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Aristides Leão
Em 1944, ao trabalhar em sua tese de doutorado pela Universidade de Harvard, o neurofisioligista Aristides Leão descobriu uma reação ocorrida no córtex cerebral e ainda não observada. O fenômeno foi batizado por ele de depressão alastrante, mas também ficou conhecido com "A Onda de Leão". Não são conhecidas as causas naturais que provocam o fenômeno, mas ele pode ser induzido por toque, choque elétrico ou substância química. A descrição da depressão alastrante colabora no diagnóstico de doenças como a epilepsia e a enxaqueca. De acordo com as investigações posteriores de Leão, ela não ocorre apenas no cérebro, mas também em outras estruturas neurais. O pesquisador também é lembrado por sua marcante atuação como presidente da Academia Brasileira de Ciências entre 1967 e 1981. Ele defendeu cientistas perseguidos pelo regime militar, criou publicações científicas e fechou acordos importantes à frente da ABC. Sua contribuição à ciência lhe rendeu importantes prêmios científicos como o Einstein, em 1961; o Álvaro Alberto, em 1973 e o Moinho Santista, em 1977. Nascido em 3 de agosto de 1914, no Rio de Janeiro e falecido em 14 de dezembro de 1993, ele também recebeu homenagem póstuma da Academia Brasileira de Ciências, sendo eleito presidente emérito da instituição, cuja biblioteca ganhou seu nome. -
Aziz Nacib Ab'Sáber
Azis Ab'Saber foi um grande estudioso da geomorfologia brasileira. Estudioso da geografia aliada à natureza, é um dos autores da teoria dos refúgios, que explica a formação das chamadas linhas de pedra na geografia brasileira. Essas e outras descobertas resultantes de toda uma vida dedicada ao estudo das diferentes regiões do Brasil tornam o trabalho dele fundamental para o conhecimento da história geoecológica do país e da formação do ecossistema. Em seus estudos sempre demonstrou preocupação com a preservação das reservas naturais brasileiras. As relações entre homem e meio-ambiente também permearam as pesquisas do cientista, que não vê a geografia como uma disciplina isolada. Publicou trabalhos sobre o Nordeste brasileiro e foi idealizador do projeto Floram, sobre ações de reflorestamento,nas quais as necessidades de cada região deveriam ser consideradas.Quando começou a se interessar pelo estudo geomorfológico, sua família era pobre e o trabalho de campo da geografia não era muito desenvolvido no país. Depois de fazer um primeiro estudo sem orientação, conseguiu publicar um artigo sobre a região de Goiânia. Daí para a frente, suas pesquisas de campo se intensificaram e ele tornou-se um profundo conhecedor da geografia brasileira. Nasceu em 24 de outubro de 1924, em São Luiz do Paraitinga, SP e faleceu em 16 de março de 2012, em Cotia, São Paulo. -
Azis Simão
A primeira grande contribuição de Azis Simão para a sociologia brasileira foi publicada em 1947: uma pesquisa sobre o voto operário em São Paulo. Pela primeira vez, a universidade estudava o comportamento proletário. Estava definida uma linha de pesquisas que pautaria a carreira universitária do sociólogo e professor. A tese de livre-docência, defendida em 1964, transformou-se no livro "Sindicato e Estado", que aborda a formação do proletariado paulista. Tornou-se professor em 1957, vencendo os obstáculos impostos por sua cegueira. A nomeação oficial só veio dois anos depois de já estar trabalhando. Azis foi reprovado no exame e suas aulas, durante esse período, eram acompanhadas por um corpo médico. A contratação só pôde se dar oficialmente por meio de uma lei especial, apesar de o diploma de Azis credenciá-lo ao magistério. Nascido em 1° de maio de 1912, tinha uma vocação política e vinculou-se ao movimento operário. Ligado aos intelectuais modernistas, também atuou no jornalismo e participou ativamente da Oposição ao Estado Novo. Foi um dos fundadores da União Democrática Socialista. Azis Simão morreu em 19 de julho de 1990, em São Paulo, contribuindo como cientista e exemplo de vida e superação. -
Bernhard Gross
