélite foram utilizadas em três regiões para identificar as cicatrizes deixadas pela extração seletiva de madeira (através da identificação dos ramais de arraste e dos pátios de estocagem da madeira em tora), e pelos incêndios florestais (através da identificação da concentração de árvores mortas, cinzas e carvão, ou seja, material não fotossintético).

Segundo, dados como a distribuição espacial das serrarias no Pará e outras regiões da Amazônia serão usados para auxiliar na extrapolação das estimativas da área afetada por este tipo de atividade e avaliar o quão facilmente a extração seletiva pode ser monitorada remotamente. O mapeamento de áreas afetadas pela exploração madeireira é de suma importância para corrigir as estimativas de fluxo de carbono e para entender a relação entre este uso da terra e a ocorrência de incêndios florestais.

Finalmente, os dados extensivos sobre distúrbios (hectares explorados e queimados) serão aplicados sobre um modelo a ser calibrado com os dados coletados em campo como mudanças na estrutura da floresta, abertura do dossel e biomassa viva e morta de modo a calcular as emissões e acúmulos de carbono resultantes desses tipos de degradação florestal.

Qual a importância da pesquisa?

Esta pesquisa insere-se dentro do Projeto LBA – Ecologia, que oferece excelente oportunidade para se obter estimativa espacialmente detalhada do impacto da degradação causada pelas atividades humanas como exploração madeireira e fogo na biomassa da floresta Amazônica.

Este estudo é valioso neste contexto, por integrar medições terrestres da biomassa e estimativas de distúrbios derivadas de satélites.

Os dados espaciais sobre a biomassa ajudarão a quantificar as emissões e os sumidouros de carbono (isto é, os locais e processos que eliminam o carbono) a partir da utilização de imagens de satélite na Amazônia.

Esses dados também são importantes pela contribuição que oferecem à interpretação das medições diretas de fluxo de CO2 (gás carbônico) nos locais onde o Projeto LBA instalou torres de monitoramento.

Assim, será possível, em tese, saber qual a porção de um sumidouro de carbono que pode ser explicada pela recuperação dos distúrbios passados (regeneração da floresta), em oposição a outras influências ambientais.

Área do Conhecimento

Ciências Biológicas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Extração de madeira
Portuguesa Fogo
Portuguesa Biomassa
Portuguesa Degradação
Portuguesa Floresta
Portuguesa Amazônia

ODS

ODS 13: Ação Contra a Mudança Global do Clima
ODS 15: Vida Terrestre

Referência da Pesquisa Original

Disponível em: https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese1/ciencias-biologicas/125-ciencia-mede-trocas-de-carbono-entre-a-amazonia-e-a-atmosfera-devido-a-extracao-seletiva-incendio-e-regeneracao-florestal . Acesso 15 jun 2022.

Material Complementar

Livros:
Flamas na Floresta: Origens, Impactos e Alternativas ao Fogo na Amazonia, de Nepstad, Moreira e Alencar, 1999, Banco Mundial.

As Mudanças Climáticas Globais e os Ecossistemas Brasileiros Moreira, de S. Schwartzman (ed.), 2000, IPAM, The Woods Hole Reserach Center, Environmental Defense.

Artigos:
O empobrecimento oculto da floresta Amazônica, de Nepstad, Veríssimo, Moutinho e Nobre, 2000, Ciência Hoje, 27(157): 70-73. 1

Cartilhas:
A importância das florestas em pé na Amazônia, de . Azevedo-Ramos, 2001, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM).

Perguntas e Respostas sobre Mudanças Climáticas, de Georgia Carvalho, Marcio Santilli, Paulo Moutinho e Yabanex Batista. 2002. IPAM.

Vídeos:
As Queimadas: prevenção e controle. T: 19’25’’. IPAM.

Os Incêndios Florestais e as queimadas na Amazônia. T: 8’30’’. IPAM.

Imagem de destaque: World Resources Institute.

Data da publicação do texto de divulgação

January 22, 2004

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