Limbo
Elemento de conjunto
Título
Limbo
Description
Uma coleção para agrupar itens em desenvolvimento ou que nao se enquadram em outras coleções temporariamente.
Itens
4 item sets
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Galeria de Notáveis Cientistas Brasileiros
A Galeria de Notáveis Cientistas Brasileiros apresenta biografias e entrevistas concedidas por personalidades científicas de relevante e notório conhecimento e que deixaram grandes contribuições para o país. A ideia é levar ao conhecimento dos brasileiros a vida e a obra desses cientistas, pouco conhecidos pela população, além de mostrar um pouco da história do Brasil.
10 items
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Eurico de Oliveira Santos
A extensa obra e significativa atuação de Eurico Santos evidenciam sua importância como divulgador da ciência brasileira, durante boa parte do século XX. É autor de mais de 50 livros sobre espécies de animais e plantas e tornou-se membro de diversas sociedades, associações e agremiações científicas e não-científicas, nacionais e internacionais. Foi contemporâneo de cientistas como: Carlos Chagas (1879-1934), Bertha Lutz (1894-1976) e Cândido de Mello Leitão (1886-1948), o que possibilitou-lhe familiarizar-se com as ideias, questionamentos e reflexões desses cientistas. Podemos dizer que Eurico Santos teceu uma ampla rede de sociabilidade com intelectuais e outras personalidades proeminentes de seu tempo. Também foi um grande defensor da conservação da natureza, transmitindo em sua obra toda a importância que acreditava residir na preservação do patrimônio natural brasileiro. Santos iniciou suas atividades como articulista no início do século XX, quando a imprensa brasileira começou a se expandir, tomando dimensões empresariais, e ampliando o acesso da população à comunicação. Nesse contexto, Eurico trabalhou nos Diários Associados, uma cooperativa de imprensa que reunia rádio, televisão e mídia impressa, e cujo diretor era o empresário e jornalista Assis Chateaubriand (1892-1968). Mas, Eurico colaborou com outros jornais, a exemplo da Gazeta de Notícias, Imprensa e O Jornal. No último periódico, junto a um colega, criou a coluna chamada “Vida dos Campos”. A seção foi publicada no jornal por mais de 30 anos, e nela Santos escrevia sobre temas relacionados à agricultura, à agronomia e à domesticação de plantas e animais. O estudioso acreditava na importância da divulgação do conhecimento científico para a sociedade ampla e chamava a sua atenção o fato de que havia muito material sobre espécies estrangeiras, mas quase nenhum sobre aquelas que habitavam seu país. Santos ostentava uma escrita fluida e fácil, habilidade essa adquirida através de sua experiência enquanto articulista e convivência com jornalistas profissionais. Escreveu sobre a fauna e flora brasileiras para o público leigo, contribuindo para a disseminação do conhecimento sobre nossas espécies. Em 1927, publicou o seu primeiro livro, “Manual do Amador de Cães”. Entre seus trabalhos que mais circularam estão aqueles sobre os hábitos de vida e comportamento de diversos animais brasileiros, tais como: anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Mas Eurico não escrevia sozinho - sempre consultava textos nacionais e estrangeiros e ouvia especialistas nos temas os quais estudava, defendendo a ideia de que o divulgador teria o papel de intermediar a comunicação entre pesquisadores e o público. Sua obra conquistou leigos e cientistas - há quem reconheça que os livros de Santos contribuíram para estimular o interesse de diversas crianças pela natureza e reavivar o afã de pesquisadores pelo estudo das aves. O prestigiado cientista e médico brasileiro Arthur Neiva (1880-1943) prefaciou um dos seus livros sobre aves, “Pássaros do Brasil”, publicado em 1940, reconhecendo “sem nenhum favor” que “a obra empreendida por Eurico Santos é[ra] das mais meritórias” (NEIVA, 1940, s/p apud NOMURA, 2005, p. 5). É interessante perceber como os valores morais de sua época emergiram nos textos que Eurico Santos escrevia, sobretudo, quando caracterizava o modo de vida de determinadas aves. De acordo com o pesquisador Fernando Costa Straube, um dos estudiosos da obra de Santos, o pássaro chamado joão de barro, por exemplo, foi caracterizado pelo autor como “industrioso”, “casto”, “trabalhador”, “pacífico” e “honesto”. Todos esses atributos eram extremamente valorizados durante o contexto em que viveu Eurico. Na primeira metade do século XX, intelectuais brasileiros pensavam em projetos para a transformação do país em uma nação