Nascido em 22/11/1905 na Alemanha, Bernhard Gross chegou ao Brasil em 1933 e criou um grupo de pesquisas sobre raios cósmicos. Pouco depois, passou a estudar a dielétrica e detectou, pela primeira vez na América Latina, uma partícula fortemente radioativa originada por explosões nucleares em outros continentes. Também descobriu a corrente Compton, produzida pela absorção de raios gama pela matéria e construiu um aparelho baseado nesse princípio. No campo da física-matemática, desenvolveu a "teoria geral da resposta linear na teoria dos circuitos elétricos". Sob a influência desses estudos e de seus ensinamentos, formou-se toda uma geração de novos cientistas. O físico também participou da criação do Instituto Nacional de Tecnologia, do Conselho Nacional de Pesquisas (CNPq) e da Comissão de Energia Nuclear. Foi ainda diretor da Divisão de Informação Científica da Agência Internacional de Energia Atômica e secretário organizador da II Conferência para Usos Pacíficos da Energia Atômica. O prêmio Bernardo Houssay, da Organização dos Estados Americanos, lhe foi entregue em reconhecimento ao conjunto de sua obra. Gross faleceu em 2002. Para ele, a física era uma vocação, principalmente na sua época, quando a falta de apoio e equipamentos dificultavam a vida de quem se dedicava à pesquisa. -
Câmara Cascudo
Luís da Câmara Cascudo nasceu no dia 30 de dezembro de 1898, na cidade de Natal, Rio Grande do Norte. O primeiro banho foi com água morna, temperada com vinho do Porto — para ficar forte — e com um patacão de prata do Império — para nunca lhe faltar dinheiro. No batizado, o padre abençoou-o com nome em latim informado pelo padrinho: Ludovicus. O pai, delegado e comerciante, teve com a esposa outros três filhos que morreram de difteria. Filho único de família rica, recebeu educação privilegiada. Proibido de correr, pular, andar descalço, subir em árvores — pelo medo dos pais de que viesse a ter o mesmo fim dos irmãos —, sua obediência era aparente, já que enquanto brincava no quarto cheio de brinquedos, fugia para tomar banho frio, brincar na rua e pescar no rio Potengi. “Meu avô paterno era um dos chefes do Partido Conservador [...] que também tinha um apelido de Partido Cascudo, que quer dizer teimoso, obstinado, e deram para chamar o meu avô de ‘o velho Cascudo’ [...] Assim, não há família Cascudo, é um apelido que se tornou patronímico.” Frequentou o colégio Atheneu Norte-Rio-Grandense, onde se tornaria professor de história e diretor, bem como alvo de críticas de colegas que não achavam adequado falar aos alunos sobre lobisomem, saci-pererê e mula-sem-cabeça. Em 1913, a família mudou-se para uma chácara no bairro do Tirol. “Fundou-se o Principado do Tirol, com toda a hierarquia aristocrática [...] Meus primeiros artigos e livros nasceram nesse clima. Para ali, fui rapazinho de 15 anos e saí aos 34, casado e com um filho.” Passou a escrever uma coluna sobre cultura e literatura no jornal A Imprensa.“ Meu pai fundou um jornal em 1914 [...] com 17 anos eu era repórter. O hábito e a vida de repórter, junto às leituras de movimento, fizeram de mim a curiosidade viva pelo povo, ouvindo, anotando e divulgando.” Ingressou no curso de medicina em Salvador (1918), Bahia. Queria ser doutor, ter um laboratório e pesquisar, sonho que demandava recursos dos quais não mais dispunha. Abandonou a medicina no último ano. Publicou seu primeiro livro em 1921 — Alma patrícia. Foi para a Faculdade de Direito do Recife, sobrevivendo com as economias pessoais. Formou-se em 1928. “A pobreza de meu pai, altiva e nobre, não me permitia abandoná-lo e viajar para o sul, vencer no Rio. Filho único, devia retribuir em assistência quanto tivera em pecúnia e carinho. Fiquei, definitivamente e sem recalques, provinciano. Ia ser até, a velhice, professor jagunço.” Após a falência do pai, em parte causada pela quebra da bolsa de valores norte-americana em 1929, prosseguiu como professor, jornalista e escritor. Escreveu ao amigo Mário de Andrade (1893-1945) : “Minha situação aqui é asfixiante e besta. Ganho uma miséria como professor, e as dez pessoas da família que sustento não podem esperar pão de outra parte.” Assim como Câmara Cascudo, o movimento modernista valorizava o regionalismo e a cultura brasileira. “Aquilo foi uma reunião de vários