Amazônia: pesquisa resgata a história da imigração japonesa e sua contribuição no cultivo de juta e pimenta-do-reino na região

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Título para divulgação do texto

Amazônia: pesquisa resgata a história da imigração japonesa e sua contribuição no cultivo de juta e pimenta-do-reino na região

Título original da pesquisa

A imigração japonesa na Amazônia: sua contribuição ao desenvolvimento agrícola

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Autores do texto original

Fonte(s) Financiadora(s)

Resumo

O estudo mostra a inserção dos imigrantes japoneses na Amazônia, sua integração ao novo meio, no qual muitas práticas agrícolas passaram a ser adotadas por mimetismo.

Tipo

Projeto de pesquisa

O que é a pesquisa?

A imigração japonesa na Amazônia promoveu uma singular experiência de desenvolvimento agrícola com a introdução das lavouras de juta nas várzeas do rio Amazonas e de pimenta-do-reino nas áreas de terra firme, ambas trazidas de possessões britânicas, como antítese da transferência da seringueira, levada pelos ingleses para as suas colônias na Ásia.

A lavoura de juta atingiu seu auge na década de 1960, com mais de 50 mil agricultores envolvidos no seu plantio e representou mais de um terço do PIB (Produto Interno Bruto) do Estado do Amazonas, levando o Brasil a autossuficiência de fibra de juta em 1952. No entanto, torna novamente importador em 1970 e tem o seu gradativo desaparecimento na década de 1990.

A lavoura de pimenta-do-reino alcança seu apogeu na década de 1970, quando mais de 35% do valor das exportações do Estado do Pará era decorrente das exportações de pimenta-do-reino, para perder a sua importância relativa nas décadas posteriores, com o crescimento do setor madeireiro, da mineração e da pecuária.

A democratização dessas duas lavouras mostrou que os caboclos da Amazônia não eram contrários às inovações. Eles adotaram essas plantas exóticas, com suas complexidades de cultivo e beneficiamento, atraídos pelas condições favoráveis de preço e mercado. Esse comportamento constitui um indicativo importante de que é possível vencer os desafios ambientais da região, na busca de um desenvolvimento mais sustentável, desde que sejam fornecidas condições de mercado e técnicas apropriadas.

A experiência agrícola japonesa na Amazônia teve também grandes custos ambientais, com o desmatamento das áreas de várzeas para o plantio da juta e da expansão da lavoura de pimenta-do-reino nas áreas de terra firme.

As comemorações do centenário da imigração japonesa testemunham as mudanças no contexto econômico, político, sociocultural e ambiental que tanto o Brasil e o Japão sofreram no período pós-guerra. Quando os primeiros colonos japoneses se estabeleceram no País, vinte anos após a libertação dos escravos, o interesse era a mão-de-obra para trabalhar nos cafezais. A crise da Bolsa de Nova Iorque em 1929 permitiu que os imigrantes japoneses passassem a adquirir terras e, com o tempo, obtivessem sucesso em diversas atividades agrícolas. Nessa busca de sonhos e esperanças, um Brasil rural desaparecia para dar lugar a um Brasil urbano e, ao mesmo tempo, um Japão com tradições agrícolas se transformava numa potência industrial no cenário mundial.

Embora tal fato tenha minimizado a importância da contribuição dos imigrantes japoneses na agricultura nacional, sua presença ficou registrada nas dezenas de cultivos permanentes e anuais, na criação de aves, hortaliças, bicho-da-seda, no cooperativismo etc. Um modelo de colonização que não teria viabilidade nos dias atuais, baseada na transferência de recursos genéticos, deu lugar a uma agricultura intensiva, com tecnologia gerada no próprio País e no contexto do agronegócio mundial.

Como antítese dos primeiros imigrantes japoneses, o fluxo de dekasseguis (processo migratório de trabalhadores nipo-brasileiros) mostra o choque de culturas entre duas gerações nesse primeiro centenário para um Japão industrial carente de mão-de-obra.

O estudo desenvolvido pelo agrônomo Alfredo Homma, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Amazônia Oriental), apresenta a inserção dos imigrantes japoneses na Amazônia, sua integração ao novo meio, no qual muitas práticas agrícolas passaram a ser adotadas por mimetismo, bem como ao novo enfoque do mercado, voltado para a mineração e para o setor industrial.

Como é feita a pesquisa?

A pesquisa se baseou no levantamento de informações bibliográficas sobre a imigração japonesa no País e no exterior, na análise de leis e decretos, de entrevistas realizadas com os pioneiros da imigração, bem como de documentos do acervo familiar do autor, cujo avô materno Ryota Oyama foi o responsável pela aclimatação da juta nas várzeas amazônicas na década de 1930.

Foi um paciente trabalho de coleta de informações que o autor já vinha perseguindo desde a década de 1970, pela experiência de desenvolvimento agrícola sem precedentes, provocada pela imigração japonesa com a introdução de duas principais culturas: a juta e a pimenta-do-reino.

Ao longo desse período, foram publicados diversos artigos escritos sobre o tema, que culminaram no planejamento de um livro, visando à edição e ao lançamento por ocasião das comemorações do centenário da imigração japonesa no País.

Qual a importância da pesquisa?

Nesta pesquisa, o ponto relevante para os dias de hoje é o resgate da história da imigração japonesa na Amazônia, seus principais personagens e os impactos produzidos na agricultura regional, com a introdução e a intensificação do cultivo da juta e da pimenta-do-reino, que tiveram significativa participação na economia dos estados do Pará e Amazonas.

