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Graziela Maciel Barroso
A botânica Graziela Maciel Barroso, nasceu em 11/041912, filha de Salustino Antunes Maciel e Alzira Martins Maciel, apesar de ter sido educada para ser dona de casa e ter se casado aos 16 anos, com o agrônomo Liberato Joaquim Barroso, tornou-se uma referência na área de sistemática de plantas, um ramo da botânica dedicado a descobrir, descrever e interpretar os diversos tipos de vegetais. Morou em vários lugares, por causa do trabalho do marido. Com 30 anos e os filhos crescidos, dedicou-se a aprender botânica em casa com o auxílio do esposo. Responsável pela catalogação de vegetais das diferentes regiões do Brasil, tem cerca de 25 plantas batizadas com seu nome e é responsável pela formação de gerações de biólogos. Teve uma trajetória acadêmica inusitada. Aos 30 anos começou a trabalhar no Jardim Botânico do Rio de Janeiro, ingressando no curso de biologia da Universidade do Estado da Guanabara aos 47 anos e defendendo tese de doutorado aos 60. A cientista também escreveu dois livros adotados como referência por cursos de botânica: "Sistemática de angiospermos do Brasil, em 3 volumes, e Frutos e sementes - morfologia aplicada à sistemática de dicotiledôneas". Como professora, Graziela atuou Universidades Federais do Rio de Janeiro e de Pernambuco (UFRJ e UFPE), na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e na Universidade de Brasília (UnB). Também foi a única brasileira a receber, nos Estados Unidos, a medalha Millenium Botany Award, entregue a botânicos dedicados à formação de pessoal na área. Em 1977, desfilou como destaque na Escola de Samba Unidos da Tijuca, com o enredo que homenageava os 189 anos do JBRJ- Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Foi indicada para a Academia Brasileira de Ciências, porém faleceu em 05 de maio de 2003, um mês antes de ser empossada. -
Guido Beck
O trabalho do físico teórico Guido Beck,contribuiu para que a comunidade científica aceitasse os conceitos que levaram ao modelo de camadas do núcleo do átomo. Seus primeiros estudos foram publicados na década de 20. Pesquisou temas como:o efeito Compton, a relatividade geral, as ondas eletromagnéticas, o efeito fotoelétrico, o problema do atrito na mecânica quântica e a classificação dos isótopos.Teve papel importante na formação de físicos argentinos trabalhando na Asociación Física Argentina e também no Instituto José Balsero. No Brasil, atuou junto ao Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e no Instituto de Física da Universidade de São Paulo. Dizia que seu interesse pela física surgiu durante os estudos secundários, quando leu um livro de divulgação da teoria da relatividade escrito pelo próprio Einstein. Niels Bohr também é citado como um de seus mestres. Durante a vida acadêmica, procurou não perder a ligação com os jovens que, segundo ele, representavam a perspectiva de renovação da ciência. E considerava a formação de novos pesquisadores fundamental por julgar a física teórica muito estagnada em seus estudos. Na sua opinião, a atuação da disciplina devia ser melhor definida. Guido Beck nasceu em 29/08/1903 em Liberec-Tchéquia e morreu em 21/10/1988 no Rio de Janeiro. -
Haity Moussatché
Nascido em Smirna, Turquia, em 21 de fevereiro de 1910, Haity Moussatché formou-se em medicina pela Universidade do Brasil, atual Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Em 1930, ingressou no Instituto Oswaldo Cruz (IOC) como estagiário, tendo sido contratado em 1937, onde trabalhou por 40 anos. A partir daí tornou-se assistente, biólogo, professor, pesquisador e chefe da Seção de Farmacodinâmica. Um dos estudos com os quais se envolveu foi o da investigação do fato de o gambá ser resistente ao veneno de algumas cobras. Pesquisou também o choque anafilático e substâncias químicas que transferem informações de uma célula nervosa a outra, como a acetilcolina. Formado em medicina, logo se interessou pela área de fisiologia. O dinamismo de sua trajetória acadêmica explica-se porque ele acreditava que o cientista não devia direcionar seus esforços a temas únicos.. Moussatché considerava a carreira de pesquisador instigante por propor novos problemas a cada descoberta. Nos anos 70, teve seus direitos políticos cassados, por participar do movimento que ficou conhecido como " O massacre de Manguinhos" e passou a trabalhar como professor na Venezuela, na mesma universidade em que montou um grupo de pesquisas. Era defensor da responsabilidade social do cientista. Dizia que os pesquisadores devem sempre avaliar as consequências de seus estudos para a humanidade. Também era contra a exigência de publicação rápida de resultados que, na sua opinião, gerava muitos equívocos científicos. Haity foi fundador da International Society of Toxicology e da Sociedade de Biologia do Brasil; é membro da Academia Brasileira de Ciências, da