temperamentos, e alguns mais explosivos como Oswald de Andrade (1890-1954), que eu chamava por ‘doido-mor’ [...] ‘Tupy or not Tupy’, dizia o doido-mor [...] que em plena confusão de 22, abraçou-me com muito carinho pela minha preocupação em descrever o dia a dia brasileiro.” Em 1951, foi nomeado professor da Faculdade de Direito, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, lá permanecendo até a sua aposentadoria. “Nenhuma ciência possui maior espaço de pesquisa e de aproximação humana que o folclore. O conto popular é um documento vivo.” Publicou mais de 200 livros e opúsculos — dentre eles o Dicionário do folclore brasileiro (1954). “Era, inicialmente, um simples caderninho de notas para facilitar meu trabalho [...] Posso dizer que o Dicionário [...] representa, incontestavelmente, o mural das minhas habilidades no tempo e no espaço. Ali estão as minhas curiosidades, o segredo, a alegria da minha preferência.” Câmara Cascudo é considerado o maior folclorista brasileiro. A casa na qual ele viveu grande parte de sua vida, no centro de Natal, abriga o Ludovicus e foi aberta à visitação pública em 2010, para divulgar a vida e a obra do cientista potiguar. A dedicação de Cascudo ao folclore foi estampada nas notas de 50 mil cruzeiros, que circularam entre 1991-94. Faleceu em 30 de julho de 1986, em Natal- Rio Grande do Norte. -
Cândido Lima da Silva Dias
Dentre as influências que marcaram a atuação do matemático Cândido Lima da Silva Dias está o trabalho do chamado "Bourbaki": grupo de jovens cientistas franceses que criaram uma sociedade secreta dedicada a reformular a parte básica da matemática. Os escritos do grupo eram publicados em partes e resultariam numa obra denominada "Elementos da Matemática" cuja autoria seria atribuída, por pseudônimo, a Nicolas Bourbaki. Ainda há referências atuais acerca de seminários e encontros promovidos pelo grupo. Desde o início da vida escolar, Cândido revelou habilidade e interesse pelos números. O estímulo do pai, que era engenheiro, também foi fundamental. Começou seus estudos superiores na Escola Politécnica mas, em 1934, transferiu-se para a recém-criada "subseção" de matemática da USP. O primeiro trabalho acadêmico, sobre a teoria dos funcionais analíticos, foi realizado no início da década de 40 e foi um estímulo para a carreira de professor, à qual se dedicou durante 54 anos. Na década de 50, o matemático também participou da criação e dirigiu o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA), ligado ao CNPq. Esse período, de acordo com o professor, também foi o mais dedicado à pesquisa, trabalho do qual ele confessava ter saudade no final da vida. Cândido nasceu em 31/12/1913 em São Paulo e morreu no dia 15 de setembro de 1998. -
Cândido Rondon
O explorador, pacificador e geógrafo Marechal Cândido Mariano da Silva Rondon ficou conhecido pelo lema "Matar nunca, morrer se preciso for", que dá a dimensão do seu caráter pacificador. Bacharel em ciências físicas e naturais, foi professor de astronomia, mecânica e matemática. Abandonou o magistério para dedicar-se à construção de linhas telegráficas pelo interior do Brasil, atendendo à solicitação do governo federal. Pacificador dos índios Bororó, Botocudo, Kaingang, Xokleng, Nambikuára, Xavante e Umotina, implementou a ligação telegráfica entre Brasil, Paraguai e Bolívia. Nasceu em 5 de maio de 1865,em Mimoso, um distrito localizado no município de Santo Antônio de Leverger,Mato Grosso. o sobrenome Rondon, foi em homenagem ao tio que terminou de criá-lo devido a morte dos pais de cândido. Foi o primeiro diretor do Serviço de Proteção ao Índio e guiou o ex-presidente americano Theodore Roosevelt em sua expedição pelo Amazonas. Recebeu o Prêmio Livingstone, concedido pela Sociedade de Geografia de Nova Iorque. Levantou a Carta Geográfica do Estado do Mato Grosso por meio de sucessivas expedições e foi diretor de engenharia do Exército. De 1927 a 1930, inspecionou toda a fronteira brasileira desde as Guianas até a Argentina. Em 1938, Rondon promoveu a paz entre Colômbia e Peru. Propôs a fundação do Parque Indígena do Xingu e inaugurou o Museu Nacional do Índio. Ele recebeu o título de o "Pai das Telecomunicações Brasileiras" e no dia 05 de maio, data de aniversário de Rondon, também se comemora O Dia Nacional das Telecomunicações em homenagem a ele. Teve a glória de ter seu nome escrito em letras de ouro no maciço Livro da Sociedade Geográfica de Nova Iorque. Em 1955, o Congresso Nacional brasileiro nomeou-o Marechal e deu o nome de Rondônia ao território do Guaporé, em sua homenagem. Faleceu em 19 de janeiro de 1958. -