civilizada, moderna, produtiva, desenvolvida e saudável e a ciência seria uma das ferramentas mais importantes para o alcance deste objetivo, segundo eles. Durante a ditadura do Estado Novo, o governo do Presidente Getúlio Vargas propagandeava muitas das características atribuídas por Eurico a diversos pássaros como traços importantes da conduta dos cidadãos brasileiros. Nascido na cidade do Rio de Janeiro, em 28 de junho de 1883, Santos frequentou o Mosteiro de São Bento, em São Paulo capital, onde desenvolveu estudos no campo das Humanidades. Contudo, o processo de sua formação oficial é um pouco obscuro: em nenhuma de suas obras o divulgador menciona esse assunto. Segundo o professor, pesquisador e médico Herman Lent (1911-2004), Eurico era agrônomo, mas alguns estudiosos que escreveram sobre sua trajetória apontam que o referido curso, iniciado nos primeiros anos do novecentos, nunca foi concluído por ele. Santos colaborou com periódicos como Chácaras e Quintais, Caça e Pesca, Fauna e Sítios e Fazendas. Além disso, criou quatro revistas no Rio de Janeiro: A Fazenda (1910), A Fazenda Moderna (1916), O Campo (1930) e Seleções Agrícolas (1946). Todas divulgavam textos sobre agronomia. A revista O Campo foi veiculada por 15 anos e muitos pesquisadores brasileiros publicaram ali, descrições de novas espécies encontradas. No início da década de 1930, com cerca de 50 anos de idade, Santos ingressou no Serviço de Economia Rural do Ministério da Agricultura, onde trabalhou por aproximadamente 20 anos, aposentando-se em 1953. Em seu acervo pessoal e profissional, guardava recortes de textos sobre espécies animais e vegetais retirados de periódicos especializados. Durante os anos 50, os textos sobre agronomia de sua autoria eram frequentemente distribuídos pelo Serviço de Informação Agrícola do órgão no qual trabalhava. Grande parte do material produzido por Eurico Santos trazia orientações e diretrizes relacionadas ao cultivo de frutas, à domesticação e criação de animais, como cães, aves e peixes. Santos faleceu em sua cidade natal, Rio de Janeiro, no dia 24 de fevereiro de 1968, deixando um importante legado para a divulgação científica brasileira. Diversas das edições de seus livros foram rapidamente esgotadas e muito do material produzido por ele é considerado raridade entre admiradores dos temas que estudava e colecionadores. Recebeu diferentes honrarias como o título de “Publicitário do Ano”, do Presidente Juscelino Kubitschek, e uma sala batizada em sua homenagem no Museu Fritz Müller, localizado em Blumenau, Santa Catarina. -
Anticoagulante para redução de mortes em casos graves de COVID-19
Resumo A doença causada pelo novo coronavírus (COVID-19) é preocupante e pode levar algumas das pessoas infectadas a internação em estado grave e até mesmo a morte. Para reduzir o avanço da doença nos pulmões, o uso de heparina (substância anticoagulante natural do sangue) em pacientes diagnosticados com sintomas graves da COVID-19 foi recomendado por consenso entre alguns especialistas para diminuir o risco da coagulação disseminada do sangue intravascular, o que pode causar tromboembolismo venoso. Ou seja, a formação de coágulos - sangue aglomerado em forma sólida - dentro da veia, e que acabam atingindo os pulmões, bloqueando o suprimento de sangue, dificultando a respiração, e produzindo até morte súbita ou danos ao coração. No entanto a eficácia e a utilização da heparina como anticoagulante no tratamento da COVID-19 precisam ser validadas. Foi pensando nisso que a equipe de cientistas da Universidade de Ciência e Tecnologia de Wuhan, na China, epicentro desta pandemia global, analisou o histórico dos casos de coagulação, medicamentos utilizados e resultados obtidos em pacientes diagnosticados com COVID-19 grave no hospital local de Tongji. As mortalidades ocorridas em 28 dias entre pacientes usuários e não usuários de heparina foram comparadas, inclusive em relação aos diferentes riscos individuais de coagulopatias, isto é, de distúrbios decorrentes da coagulação sanguínea. Nesse estudo, foram avaliados 449 pacientes com COVID-19 grave, onde 99 deles receberam heparina por 7 dias ou mais. Foram avaliados diversos parâmetros, como idade, substâncias relacionadas a possíveis coagulopatias, como nível de plaquetas, dímero D e protrombina (elementos relacionados ao processo de coagulação do sangue). Os resultados mostraram que a mortalidade entre pacientes que receberam heparina foi menor do que os pacientes que não receberam a substância, cujos parâmetros variaram entre 32,8% a 40,0% entre os tratados contra 52,4% a 64,2% entre os não tratados