Academia de Ciências de Nova Yorque, Academia de Ciências da América Latina, da Federação Mundial de Trabalhadores Científicos, da Associação Venezuelana para o Progresso da Ciência e da Associação para Criação do Parlamento Mundial e um dos criadores da Universidade de Brasília. Publicou mais de 200 trabalhos científicos. Foi membro dos conselhos científicos da Revista Brasileira de Biologia (1953) e da Acta Fisiológica Latino-Americana (1955), Em 1986, recebeu o prêmio Golfinho de Ouro do Governo do Estado do Rio de Janeiro. Em 1993, foi condecorado na Venezuela e, um ano depois, o governo brasileiro agraciou-o com a Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe Grã-Cruz. Moussatché morreu em 24 de julho de 1998, no Rio de Janeiro. -
Herman Lent
É considerado uma das maiores autoridades em insetos transmissores da Doença de Chagas no Brasil. Sua principal contribuição como pesquisador veio do trabalho no Instituto Oswaldo Cruz, uma coleção de barbeiros que virou referência mundial e já tem mais de 24 mil espécies. Ao longo da carreira, publicou mais de 200 trabalhos. A entomologia fez parte de sua trajetória acadêmica como cientista e professor. Realizou estudos sobre os hemípteros (insetos providos de aparelho bucal sugador que causam doenças no homem) e outros insetos predadores. Na área de pesquisa aplicada, estudou os efeitos do DDT (dicloro-difenil-tricloroetano) em barbeiros e ação de insetos que estragavam folhas de fumo Dedicado também à divulgação científica, defendeu a Criação do Ministério da Ciência, foi fundador da Revista Brasileira de Biologia, chefe da seção de História Natural da edição brasileira da Enciclopédia Delta Larousse e editor de diversas publicações da Academia Brasileira de Ciências. Recebeu o título de Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e o prêmio Costa Lima, o mais significativo da área de entomologia. Foi um dos dez cientistas do Instituto Manguinhos cassados pelo AI-5. Herman Lent nasceu em 03 de fevereiro de 1911 e faleceu no dia 7 de junho de 2004. -
Isaías Raw
A contribuição de Isaías Raw à ciência se mede por suas pesquisas e também pelo espírito empreendedor. Logo que entrou na chamada "Casa de Arnaldo" - nome dado a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - em 1945, vinculou-se ao departamento de química fisiológica. A pesquisa ainda não era desenvolvida na instituição e ele tomou a tarefa para si, conseguiu equipamentos e introduziu no currículo as disciplinas de biofísica e tópicos modernos de bioquímica. Nasceu em 26/03/1927. Um dos principais temas sobre os quais se debruçou em sua trajetória de estudos foi a fosforilação oxidativa, sendo o primeiro cientista a subfracionar a mitocôndria para obter partículas capazes de provocar o fenômeno. Uma observação que foi ponto de partida para importantes estudos posteriores baseados na atuação da mitocôndria como órgão de respiração celular. Fora dos laboratórios, dedicou-se ao incentivo à pesquisa. Foi diretor do Departamento de Química Fisiológica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e participou da criação do Curso Experimental de Medicina da USP, criou a Fundação Brasileira para o Desenvolvimento do Ensino de Ciências (Funbec). Também dirigiu o Instituto Butantan em São Paulo, e o Centro de Seleção de Candidatos as Escolas Médicas e Biológicas de São Paulo (Cescem). Em 2015, foi homenageado com o nome de uma Cadeira no International Centre for Theoretical Physics (ICTP) Foi pesquisador do MIT e de Harvard. Ganhou o prêmio da Ordem do Mérito Científico. -
Jesus Santiago Moure
O Padre Jesus Santiago Moure dedicou a sua vida à pesquisa de insetos, destacou-se no estudo das abelhas neotropicais nativas do Brasil. É considerado um dos maiores taxonomistas do país. A convite do Conselho Britânico, estudou algumas espécies de abelhas típicas (Vachal), de biomas brasileiros como a caatinga e o cerrado. Descreveu cerca de 500 espécies e subespécies de abelhas e catalagou outras 12.000. Participou do Círculo de Estudos Bandeirantes, criado para incentivar o estudo, a pesquisa e a divulgação da cultura profana e religiosa, que reconstruiu o Museu Paranaense. Deve-se ao Padre Moure a biblioteca do Museu ser, atualmente, considerada referência nacional em ciências naturais. No campo da Entomologia, Padre Moure visitou as principais instituições de pesquisas e universidades do mundo. Ajudou a criar importantes instituições de ensino e pesquisa, como a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Curitiba, a Cátedra de Zoologia da mesma faculdade, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), o curso de Pós-graduação em Ciências Biológicas da Universidade Federal do Paraná (UFPR), em 1940 publicou o artigo Apoidea Neotropica. Participou da reformulação da universidade brasileira junto com Anísio Teixeira. Nasceu em 2 de novembro de 1912 em Ribeirão Preto- SP. Formado em