Carlos Chagas
O médico, pesquisador e sanitarista Carlos Ribeiro Justiniano Chagas, nasceu na cidade de Oliveira, Minas Gerais, em 9 de julho de 1878 e foi o responsável por importantes descobertas no ramo da parasitologia e da saúde pública no Brasil e no mundo. Seus estudos possibilitaram o avanço das práticas de prevenção e combate a doenças como a malária e a gripe espanhola. Em sua expedição à floresta amazônica, em 1912, fez o levantamento da carta epidemiológica da região, além de ter realizado diversos estudos sobre protozoários, e no campo da microbiologia. Formou-se em 1903, pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se especializou no estudo experimental das doenças tropicais, com uma tese sobre Malária. Em 1905, foi contratado por Oswaldo Cruz com a missão de controlar a epidemia da doença que assolava o município de Itatinga, no estado de São Paulo. Dois anos depois, foi para o norte de Minas Gerais para combater a malária entre os trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil. Carlos Chagas permaneceu dois anos nesta região onde suas pesquisas o levaram a descobrir uma doença, provocada por um protozoário até então desconhecido, que denominou de Trypanosoma cruzi, em homenagem ao seu mestre Oswaldo Cruz. Conhecida popularmente como Doença de Chagas, a Tripanossomíase americana tornou o médico mundialmente famoso. Pela primeira vez na história da medicina, um pesquisador conseguiu descrever por completo o ciclo da doença, tendo identificado o vetor (o besouro conhecido como barbeiro), o agente causal (o protozoário Trypanosoma cruzi), o reservatório doméstico (gato), a doença nos humanos e suas complicações. Atuou como médico sanitarista na Diretoria Geral de Saúde Pública do governo federal e, em 19 de março de 1906, transferiu-se para o Instituto de Manguinhos, mais tarde denominado Instituto Oswaldo Cruz. Em 1921, viajou para os Estados Unidos, onde fez uma série de conferências e recebeu o título de Doutor Honoris Causa da Universidade de Harvard, tornando-se o primeiro brasileiro a obter a condecoração. Chagas conquistou ainda os títulos de membro honorário da Société de Pathologie Exotique da França, da Royal Society of Tropical Medicine da Inglaterra e das Academias de Medicina de Paris, Bruxelas, Roma e Nova York. e faleceu em 8 de novembro de 1934, na cidade do Rio de Janeir -
Carlos Chagas Filho
Fundador do Instituto de Biofísica da Universidade do Brasil (atual UFRJ), Carlos Chagas Filho, filho do renomado médico Carlos Chagas e Íris Lobo Chagas, nasceu no Rio de Janeiro em 12 de setembro de 1910, produziu suas principais contribuições científicas estudando o poraquê do Amazonas, conhecido como peixe-elétrico. Suas pesquisas permitiram conhecer todo o mecanismo de funcionamento do órgão elétrico do peixe, até então totalmente inexplicado, e foram motivadas pelo fato de o animal ser característico da fauna brasileira.Em 1926, com 16 anos, entra para a faculdade de medicina da UFRJ, Já no segundo ano do curso, começa a trabalhar no Hospital São Francisco e no Instituto Manguinhos. Em 1932, torna-se diretor do hospital de Lassance À frente do Instituto de biofísica, também foi responsável pela adoção de métodos especiais de análise microscópica e outras técnicas inovadoras de separação de substâncias e materiais que ele adaptou à pesquisa biomédica. Com uma carreira universitária diversificada, participou da criação do CNPq. Foi presidente da Comissão de Cursos de Pós-Graduação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e diretor da Faculdade de Medicina da UFRJ. Por seu trabalho acadêmico, conquistou prestígio internacional. recebeu a Medalha Antonia Chaves Berchon des Essarts, concedida ao alunos que obtiveram as melhores notas no decurso da faculdade. Foi secretário-geral da Conferência das Nações Unidas para a Aplicação da Ciência e da Tecnologia ao Desenvolvimento e delegado permanente do Brasil junto à UNESCO, além de ter presidido a Academia Pontifícia de Ciência do Vaticano com a intenção declarada de aproximar ciência e religião. Ocupou a cadeira 09 da Academia Brasileira de Letras (ABL). Carlos Chagas Filho, faleceu em 16 de fevereiro de 2000, aos 89 anos no Rio de Janeiro. -