com heparina. A terapia anticoagulante principalmente com HBPM pode estar associada a uma melhoria do quadro clínico de pacientes graves com COVID-19, sobretudo, quanto aos parâmetros criteriosos selecionados. Taxas mais elevadas do dímero D, por exemplo, demonstram marcadamente um quadro mais positivo aos pacientes. Ainda que o tratamento não signifique a cura direta para a COVID-19, ele representa uma ferramenta no combate a efeitos indiretos da doença, como no caso de pacientes propensos a coagulopatias. A partir destes resultados e evidências clínicas, anticoagulantes passaram a ser ministrados também a alguns grupos de pacientes de COVID-19 em hospitais brasileiros, de acordo com protocolos específicos estabelecidos pelos próprios médicos pesquisadores em atividade no Brasil. -
Máscaras cirúrgicas para prevenir a transmissão de vírus
Os coronavírus compõem uma família de vírus (chamada Coronaviridae) já conhecida pela humanidade que, juntamente com outros vírus como o da gripe (Influenza) e de resfriado (Rinovírus), são responsáveis por doenças respiratórias agudas em seres humanos. Atualmente, um novo tipo de coronavírus, surgido em 2019 e chamado de SARS-CoV-2, se transformou em pandemia global, podendo causar graves problemas respiratórios que podem levar à morte. Entre as diversas precauções, autoridades ao redor do mundo têm recomendado o uso de máscaras cirúrgicas pela população como forma de evitar a disseminação do vírus entre as pessoas. Contudo, as evidências científicas sobre a real eficácia dessas máscaras em filtrar partículas do novo coronavírus ainda são insuficientes, já que a maioria dos estudos realizados nesse tema envolveram principalmente vírus causadores da gripe Influenza. Entre 2014 e 2016, pesquisadores na China estudaram a capacidade de máscaras cirúrgicas em impedir a passagem de coronavírus, vírus da influenza e rinovírus eliminados na respiração de pacientes infectados. Esse estudo não envolveu o novo coronavírus (SARS-CoV-2), mas seus resultados podem indicar se as máscaras realmente têm potencial de ajudar a combater a pandemia que estamos enfrentando. Os cientistas envolveram em seu estudo pacientes que estavam com infecção causada por coronavírus ou influenza ou rinovírus. A amostra de pessoas foi dividida aleatoriamente, sendo que a um grupo foi pedido que utilizasse máscara cirúrgica e ao outro que permanecesse sem máscara. Os pesquisadores utilizaram equipamentos capazes de detectar a presença ou não de vírus nas gotículas de saliva expelidas durante a respiração de cada pessoa. As análises de gotículas de saliva coletadas dos pacientes revelaram que a presença de material viral foi significativamente menor quando os pacientes usavam máscaras nos casos de coronavírus e influenza. Embora o estudo tenha sido realizado com um coronavírus diferente do SARS-CoV-2, a eficácia observada das máscaras cirúrgicas testadas nesse estudo é um argumento favorável para adotá-las como medida para evitar a disseminação do vírus. Contudo, ainda é preciso realizar pesquisas envolvendo pacientes com o novo coronavírus para confirmar esse resultado e compreender melhor em quais casos e em quais momentos o uso de máscara tem real eficácia. -
Como recessões econômicas afetam taxas de mortalidade no Brasil
Recessão econômica é um período em que há diminuição da produção e procura por bens e serviços, acompanhada por aumento do desemprego, podendo ser desencadeados por diversos fatores (crises mundiais, por exemplo). Passada a crise, em geral, a economia volta a crescer e as pessoas voltam a encontrar empregos disponíveis. Mesmo assim, pode haver consequências duradouras para essas crises. Com o aumento do desemprego, é comum aumentar também os níveis de ansiedade e o agravamento das condições de saúde mental das pessoas. Ainda assim, quando países com alta renda passam por uma recessão, se observa que suas taxas de mortalidade (quantidade de mortes em relação à população) diminuem neste período. Uma das explicações para isso é a diminuição do número de pessoas no trânsito, assim como sua menor participação em atividades que fazem mal à saúde, tais como consumo de fumo e álcool. Em países com renda mais baixa, por outro lado, a situação parece ser bem diferente. Um estudo conduzido por cientistas do Brasil e do Reino Unido analisou de perto a recente recessão econômica brasileira entre 2014 e 2016, buscando entender qual era a relação entre recessão e taxa de mortalidade nos municípios brasileiros. Os pesquisadores usaram dados de diversas fontes brasileiras oficiais a respeito de mortes de