Teologia, foi ordenado sacerdote em 23 de maio de 1937 na ordem Claretiana. Lecionou Zoologia na Universidade Federal do Paraná e na Universidade de São Paulo (USP). Trabalhou na Seção de Entomologia do Museu Nacional do Instituto Smithsonian, nos Estados Unidos, concluindo os estudos que havia feito em 1958 em Paris e Londres sobre abelhas neotropicais, e que lhe rendeu importante publicação pelo Smisthsonian. Publicou também um trabalho sobre curculionideos, uma espécie de besouros. Entre diversas condecorações e prêmios recebidos estão o Prêmio Costa Lima outorgado pela Academia Brasileira de Ciências em 1970; o Prêmio Bassoli conferido pela Sociedade Entomológica do Brasil, em 1987; o Prêmio Ciência e Tecnologia, conferido pelo Conselho de Ciência do Estado do Paraná em 1990, a Medalha CAPES 50 Anos, concedida em 2001: as condecorações Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico, conferida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e entregue pelo Presidente da República em 1995, a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico, conferida pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, e entregue pelo Presidente da República do Brasil em 1998. Doutor Honoris Causa e Professor Emérito outorgados pela Universidade Federal do Paraná. Faleceu em 10 de julho de 2010 em Batatais -São Paulo, aos 90 anos. -
Johanna Döbereiner
Johanna Döbereiner nasceu em 28 de novembro de 1924, na cidade de Aussing, Alemanha. Estudou Agronomia na Universidade de Munique, emigrando para o Brasil em 1951, quando começou a trabalhar no Laboratório de Microbiologia de Solos do antigo DNPEA do Ministério da Agricultura, localizado em Seropédica-RJ. Naturalizou-se brasileira em 1956, contudo, completou a pós-graduação na universidade de Wisconsin, em 1963. Em pesquisa realizada pela Folha de São Paulo em 1995, foi considerada a mulher brasileira mais citada pela comunidade científica mundial, e a sétima em se considerando todos os cientistas do país. Neste mesmo ano, ela tornou-se sócia honorária da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo-SBCS. Em 1997, foi indicada ao Prêmio Nobel de Química. Foi agraciada, também com o prêmio UNESCO Science Prize, além de outros prêmios e distinções pelo conjunto de sua obra. Seus estudos foram essenciais para o desenvolvimento do Proálcool e para tornar o Brasil um dos maiores produtores de soja do mundo. Também realizou pesquisas com fixação biológica do nitrogênio (FBN) que permitiram aumentar a produtividade de alimentos no país. Por meio de um processo natural, eram produzidas bactérias que desenvolviam parceria com as plantas, contribuindo para seu desenvolvimento rápido de uma forma mais efetiva que os fertilizantes, além de só poderem ser utilizadas em clima tropical. A iniciativa lhe rendeu uma indicação ao Prêmio Nobel da Paz em 1997. Seus principais estudos foram desenvolvidos junto ao Serviço Nacional de Pesquisa Agropecuária (SNPA). Apesar de receber convites para trabalhar no exterior, Johana nunca quis deixar o que considerava o seu país. No fim da vida, dedicou-se a estudar a substituição do óleo diesel por um combustível resultante da mistura do óleo de dendê e da pupunha, fruto de uma palmeira amazônica. A pesquisa, encomendada pela Petrobrás, não chegou a atingir resultados práticos. Johanna morreu no dia 5 de outubro de 2000, em consequência do Mal de Alzheimer. -
José Cândido de M. Carvalho
José Cândido de Melo Carvalho, nasceu em Carmo do Rio Claro, em 11 de junho de 1914. Filho de José Cândido de Mello Carvalho e Ana Gabriela de Mello Carvalho. Teve a trajetória como cientista dedicada à pesquisa de campo na área de zoologia. Um catálogo, com mil páginas, que descreve os mirídios (pequenos percevejos que transmitem doenças a plantas) de todo o mundo, foi considerado a obra prima dele. A organização do livro consumiu-lhe dois anos de estudos em diversos países. O interesse pela zoologia surgiu ainda na infância pelo contato direto com a natureza. Por isso, José Cândido afirma que ninguém se forma zoólogo nos livros. É preciso partir da observação e do interesse pelos animais. Interesse que também se refletiu pela sua preocupação com a preservação do meio-ambiente, muito antes de o assunto ganhar a importância atual. Ao todo, publicou mais de 400 trabalhos e foi pioneiro na descrição de 1.319 espécies e 267 gêneros de animais, tornando-se autoridade mundial na área de insetos, atuação que lhe permitiu receber uma quantidade significativa de prêmios e homenagens, pelo conjunto de sua obra, entre os quais: Representante da América Latina para a União Internacional de Conservação da Natureza, (IUCN), diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnólogico- CNPq. Foi membro titular e vice-presidente da Ordem Nacional do Mérito Científico e membro da Pontíficia Academia de Ciências, diretor do Museu Paraense Emílio Goeldi em Belém entre 1955 e 1961 e do Museu Nacional do Rio de Janeiro. Em 1958, criou a Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza (FBCN). em 1994 foi agraciado com a Medalha de ouro da Sociedade Brasileira de Zoologia, O zoólogo mineiro faleceu em 22 de outubro de 1994, aos 80 anos no Rio de Janeiro. -