Carlos Ribeiro Diniz
Carlos Ribeiro Diniz, nasceu em 02 de fevereiro de 1919 em Luminárias-MG. Exerceu várias atividades, foi médico, bioquímíco, professor e pesquisador. Ele desenvolveu importantes estudos sobre os venenos de cobras, aranhas e escorpiões. Como diretor da Fundação Ezequiel Dias (Funed), conseguiu recursos que permitiram a pesquisa básica e a produção de vacinas e soros antiofídicos. Formado em medicina, sempre se interessou pela área da bioquímica. Envolveu-se também em estudos sobre a bradicinina, que provoca a queda da pressão arterial, e outras substâncias químicas que repercutiam no sistema cardiovascular. Embora tivesse recebido convites para participar de projetos industriais, Diniz afirmava que sua vocação sempre esteve ligada à universidade, ao ensino e à pesquisa. Participou da formação do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), da UFMG e da consolidação da pós-graduação em bioquímica da mesma universidade. Também foi um dos criadores da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig). Durante um Congresso em Estocolmo defendeu uma ideia polêmica: a preservação dos animais venenosos ameaçados de extinção. Acreditava que apenas preservando-os seria possível estudá-los e conhecer a ação dos venenos. O "doutorzinho" como era chamado já na infância pelo seu interesse por pesquisa. Recebeu os seguintes prêmios: Comendador da Odem Nacional do Mérito Científico, membro titular da Academia Brasileira de Ciências, professor emérito da Universidade Federal de Minas Gerais- UFMG.. Morreu no dia 8 de julho de 2002 -
Carmen Portinho
Carmen Portinho trouxe ao Brasil o conceito de habitação popular depois de estagiar na Inglaterra durante a reconstrução daquele país ao final da Segunda Guerra Mundial. Iniciativa que lhe rendeu o cargo de diretora do Departamento de Habitação Popular da prefeitura do Rio de Janeiro. Ficou conhecida pelo pioneirismo e por frequentar os canteiros das obras de que participava. Foi a terceira mulher a se formar em engenharia civil na Escola Politécnica da Universidade do Brasil (atual UFRJ). Como diretora do Museu de Arte Moderna (MAM), lutou pela renovação da estética da arte, sendo responsável pelas primeiras exposições de vanguarda no Rio de Janeiro. Também dirigiu a Escola de Desenho Industrial (ESDI) da mesma cidade. Politicamente engajada, defendeu os alunos da ESDI durante a ditadura militar e participou ativamente do movimento feminista. Foi fundadora da União Universitária Feminina, que reunia algumas das primeiras mulheres do país que concluíam estudos universitários. Nasceu em 26 de janeiro de 1903, em Corumbá, Mato Grosso do Sul. Carmem morreu em 25 de julho de 2001, no Rio de Janeiro. -
Carolina Martuscelli Bori
Carolina Martuscelli Bori foi uma das primeiras psicólogas brasileiras a realizar trabalhos de campo Sua opção pela área experimental deu-se pela crença no rigor científico em psicologia. Uma das primeiras pesquisas realizadas por ela foi publicada no final da década de 40 e tratava do preconceito racial e social. Na época, Carolina tinha mais ou menos 30 anos. Preocupada com a divulgação da ciência, sempre acreditou que o conhecimento acadêmico devia estar mais próximo do povo. E foi essa sua filosofia à frente da SBPC, sociedade da qual é presidente de honra. Durante sua gestão, foram realizados programas de rádio e palestras que buscavam divulgar a ciência em todo o país. Trabalhou, ainda, na implantação de outras entidades e faculdades da área de psicologia, orientando mais de cem teses de mestrado e doutorado ao longo da carreira acadêmica. Oriunda, inicialmente da Faculdade de Educação, foi uma das responsáveis pela implantação no Brasil do Curso Programado de Aprendizado: uma metodologia de ensino personalizada que leva em consideração as necessidades do estudante. Nasceu em 4 de janeiro de 1924, em São Paulo e faleceu em 4 de outubro de 2004. -