pessoas acima de 15 anos em todos os municípios brasileiros de 2012 a 2017, incluindo informações sobre causa da morte, idade, sexo e cor/raça. Para determinar o quanto a crise afetou cada município, foi utilizada a taxa de desemprego (ou seja, o quanto da população estava desempregada) no estado a que cada município pertencia. Os cientistas também coletaram informações sobre o investimento que cada município realizava em sistemas de proteção social, medido pela quantidade de recursos financeiros aplicada no programa bolsa família e em serviços de saúde municipais. A pesquisa mostra que o acréscimo no desemprego entre 2012 e 2017 foi responsável indiretamente por 30 mil mortes, sendo que as maiores causas foram o aumento de câncer e doenças cardiovasculares. Outra descoberta interessante da pesquisa foi a maior mortalidade observada entre pretos e pardos, em homens, e entre as pessoas com 30 a 59 anos de idade. Municípios com alto investimento em saúde pública e segurança social, por sua vez, não apresentaram aumento no total de mortes em decorrência da recessão econômica. Segundo os cientistas, tais resultados indicam que a crise afeta certos grupos de maneira mais acentuada, e que a falta de acesso a serviços de saúde em períodos de recessão contribui para aumentar a desigualdade social e a mortalidade. Essas evidências reforçam a necessidade de que as administrações públicas invistam em sistemas adequados de proteção social para proteger a população sob risco dos efeitos de recessões econômicas -
Transmissão pré-sintomática do novo coronavírus (SARS-CoV-2)
O novo coronavírus (SARS-CoV-2), causador da COVID-19, está causando uma pandemia global. Cientistas do mundo todo têm trabalhado incansavelmente para buscar novas formas de tratamento e entender melhor como esse vírus se espalha tão rápido. Embora medidas como quarentena de pessoas que apresentam sintomas da doença e cuidados pessoais com higiene possam ajudar a prevenir a disseminação do vírus, têm surgido evidências de que o contágio entre pessoas pode ocorrer mesmo antes de a pessoa infectada perceber que está doente. Esse tipo de transmissão é chamado de “pré-sintomática”. Ou seja, o indivíduo contaminado pelo vírus (chamado de paciente primário) ainda não apresenta sintoma algum da doença, mas mesmo assim é capaz de infectar outras pessoas (que são chamadas de pacientes secundários). Pesquisadores de Singapura publicaram um relatório apresentando fortes evidências de transmissão pré-sintomática dentro das fronteiras do país. Os cientistas analisaram históricos de atividades recentes de uma amostra de pessoas infectadas em Singapura, buscando compreender como (e onde) elas haviam contraído o vírus. As investigações conseguiram revelar sete conjuntos de pessoas que haviam contraído a doença de oito pessoas diferentes. O provável período de infecções foi entre 19 de janeiro e 12 de março, e cada um dos grupos tinha entre dois a cinco pacientes, sendo que um ou dois pacientes primários em cada grupo foram responsáveis direta ou indiretamente pela contaminação das demais pessoas. Em um dos grupos, dois turistas casados retornando de Wuhan, na China, tornaram-se pacientes primários sem ainda apresentarem sintomas. Três outras pessoas que frequentaram a mesma igreja que o casal e se sentaram próximos a eles contraíram a doença, apresentando sintomas alguns dias depois. Em outros três grupos o paciente primário também havia contraído a doença no exterior. Nos demais grupos, o paciente primário havia contraído o vírus de uma pessoa que foi confirmada como portadora da COVID-19, seja por meio de contato direto ou por frequentar locais em comum (igrejas ou aulas de canto, por exemplo). O que havia em comum em todos esses grupos foi a observação de que os pacientes primários não haviam começado a apresentar sintomas e não suspeitavam estarem doentes quando houve a infecção dos pacientes secundários. Nesses grupos foi observado que as infecções ocorreram entre um e três dias antes de o paciente primário apresentar sintomas. A forma como essas pessoas vieram a se infectar também sugere que boa parte da transmissão do vírus tenha ocorrido por causa da contaminação de ambientes e objetos, como maçanetas. Os pesquisadores comentam que as maneiras como o vírus é transmitido, juntamente com a possibilidade de transmissão pré-sintomática, reforçam a importância de medidas como distanciamento social e a diminuição das aglomerações a fim de conter o poder de disseminação da COVID-19. -
Como fica a saúde mental de equipes médicas que trabalham durante a pandemia da Covid-19?