José Leite Lopes
O físico José Leite Lopes previu, em 1958, a existência de uma partícula mediadora neutra nas interações fracas no núcleo do átomo, ajudando a estabelecer as bases da chamada unificação eletrofraca. Esse conceito permite compreender melhor as interações ocorridas entre as partículas que compõem o átomo e tem aplicação, por exemplo, na área de energia nuclear. Seu esforço também contribuiu para as pesquisas de três cientistas estrangeiros premiados com o Nobel, em 1979, por um trabalho muito similar ao do brasileiro. Sua atuação é considerada fundamental para a introdução da física teórica e para a consolidação da física moderna no Brasil. Participou da criação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF) e foi fundador da Escola Latino-americana de Física (Elaf). Considerava a física a "mãe das ciências" e lutou para que os países em desenvolvimento fizessem mais pesquisas. Sempre se mostrou crítico à falta de incentivos à ciência no Brasil. Exerceu a função de professor na Faculdade Nacional de Filosofia. No entanto, à época da ditadura militar, foi acusado de ligação com o comunismo e exilado, conquistou uma carreira bem sucedida na Universidade Louis Pasteur, na França. Recebeu o prêmio Estácio de Sá e é professor emérito do CBPF. José Leite Lopes nasceu em 28/10 de 1918, em Recife e faleceu em 12 de junho de 2006. -
José Moura Gonçalves
O trabalho mais importante de José Moura Gonçalves foi o isolamento da crotamina - proteína tóxica do veneno das cascavéis - que contribuiu para a compreensão da constituição química dos venenos de serpentes e para o estudo dos efeitos desses componentes. Suas pesquisas ajudaram a implantar os conceitos da bioquímica moderna no Brasil. Começou seus estudos no laboratório de química fisiológica do professor Baeta Vianna. Depois passou a pesquisar no Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil (atual UFRJ), concentrando-se na físico-química de proteínas e enzimas. Pela pesquisa que isolou e estudou a ação da crotamina, foi indicado ao prêmio Lafi de ciências médicas em 1965. Na carreira universitária, foi defensor da modernização do ensino, substituindo disciplinas e organizando departamentos na Universidade de São Paulo. Também foi professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Trabalhou em laboratórios no exterior e no Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos. Entre 1967 e 1974, integrou a comissão de biologia do CNPq, analisando os processos de concessão de bolsas de pesquisa. Mesmo depois de aposentado, atuou na área de radiobilogia do Instituto de Energia Atômica, atual Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares (Ipen). Mas, aos 71 anos, parou de trabalhar para dedicar-se à família. José Moura Gonçalves nasceu em 1914 e morreu no dia 18 de outubro de 1996. -
José Pelúcio Ferreira
José Pelúcio Ferreira, nasceu am 23/02/1928 em Lambari, MG, formado em Economia, é um dos cientistas mais respeitados no âmbito da Ciência e Tecnologia no país. Criou, no Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), o Fundo de Tecnologia (Funtec), entidade pioneira no financiamento da graduação no Brasil. Ao sair do BNDES, em meados da década de 70, foi vice-presidente do CNPq e o primeiro presidente da Financiadora de Estudos e Pesquisas (Finep), cargos que exercia simultaneamente. Na década de 80, quando a Fundação Padre Leonel Franca foi fundada, Pelúcio fazia parte do Conselho de Desenvolvimento da Universidade, mais tarde sendo convidado para presidí-la. José Pelúcio Ferreira assumiu também a Secretaria de Ciência e Tecnologia do Estado do Rio de Janeiro. Sua principal realização, como secretário de Ciência e Tecnologia, foi a reativação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). Além de criar projetos para a pós-graduação e a pesquisa, geradores de desenvolvimento nas áreas de Ciência e Tecnologia, o professor José Pelúcio Ferreira também se preocupou muito com a área social, desenvolvendo projetos com pessoas carentes, apoiando a criação do Núcleo de Estudo e Ação sobre o Menor (Neam).Foi admitido pelo Presidente da República Na Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe de Grã-Cruz, por relevantes serviços prestados à Ciência e Tecnologia na área da Administração de Ciência e Tecnologia. Morreu no Rio de Janeiro, em março de 2002. -
José Reis