Casemiro Montenegro
Casemiro Montenegro nasceu no dia 29/10/1904 em Fortaleza, foi um dos oito membros da primeira turma de aspirantes da aviação do Exército, criada em 1927, e impulsionou a maior parte dos investimentos brasileiros no setor. Cel. Casemiro Montenegro Filho conseguiu criar uma escola de Engenharia, que se desenvolveu e se projetou dentro e fora do nosso país e hoje é considerada um paradigma de ensino: o Instituto Tecnológico da Aeronáutica(ITA), em São José dos Campos (SP). Um dos fundadores do Correio Aéreo Militar, integrava o contingente dos que identificavam na aviação um instrumento privilegiado de integração do país. Como resultado do esforço de Casemiro Montenegro, o Brasil é hoje um importante exportador de aviões e tem seu próprio programa espacial.Foi admitido pelo presidente da república na Ordem Nacional do Mérito Científico, na classe de Grã-Cruz, na área da Tecnologia, por relevantes serviços prestados à Ciência e Tecnologia. Faleceu no dia 26/02/2000 no Rio de Janeiro. -
Crodowaldo Pavan
Crodowaldo Pavan nasceu em 01 de dezembro de 1919, em Campinas-SP, foi um dos primeiros brasileiros dedicados aos estudos de genética, ele realizou pesquisas que o tornaram reconhecido internacionalmente. Sua equipe derrubou, por exemplo, a teoria da constância, na qual se acreditava que todas as células traziam a mesma quantidade de material genético e só se diferenciavam por influência do meio. A hipótese de Pavan de que poderia haver alterações no número de genes dentro do cromossomo com o desenvolvimento do animal levou oito anos para ser aceita pela comunidade científica. Foi o responsável pelo estudo da citogenética de Rynchosciara americana, uma mosca conhecida por seus cromossomos gigantes. Em 1938, cursou história natural na USP, onde trabalhou na investigção biológica. Nesta mesma instituição concluiu o doutorado com a tese bagre-cego, Typhlobagrus kronci .Em 1942, participa de um projeto pioneiro patrocinado pela Fundação Rockefeller, sobre taxinomia, genética e ecologia das drosophilas, a mosca das frutas, neste mesmo ano, se torna professor assistente e posteriormente professor titular da USP onde permanece até a sua aposentadoria em 1978. Em 1966, cria um laboratório de genética celular a convite do Laboratório Nacional de Oak Ridge, no Tennessee (EUA). Em 1968, aceitou um convite para se tornar professor na Universidade do Texas, em Austin. Retornou ao Brasil em 1975, e, depois de se aposentar oficialmente de seu cargo na Universidade de São Paulo, aceitou a posição de professor titular na recém fundada Universidade Estadual de Campinas, onde exerceu o cago de diretor do Instituto de Biologia, até sua segunda aposentadoria. Foi emérito nas duas universidades. Foi presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp). Foi membro de várias sociedades científicas internacionais, tais como: a Academia de Ciências do Terceiro Mundo, a Academia das Ciências de Lisboa, a Sociedade Real de fisiografia de Lund, e a Academia de Ciências do Chile. Recebeu condecorações, medalhas e prêmios de vários países. Ele foi um dos poucos brasileiros a se tornar membro da Pontifícia Academia de Ciências, da Academia Brasileira de Ciências, um dos fundadores da Academia das Ciências do Estado de São Paulo (ACIESP), da Academia de Medicina de São Paulo e da Academia de Educação de São Paulo e da Sociedade Brasileira de Genética. Participou de várias atividades ligadas à compreensão pública da ciência. Foi um dos fundadores e diretores da Associação Brasileira de Divulgação Científica, (ABRADIC), O último livro dele publicado- História Viva- foi realizado em parceria com Glória Kreinz, estando entre as 11 obras da Coleção Divulgação Científica do Núcleo José Reis. Crodowado faleceu em 03 de abril de 2009, aos 89 anos em São Paulo. -
Darcy Ribeiro