Além disso, esses imigrantes ainda são responsáveis pelo desenvolvimento das lavouras de mamão hawai, melão, mangostão, rambutã, durian, acerola, cupuaçu, açaí, maracujá, entre outras. Os japoneses promovem a valorização das frutas regionais desde a década de 1970. Estabelecidos, por volta de 1929, no município de Tomé-Açu no Pará (anteriormente denominado Acará), os colonos nipo-brasileiros permanecem no mesmo local, onde se tornaram modelos no desenvolvimento de sistemas agroflorestais e da capacidade de adaptação às mudanças de mercado, adotando os preceitos de conservação.

Entender as razões de sucesso e fracasso da imigração japonesa na Amazônia pode estar na raiz da busca de um crescimento estável, de uma agricultura mais sustentável, mais adequada e justa para a região. Com certeza, constitui a razão do êxito desse desenvolvimento a qualidade dos recursos humanos, um melhor nível de educação formal e sistematizada e a adaptação de uma agricultura amazônica com tecnologia, voltada para o mercado.

Área do Conhecimento

Ciências Humanas

Palavras-chave – Entre 3 a 5 palavras

Portuguesa Amazônia
Portuguesa Brasil
Portuguesa Tecnologia

ODS

ODS 10: Redução das Desigualdades
ODS 2: Fome Zero e Agricultura Sustentável

Referência da Pesquisa Original

Disponível em: https://canalciencia.ibict.br/ciencia-em-sintese1/ciencias-humanas/159-amazonia-pesquisa-resgata-a-historia-da-imigracao-japonesa-e-sua-contribuicao-no-cultivo-de-juta-e-pimenta-do-reino-na-regiao . Acesso 20 jun 2022

Link da pesquisa original

Material Complementar

ABRIL NO CENTENÁRIO DA IMIGRAÇÃO JAPONESA. A história de um pequeno herói. São Paulo, Sem Data. Seção Reportagens. (Texto originalmente publicado na revista Realidade, São Paulo: Editora Abril, 01 ago. 1967.). Disponível em: <http://japao100.abril.com.br/arquivo/historia-de-um-pequeno-heroi/>. Acesso em 10 abr. 2008.

HAYANO, N. Alfredo Homma retrata imigração japonesa na Amazônia. Folha Obara Campinas, 07 mar. 2008. Seção: Centenário. Disponível em: <http://folhaobara.wordpress.com/2008/03/07/alfredo-homma-retrata-imigracao-japonesa-na-amazonia/>. Acesso em 10 abr. 2008.

HOMMA, Alfredo Kingo Oyama. A imigração japonesa na Amazônia: sua contribuição ao desenvolvimento agrícola. Belém: Embrapa Amazônia Oriental: Fiepa, 2007. 217p. Disponível em: <http://www.cpatu.embrapa.br/noticias/2008/embrapa-e-fiepa-lancam-livro-sobre-a-imigracao-japonesa-na-amazonia>. Acesso em 10 abr. 2008.

HOMMA, Alfredo Kingo Oyama (ed.). Amazônia: meio ambiente e desenvolvimento agrícola. Brasília: Editora Embrapa-SPI, 1998. 386p. (Prêmio Jabuti 1999). Disponível em: <http://www.ofitexto.com.br/product_info.php?products_id=618>. Acesso em 10 abr. 2008.

HOMMA, Alfredo Kingo Oyama. História da agricultura na Amazônia: da era pré-colombiana ao terceiro milênio. Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2003c. 274p. Disponível em: <http://www.cpafac.embrapa.br/noticias/livrohomma.htm>. Acesso em 10 abr. 2008.

JORNAL NIPPO-BRASIL. Imigrantes japoneses na região amazônica - Parte 1. São Paulo, Sem Data. Seção: História da imigração. Disponível em: <http://www.japaobrasil.com.br/historia_imigracao/281.php>. Acesso em 10 abr. 2008.

JORNAL NIPPO-BRASIL. Imigrantes japoneses na região amazônica - Parte 2. São Paulo, Sem Data. Seção: História da imigração. Disponível em: <http://www.japaobrasil.com.br/historia_imigracao/283.php>. Acesso em 10 abr. 2008.

PARÁ NEGÓCIOS. Livro sobre a imigração japonesa na Amazônia será lançado dia 31 na Fiepa. Belém, 25 jan. 2008. Seção: Notícias anteriores. Disponível em: <http://www.paranegocios.com.br/anterior_cont.asp?id=2394>. Acesso em 10 abr. 2008.

PORTAL ORM. Alfredo Homma: a imigração japonesa na Amazônia. Organizações Romulo Maiorana. Belém, 08 fev. 2008. Seção Balaio Virtual. Disponível em: <http://www.orm.com.br/balaiovirtual/artigos/default.asp?modulo=73&codigo=320826>. Acesso em 10 abr. 2008.

ROMERO, T. Histórias cultivadas. Boletim da Agência Fapesp. São Paulo, 01 fev. 2008. Seção: Especiais. Disponível em: <http://www.agencia.fapesp.br/boletim_dentro.php?data%5Bid_materia_boletim%5D=8369>. Acesso em 10 abr. 2008.

Data da publicação do texto de divulgação

April 17, 2008

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