José Reis nasceu em 12 de junho de 1907, no Rio de Janeiro, oriundo de uma família de 13 irmãos. Sempre demonstrou gosto pelos estudos, além de uma grande curiosidade, por isso não teve dificuldade em aprender. Ele ia além do que era ensinado na escola. Estudou em alguns colégios públicos e no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro, onde optou pela medicina, devido ao interesse pela história natural. Nos anos de 1925 a 1930, frequentou a faculdade de Medicina, contudo se decepcionou com o ensino, devido à falta de qualificação dos professores e por considerar o "ensino infame", nas próprias palavras dele. Por isso, fez a complementação de sua formação no Instituto Oswaldo Cruz (IOC), o que lhe rendeu um convite para trabalhar no Instituto biológico em São Paulo, onde começou a carreira de pesquisador. Estudou também no Instituto Rockefeller (1935-1936), em Nova Iorque, Estados Unidos, de onde saiu especialista em ornitopatologia. Lá conheceu Anita Swensson, farmacêutica e assistente dele, com quem se casou. Incumbido de estudar uma doença que acometia as galinhas de uma determinada região de São Paulo, ele percebeu que os criadores precisavam conhecer os resultados de sua pesquisa, para que ela atingisse os objetivos desejados e uma resposta satisfatória. Preparou panfletos em linguagem clara sobre os problemas que afetam a criação de galinhas e a publicar artigos em revistas especializadas. Daí, iniciou-se a trajetória que o faria conhecido como o pai da divulgação científica no Brasil. Ligado também ao ensino, Reis fazia palestras e estimulava a realização de feiras de ciências e a entrega de prêmios a crianças que manifestassem vocação científica. Incentivou a criação de entidades de amparo à pesquisa e participou da fundação da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), sendo o mentor da Revista "Ciência e Cultura". Em sua homenagem, o CNPq instituiu o Prêmio José Reis de Divulgação Científica. Dentre os prêmios com os quais foi agraciado está o Kalinga, criado pela Unesco para prestigiar iniciativas de divulgação científica. A grande preocupação do biólogo em seus livros, artigos e palestras foi, acima de tudo, aproximar a ciência das crianças e da sociedade. José Reis faleceu em 16 de maio de 2002, em São Paulo. -
José Ribeiro do Valle
José Ribeiro do Valle estudou a catatonia experimental em animais, observando os doentes catalépticos; assim escreveu artigos que contribuíram para a psiquiatria moderna. Outro trabalho importante de Valle foi o estudo do chamado leite do papo do pombo. O pombo desenvolve no papo uma formação caseosa lactescente que, quando nascem os filhotes, é vomitado na boca deles. Esse leite é resultado do hormônio prolactina, que interfere na lactação, o mesmo hormônio que facilita a produção de leite pela mulher. José do Valle também estudou o dimorfismo postural no cão - comportamento para a micção diferente de acordo com o sexo. Ele descobriu a razão do macho levantar a perna para urinar e a fêmea só agachar: os cachorros castrados logo após o nascimento agacham como as cadelas e estas, ao serem injetadas com hormônio masculino, levantam a perna como os machos. Este trabalho foi publicado em 1948,na American Psychological Association. Nasceu em 15 de agosto de 1908 em Guaxupé/MG. Fundador da SBPC, Valle desenvolveu, ainda, estudos na área da ginecologia e endocrinologia (estudo de progesterona nas peçonhentas), farmacobotânica (propriedades medicinais do timbó e da maconha) e anticoncepcionais não sintéticos. Faleceu em 19 de dezembro de 2000 em São Paulo. -
Juan José Giambiagi
Juan José Giambiagi é considerado um dos maiores físicos teóricos do mundo pelo número de trabalhos e artigos publicados, sobretudo na área de robótica. Desenvolveu o método de eliminação da divergência na teoria quântica de campos e em supersimetria em seis dimensões; com Carlos Guido Bollini, inventou os métodos de regularização analítica e dimensional, utilizados no tratamento de Teorias de Campos, sobretudo nas Teorias de Calibre, utilizadas na robótica e na engenharia de redes. O físico trabalhou mais de 20 anos formando novos pesquisadores. Como professor influenciou centenas de estudantes argentinos e brasileiros. Bocha, como era conhecido por seus amigos, contribuiu de maneira decisiva para abertura de novas linhas de pesquisa em Física Teórica no Brasil, inclusive as que deram origem aos modernos cursos de informática e engenharia de redes. Nasceu a 18 de Janeiro de 1924, em Buenos Aires, Argentina. Titular do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), fez pós-graduação na Universidade de Manchester e no CBPF; organizou, desenvolveu e chefiou o Departamento de Física da Universidade de Buenos Aires. Foi diretor do Centro Latino-Americano de Física (CLAF) e autor de cerca de noventa trabalhos científicos. Faleceu em 8 de janeiro de 1996. -
Leônidas e Maria Deane