Darcy Ribeiro nasceu em Montes Claros, Minas Gerais, no dia 26 de outubro de 1922, filho de Reginaldo Ribeiro dos Santos e de Josefina Augusta da Silveira Ribeiro. Aos três anos de idade, seu pai faleceu, o que fez Darcy e sua mãe irem morar com os avós. Sob a influência de seu tio, médico, em 1939, ingressou na Faculdade de Medicina em Belo Horizonte. Entretanto, sem vocação para a carreira médica, abandonou a faculdade em 1943 e ingressou na Escola de Sociologia e Política de São Paulo, graduando-se em 1946. Entre 1946 e 1956, Darcy Ribeiro passou a dedicar os primeiros anos de vida profissional ao estudo dos índios de várias tribos do país. Neste período, ingressou no Serviço de Proteção ao Índio (SPI), travando contato com o marechal Cândido Mariano Rondon, presidente do Conselho Nacional de Proteção ao Índio. Nos anos seguintes, seus estudos etnológicos levaram-no a viver longos períodos entre comunidades indígenas. Por sua iniciativa foi inaugurado em 1953, no Rio de Janeiro, o Museu do Índio. Outro importante momento de seu trabalho no SPI, foi a formulação de um projeto para a criação do Parque Indígena do Xingu, que viria a ser implantado anos mais tarde sob a direção dos indianistas Orlando e Cláudio Villas Bôas. De 1948 até 1974, foi casado com Berta Gleizer Ribeiro, antropóloga e etnóloga, ela contribuiu nos estudos de campo de aldeias indígenas do Mato Grosso no período em que Darcy Ribeiro trabalhou para o SPI. A partir de 1955, voltou-se para as questões educacionais e institucionais de universidades no país, em conjunto com Anísio Teixeira. Entre 1957 e 1961, Darcy foi diretor de Estudos Sociais do Centro Brasileiro de Pesquisas Educacionais do Ministério da Educação (MEC). Nesse período, participou das discussões sobre a criação da primeira Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), de 1961, e também da construção da Universidade de Brasília, e em sua inauguração, foi nomeado o primeiro reitor da universidade. Em 1962, assumiu o Ministério da Educação e Cultura. Em janeiro de 1963, por ocasião do retorno do país ao regime presidencialista, deixou o Ministério da Educação para assumir a chefia do Gabinete Civil da Presidência da República. Contudo, em 1964, o agravamento da crise político-institucional culminou com a deflagração do movimento político-militar que depôs o presidente Goulart em abril. Nessa ocasião, Darcy foi um dos poucos membros do governo a tentar organizar uma resistência em defesa do regime democrático. Foi destituído de seus direitos políticos pelo Ato Institucional nº 1 (AI-1) e demitido dos cargos de professor da Universidade do Brasil e de etnólogo do SPI. Por isso, Darcy teve então de deixar o país e se exilar no Uruguai. Entre 1964 e 1968, Darcy e a esposa começaram a trabalhar na escrita e na primeira edição da coletânea de obras e estudos chamada Antropologia da Civilização, constituída por cinco volumes. São eles: O processo Civilizatório, As Américas e a Civilização, O Dilema da América Latina e Os Brasileiros, que se subdivide em Teoria do Brasil e Os Índios e a Civilização. Nesse período, Darcy também lecionou Antropologia na Universidade Oriental do Uruguai. Em 1968, os processos que lhe eram movidos no Brasil pelo novo regime foram anulados pelo Supremo Tribunal Federal, o que lhe possibilitou retornar ao país em outubro. Nessa época, acirrava-se o clima de polarização política entre o governo e a oposição, o que culminou com a edição do Ato Institucional nº 5 (AI-5), em 13 de dezembro. Logo em seguida, Darcy foi preso e indiciado sob a acusação de infringir a Lei de Segurança Nacional. Permaneceu detido em unidade da Marinha até setembro de 1969, quando foi finalmente julgado e absolvido pela Auditoria da Marinha do Rio de Janeiro. Entretanto, seus problemas políticos e institucionais permaneceram, ele deixou o país por diversas vezes, se fixou em Caracas (Venezuela) e, posteriormente, transferiu-se para o Peru. Retornou definitivamente ao Brasil em 1976. Em 1979, no mesmo ano em que recebeu anistia, foi reintegrado ao Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), onde assumiu o cargo de diretor-adjunto do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais. Em novembro