A facilidade de contaminação do novo coronavírus (SARS-CoV-2) fez aumentar em hospitais o número de pacientes com sintomas da COVID-19 ― em enfermarias, clínicas e unidades de tratamento intensivo (UTIs). Proporcionalmente ao aumento dos casos de infecções, houve a necessidade de ampliação da quantidade de equipes médicas (médicos, enfermeiros, etc.), além do aumento da carga horária de trabalho destas. Por trás do grande profissionalismo das equipes médicas que atuam no combate ao novo coronavírus, existe a preocupação em relação à saúde mental desses profissionais. Trabalhar sob condições de extremo estresse pode, pois, aumentar o estado de ansiedade e afetar a qualidade do sono, que é indicador de saúde física e mental para uma equipe médica. Pessoas que dormem bem possuem melhor rendimento no trabalho, cuidam melhor dos pacientes e correm menos risco de se contaminar, pois mantêm a imunidade alta. Uma das estratégias utilizadas para manter a qualidade do sono de equipes médicas que trabalham sob estresse e pressão em grandes pandemias é a assistência social. Essa assistência leva ao trabalhador a sensação de estar sendo cuidado e apoiado, causando efeito positivo na saúde psicológica. Foi baseado nisso que pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade Wuhan, na China, realizaram uma pesquisa com 180 participantes, incluindo médicos e enfermeiros pertencentes a equipes que trabalham diretamente com pessoas infectadas pelo novo coronavírus nos departamentos de medicina respiratória, clínicas de febre e UTIs. O estudo foi realizado entre os meses de janeiro e fevereiro de 2020, utilizando questionários de dados sociais e demográficos (idade, sexo, escolaridade e estado civil) dos participantes. Níveis de ansiedade, autoeficácia (julgamento pessoal sobre a habilidade de completar uma tarefa), estresse, qualidade do sono e assistência social (apoio social e emocional de amigos e familiares) foram obtidos por meio de questionários clínicos. Estes foram preenchidos anonimamente. Os resultados mostraram que o apoio social afetou indiretamente a qualidade do sono de médicos e enfermeiros. Ou seja, as equipes apresentaram menores níveis de estresse e ansiedade quando amigos ou familiares ofereceram apoio emocional e se mostraram empáticos, melhorando, assim, a qualidade do sono. A combinação de ansiedade, estresse e autoeficácia desses profissionais interfere na qualidade do sono. Pessoas ansiosas demoram mais para adormecer e costumam acordar durante a noite. O estresse pode interferir na qualidade do sono, porque pessoas estressadas costumam aumentar o estado de vigilância em relação ao ambiente e, com isso, têm a qualidade do sono reduzida. Em relação à autoeficácia, pessoas com alta autoeficácia, ou seja, produtivas e positivas em relação a si mesmas, possuem melhor qualidade do sono do que pessoas cuja autoeficácia é baixa. Esse estudo fornece importantes resultados para a adoção de medidas, por exemplo, a inserção do acompanhamento psicoterápico para melhorar o apoio social das equipes médicas que trabalham durante a pandemia da COVID-19. ----- -
Saiba quais são as vacinas contra a COVID-19 que estão a caminho de serem aprovadas no Brasil
https://repositorio.canalciencia.ibict.br/s/canal-ciencia/media/26549 -
Sigmund Freud