A saúde pública do Brasil não seria a mesma hoje, não fosse a atuação do casal Leônidas de Mello Deane e Maria Von Paumgartten Deane, fundamentais no combate a males endêmicos como malária, filariose, leishmaniose visceral, verminose e leptospirose. Para combater as epidemias, o casal de parasitologistas viajou por todo norte e nordeste fazendo palestras e orientando a população sobre saneamento básico. Leônidas aprofundou seus estudos em microbiologia. Já Maria estudou endemia desde a formação em medicina. A parasitologia entrou na vida de ambos por meio da atuação no Instituto de Patologia Experimental do Norte, atual Instituto Evandro Chagas. Participaram do Serviço de Malária do Nordeste; fizeram cursos nas universidades de Johns Hopkins e de Michigan, nos Estados Unidos, e, com o título de mestres em saúde pública, voltaram para a Amazônia, onde trabalharam no Serviço Especial da Saúde Pública. Leônidas Nasceu a 18 de março de 1914, em Belém do Pará, e Maria a 24 de julho de 1916, também em Belém. Ambos estudaram na Faculdade de Medicina e Cirurgia do Pará. Ocuparam diversos cargos em instituições renomadas do Brasil e do mundo, entre elas o Instituto Oswaldo Cruz, além de receberem inúmeras homenagens por sua contribuição à saúde pública nacional. Leônidas Deane faleceu em 30 de janeiro de 1993. Maria José Deane morreu em 13 de agosto de 1995. -
Leopoldo Nachbin
O matemático Leopoldo Nachbin ficou famoso por seus estudos em holomorfia em espaços infinitos - funções polinômicas em espaços desiguais, usadas nos cálculos de integrais (uso na engenharia, física, química e matemática aplicada). Nachbin é considerado o mais representativo matemático brasileiro. Atuando em diversas áreas dessa ciência, foi o que alcançou maior respeito internacional. Segundo ela, sua maior contribuição, foi a teoria de "Espaços Hewitt-Nachbin", empregada na matemática pura. Seu trabalho mais citado é o publicado no Transactions of American Mathematics Society, sobre o teorema de Hahn-Banach para aplicações em espaços normados, justamente o que explica a função holomorfa em detalhes. Nachbin foi o primeiro matemático brasileiro a conseguir bolsa de estudo de fundações norte-americanas e também o primeiro a receber o prêmio Moinho Santista, dado a cientistas brasileiros de destaque. Nasceu em 7 de janeiro de 1922, em Recife. Participou da fundação do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas e do Instituto de Matemática Pura e Aplicada. Faleceu em 3 de abril de 1993. -
Luiz Hildebrando da Silva
Luiz Hildebrando Pereira da Silva, nasceu em 16 de setembro de 1928, em Santos - São Paulo. Desde 1997, é o coordenador do projeto franco-brasileiro de cooperação em pesquisas sobre a Malária em Rondônia. Em 2003, ganhou prêmio UNESCO na categoria Ciência por suas pesquisas e realizações. Trabalhou no Instituto Pasteur em Paris por vinte anos onde criou a unidade de Pesquisa da Malária e dirigiu a unidade de Parasitologia experimental. Organizou o Laboratório de Genética em Protozoários e o Laboratório de Genética Microbiológica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, São Paulo. Sua pesquisa é concentrada nos aspectos biológicos, bioquímicos, genéticos e imunológicos da malária, com o objetivo de criar uma vacina contra a doença. Produziu mais de 100 trabalhos científicos sobre o tema. Ex-militante do Partido Comunista, Luiz Hildebrando foi preso durante a ditadura, e expulso do país. Foi professor visitante em Genética no Hospital de Massachussetts da Universidade de Harvard, condecorado como Comendador da Ordem Nacional do Mérito Científico e recebeu a Grã-Cruz da Ordem Nacional do Mérito Científico. Em 1990, contraiu malária durante uma pesquisa no Senegal e desde então é portador da doença. Faleceu em 24 de setembro de 2014. -
Marcelo Damy de S. Santos
O físico Marcelo Damy de Souza Santos construiu o acelerador de partículas betatron, além de participar dos estudos brasileiros em torno da energia atômica, que resultaram na construção do primeiro reator nuclear do país. Damy também realizou extenso estudo sobre componentes penetrantes da radiação cósmica e fabricação de sonares para a Marinha. O propósito das pesquisas sobre raios cósmicos era estudar a natureza dos chuveiros penetrantes de raios cósmicos (raios cósmicos que atingem a Terra e são acompanhados por um grupo de partículas). Nos chuveiros cósmicos apareciam partículas - depois identificadas como mésons - que tinham um grande poder de penetração, sem perder parte apreciável de sua energia. Damy, Gleb Wataghin e Paulus Aulus Pompéia descobriram que esses chuveiros são muito penetrantes, e o trabalho foi publicado no exterior. Passou por Cambridge e Oxford e participou da Comissão de Energia Atômica do Conselho Nacional de Pesquisas. Foi professor da Faculdade de Filosofia e do Instituto de Física da USP; do IEA, CNEN, IPEN e Unicamp, além de pesquisador e cientista da marinha brasileira. Em colaboração com o professor Crodowaldo Pavan, escreveu Energia atômica e o futuro do homem. Foi professor titular de Física Nuclear na PUC/SP e orientador de pesquisas no curso de pós-graduação do IPEN. Nasceu em 14 de junho de 1914, em Campinas. Faleceu em 29 de novembro de 2009. -
Maria da Conceição Tavares
A economista Maria da Conceição Tavares destacou-se pela formulação de alternativas para os modelos econômicos impostos ao Brasil pelo regime militar. Crítica feroz do militarismo, Conceição foi uma das responsáveis pelo modo contemporâneo de pensar política, por meio de suas teses "Acumulação de capital e industrialização no Brasil" e "Ciclo e crise: o movimento recente da economia brasileira". Lutou na Associação Nacional de Pós-Graduação em Economia, para promover os cursos de pós-graduação e as pesquisas na área. Pensadora e articuladora da reforma democrática do Estado, Conceição defendeu empresas brasileiras como a Petrobrás como instrumento de manutenção da economia brasileira. Junto com o Pedro Malan, Carlos Lessa e outros, Conceição promoveu o movimento de renovação dos economistas, que aproximou profissionais da UFRJ, PUC, Unicamp e USP. Nasceu em Portugal, em 24 de abril de 1930. Veio para o Brasil em 1954, após formar-se em matemática pela Universidade de Lisboa. Formou-se em economia pela UFRJ e foi diretora do Instituto de Economia Industrial da UFRJ. Trabalhou no Incra e no BNDE; fez parte da Comissão Econômica para América Latina, do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro, do Museu Nacional, do Cebrap - Centro Brasileiro de Análise e Planejamento - e da Unicamp. Foi atuante na defesa dos projetos da SBPC. -
Mário Schenberg
O físico e crítico de arte Mário Schenberg trabalhou com mecânica quântica, termodinâmica e astrofísica. Além de se dedicar à física, tirava fotos, preparava catálogos e estudava ciência oriental. O destaque da carreira de Schenberg é o chamado Processo Urca, que permitiu entender o colapso de estrelas supernovas. Publicou mais de uma centena de trabalhos em física teórica, física experimental, astrofísica, mecânica estatística, mecânica estatística, mecânica quântica, relatividade, teoria quântica do campo, fundamentos de física, além de escrever muitos trabalhos em matemática. Schenberg chegou a uma das principais descobertas de sua carreira: o processo Urca, em 1940, quando o brasileiro estava nos Estados Unidos a convite do astrofísico russo George Gamow. Nasceu em 2 de julho de 1914, em Recife. Estudou e trabalhou na Escola Politécnica de São Paulo. Inaugurou a cadeira de mecânica Celeste e Superior do Departamento de Física da FFCL, atual Instituto de Física da USP. Foi membro do Institute for Advanced Studies de Princeton e do Observatório Astronômico de Yerkes. Em Bruxelas, trabalhou em raios cósmicos e mecânica estatística. Criou o Laboratório de Estado Sólido da USP, instalou o primeiro computador da universidade, criando o curso de computação de lá. Faleceu em 10 de novembro de 1990. -
Marta Vannucci
A bióloga Marta Vannucci dedicou a vida a pesquisar os ecossistemas dos mangues, tornando-se uma das maiores especialistas do mundo no assunto. Uma das autoras da Carta dos Manguezais, Marta publicou diversos livros, entre eles "Os mangues e nós". Por meio dos estudos da bióloga, hoje é possível entender melhor como aproveitar os mangues nos seus aspectos relativos à preservação ecológica e subsistência do homem. À frente do Instituto Oceanográfico da USP, negociou e acompanhou a construção do navio de pesquisas Professor Wladimir Besnard, que ainda hoje faz expedições aos mares antárticos. Marta Vannucci foi, por mais de 20 anos, consultora da Unesco em 23 países da Ásia e África. Nos últimos anos, passou a dedicar-se ao estudo dos plânctons e aos ciclos de vida da biologia marinha, área onde possui mais de 100 trabalhos publicados. Nasceu em 10 de maio de 1921, em Florença, na Itália. Chegou ao Brasil em 1930. Marta Vannucci participou de uma sociedade internacional para ecossistemas de mangues, com sede no Japão, a International Society for Mangrove Ecosystems - Isme, entre outras entidades que estudam ecossistemas. Morreu em 15 de janeiro de 2021, aos 99 anos. -
Maurício Rocha e Silva
O farmacologista Maurício Oscar da Rocha e Silva descobriu, em 1949, que as enzimas do veneno da jararaca agem sobre as proteínas do sangue, liberando uma substância chamada bradicinina, que hoje é largamente utilizada em medicamentos para o controle da hipertensão. O potente vasodilatador descoberto por ele é amplamente empregado desde a década de 70 e representou melhora radical na expectativa e qualidade de vida de hipertensos, especialmente quanto a restrições dietéticas. No exterior, Rocha e Silva pesquisou a histamina, utilizada em medicamentos cardiovasculares. O descobridor da insulina, Charles Best, ficou tão impressionado com o talento do brasileiro que o convidou para ser seu assistente; mas Rocha e Silva recusou. O químico possui mais de 300 trabalhos publicados em revistas como a Nature e Science e, no final da década de 50, organizou o departamento de farmacologia e a pós-graduação da Universidade de São Paulo. Nasceu em 19 de setembro de 1910. Ganhou o prêmio Moinho Santista e o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia do CNPq. Foi vice-presidente da União Internacional de Farmacologia, participou do Conselho Federal de Educação, foi membro-fundador da Sociedade Brasileira de Fisiologia e da Sociedade Brasileira de Farmacologia e Terapêutica Experimental. Faleceu em 19 de dezembro de 1983, -