Conhecido como o pai da psicanálise, Sigmund Freud foi o responsável pela revolução no estudo da mente humana. Nascido em 1856 em Freiberg, Morávia, hoje República Checa, Freud foi o primogênito de Jacob Freud e de Amalie Nathanson. Aos 17, ele ingressou na Universidade de Viena, no curso de Medicina. Notório por ser um aluno brilhante, durante os anos de faculdade, trabalhou intensamente no laboratório de neurofisiologia, até formar-se em 1881. Em 1882, conheceu Martha Bemays e em 1886, quando Freud já possuía consultório particular, casam-se. Em sua estada de seis meses em Paris, trabalhou com o neurologista francês Jean-Martin Charcot, observando o tratamento da histeria com o uso da hipnose, despertando então seu interesse pelo estudo dos distúrbios mentais. Freud tornou-se especialista em doenças nervosas e criou uma nova teoria, a qual estabelecia que pessoas que ficavam com a mente doente eram aquelas que não colocavam seus sentimentos para fora. Segundo Freud, esse tipo de pessoa tinha a capacidade de fechar de tal maneira os sentimentos dentro de sua mente, que, após algum tempo, esquecia-se da própria existência. Ao longo dos anos de estudo, fundamentou suas teorias psicanalíticas da mente e lançou, em 1895, em parceria com o médico Joseph Breuer – seu principal colaborador, a obra "Estudos sobre Histeria". Insatisfeito com a hipnose, Freud desenvolveu o que é uma das bases da técnica psicanalítica na atualidade: a livre associação, em que o paciente é convidado a falar o que lhe vem à mente para revelar memórias reprimidas causadoras de neuroses. Para estudar melhor seus pacientes, esse cientista iniciou um processo de autoanálise e trabalhou com a interpretação de seus próprios sonhos. Em 1896, utilizou pela primeira vez o termo psicanálise. Ao afirmar a influência do inconsciente sobre as ações humanas e a ligação dos impulsos sexuais com as neuroses, ele ganhou a oposição dos meios científicos. Mesmo com dificuldades para ser reconhecido pelo meio acadêmico, Freud reuniu um grupo de pesquisadores que deu origem, em 1908, à Sociedade Psicanalítica de Viena. Seus mais fiéis seguidores foram Karl Abraham, Sandor Ferenczi e Ernest Jones. Já Alfred Adler e Carl Jung acabaram como dissidentes. Entre muitas obras, Freud escreveu livros importantes como a ‘Psicologia da Vida Cotidiana’, ‘Totem e Tabu’, ‘A interpretação dos sonhos’, ‘O Ego e o Id’ e muitos outros. Somente em 1909 teve o primeiro sinal de aceitação da Psicanálise no meio acadêmico, quando foi convidado a dar conferências nos Estados Unidos. Após a I Guerra Mundial, ele empregou suas teorias para interpretar a cultura, a mitologia, a religião, a arte, e a história. A doutrina freudiana aos poucos foi sendo implantada em vários países, como Grã-Bretanha, Hungria, Alemanha, e nos Estados Unidos. Na Suíça, produziu-se um acontecimento maior na história do movimento psicanalítico. Eugen Bleuler, um famoso médico de Zurique, começou a aplicar o método psicanalítico ao tratamento das psicoses, promovendo, ao mesmo tempo, a noção de esquizofrenia. Com esse passo, uma nova “terra prometida” se abria à doutrina freudiana, já que, a partir do saber psiquiátrico, começou-se a buscar uma solução para o enigma da loucura humana. Em 1923, o psicanalista ficou doente e com dificuldades para falar, devido a uma cirurgia para retirar um tumor no palato. Em 1938, quando os nazistas tomaram Viena, Freud, de origem judia, se vê obrigado a refugiar-se em Londres. Um ano depois, em 1939, ainda em Londres, ele faleceu. -
Ibict
Um quebra cabecas com o logotipo do Ibict