Milton Santos
O geógrafo Milton Santos foi o único estudioso fora do mundo anglo-saxão a receber o que pode ser considerado o Nobel da Geografia pelo conjunto de sua obra: o prêmio Vautrin Lud. Seus esforços foram dedicados a dissecar a globalização da economia, enfatizando seu efeito devastador no Brasil, e propor saídas para que a população pobre não seja mais parte desse jogo apenas como vítima. Milton Santos publicou mais de 40 livros e 300 artigos. Doutor em Geografia pela Universidade de Estrasburgo e professor visitante em Stanford, atuava como consultor da ONU, da OIT, da OEA e da Unesco. Por causa de sua posição política, foi perseguido e preso, passando dois meses num quartel de Salvador, BA. Libertado, partiu para a França. Graças ao exílio forçado projetou-se internacionalmente. Nasceu em Brotas de Macaúbas, Bahia, em 3 de maio de 1926. Bacharel em direito pela UFBA. Diplomado, não chegou a exercer a profissão; prestou concurso público para professor secundário e foi lecionar Geografia em Ilhéus. Estudou e ministrou aulas na Europa, Américas e África. Foi professor das universidades de Paris, Columbia, Toronto e Dar Assalaam (Tanzânia). Faleceu em 24/06/2001 em São Paulo. -
Newton Freire-Maia
O biólogo geneticista Newton Freire-Maia tornou-se um dos maiores especialistas mundiais em genética estudando espécies de moscas e doenças hereditárias consanguíneas. Trabalhou com André Dreyfuss, estudando a genética de populações de drosófilas (moscas-de-fruta) domésticas. Newton passou dois anos na Universidade de Michigan especializando-se em genética humana, onde iniciou os estudos sobre casamentos consanguíneos, as má formações dos membros por ausências ou reduções ósseas e estudos de displasias ectodérmicas - doença hereditária que afeta vários tecidos da pele. Quando iniciou os trabalhos, o número total de displasias ectodérmicas conhecidas era menor que 10. Atualmente, chega perto de 200. Nasceu em 29 de junho de 1918, em Boa Esperança/MG. Membro titular da Academia Brasileira de Ciências, presidente de honra da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), diretor do Instituto Ciência e Fé, Freire-Maia foi professor emérito do Departamento de Genética da Universidade Federal do Paraná. Graduado em Biologia pela USP, trabalhou também em Genebra, na Suíça, na Organização Mundial de Saúde. Escreveu aproximadamente 500 trabalhos científicos, 19 livros e foi coautor de obras editadas na Inglaterra, Holanda e França. Faleceu no dia 11 de maio de 2003. -
Nise da Silveira
A médica e psiquiatra Nise Magalhães da Silveira teve sua vida marcada pelos estudos sobre o comportamento humano e o tratamento de patologias psicológicas, como a esquizofrenia. Discípula de Carl Gustav Jung, Nise revolucionou a maneira de tratar os doentes mentais, utilizando técnicas artísticas - pintura e desenho - como terapia. Foi pioneira na pesquisa das relações emocionais entre pacientes e animais, e defendia o fim de tratamentos tradicionais, como o eletrochoque, o uso de drogas e o confinamento clínico. Nascida em Maceió-Alagoas-em 15 de fevereiro de 1905, Nise ingressou na Faculdade de Medicina de Salvador, em 1921, sendo a única mulher de sua turma, bem como uma das primeiras médicas do Brasil. Em 1933, passou num concurso público para o “Serviço de Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental” no Hospital Pedro II, Rio de Janeiro. Ficou presa por mais de um ano, denunciada por manter em sua biblioteca livros considerados subversivos. No presídio, conviveu com o escritor Graciliano Ramos, que narrou essa amizade em seu livro “Memórias do Cárcere”. Por discordar dos tratamentos tradicionais, foi transferida para a Seção de Terapia Ocupacional, que se resumia a tarefas de limpeza e manutenção do hospital. Lá revolucionou o tratamento clínico dos pacientes ao criar ateliês de pintura e modelagem. As obras de seus “clientes” comprovaram as teorias de Jung sobre o inconsciente coletivo. No Rio de Janeiro, em 1952, fundou o Museu do Inconsciente para abrigar este acervo e, em 1956, a Casa das Palmeiras, um centro de reabilitação para pacientes egressos de hospitais psiquiátricos. Em 1961, foi chamada a Brasília pelo presidente Jânio Quadros para apresentação de um plano de desenvolvimento da terapêutica ocupacional nos hospitais psiquiátricos federais. Ganhou o prêmio Mério da Ordem Cultural. Faleceu em 30 de outubro de 1999, aos 93 anos.