seguinte, filiou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT). Em 1982, se lançou como vice-governador do Rio de Janeiro pelo mesmo partido liderado por Brizola, e venceu as eleições. Nesse período, atuou principalmente na área da ciência, da educação e da cultura, em que acumulou o cargo de Secretário de Estado da Cultura, além de coordenar o Programa Especial de Educação, cuja principal meta era a implantação dos Centros Integrados de Educação Pública (CIEPs). Os CIEPS eram escolas de tempo integral, em que os estudantes teriam atividades escolares regulares, além de reforço escolar, educação física, iniciação esportiva, projetos culturais, tais como: aulas de música, pintura e teatro. Enquanto secretário de cultura, Darcy criou o Sambódromo do Rio de Janeiro, mais conhecido como Sambódromo da Marquês de Sapucaí, originalmente nomeado Passarela Professor Darcy Ribeiro. Embaixo das arquibancadas do sambódromo, funcionou durante muito tempo um CIEP (Centros Integrados de Educação Pública). A ideia era fazer uma construção colossal, como o sambódromo, para que fosse utilizada não somente durante o Carnaval, mas também durante o ano todo. Darcy Ribeiro, enquanto educador e visionário, acreditava que a solução para o futuro do país estava na educação pública de qualidade. Em 1982, durante a campanha de Brizola para o governo do Rio de Janeiro, Darcy Ribeiro proferiu a seguinte frase, considerada uma espécie de profecia, que se confirmou em nosso país: “Se os governantes não construírem escolas, em 20 anos faltará dinheiro para construir presídios.”. Em maio de 1987, convidado pelo governador Newton Cardoso, do Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB), Darcy Ribeiro assumiu a secretaria extraordinária de Desenvolvimento Social de Minas Gerais, abandonando o cargo em setembro deste mesmo ano. Em outubro de 1990, eleito senador pelo estado do Rio de Janeiro na legenda do PDT, continuou sua atuação em defesa da cultura e da educação. Darcy tomou posse no Senado em fevereiro do ano seguinte, para aquele que seria o único mandato legislativo de toda a sua trajetória política. Em setembro de 1991, licenciou-se de seu mandato no Senado para assumir a secretaria estadual de Projetos Especiais de Educação do governo fluminense. Em 1992, de volta ao Senado, concentrou sua atividade na elaboração da nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). No mesmo ano, em outubro, foi eleito para ocupar a cadeira nº 11 da Academia Brasileira de Letras (ABL), cuja posse se deu em 15 de abril de 1993, pelas mãos do acadêmico Cândido Mendes de Almeida. Em 1994, Leonel Brizola lançou-se candidato à Presidência da República e Darcy Ribeiro a vice-presidente Porém, quem venceu foi Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Neste mesmo ano, Darcy foi internado em estado grave de câncer e após um mês de permanência no hospital, desrespeitando a ordem médica, fugiu para terminar sua obra: O povo brasileiro, que versa sobre a formação antropológica do Brasil, último livro lançado por Darcy, em 1995, no qual trabalhou por 30 anos e que foi considerado um dos mais amplos, destacados e complexos da autoria dele. Durante o ano de 1996, manteve uma coluna semanal no jornal Folha de São Paulo e recebeu inúmeras homenagens. Manteve em toda a sua trajetória o gosto pela polêmica e pelo combate político. Em 17 de fevereiro de 1997, o antropólogo morreu na cidade de Brasília, em decorrência de complicações causadas por um câncer. Darcy Ribeiro foi sobretudo um pensador brasileiro dedicado a pensar o Brasil, cuja trajetória intelectual, contempla também a construção de um pensamento autônomo e relevante concernente aos conhecimentos dos países dominantes. Devido ao grande engajamento político, teve a vida, a obra e a história refletidas no pensamento social, nas pesquisas antropológicas e nas disputas políticas do povo brasileiro . -
Edgar Roquette-Pinto
Edgard Roquette-Pinto nasceu no Rio de Janeiro, então Capital do Império, no dia 25 de setembro de 1884, filho do advogado Manuel Menélio Pinto Vieira de Melo e de Josefina Roquette Carneiro de Mendonça. Foi criado pelo avô João Roquette Carneiro de Mendonça, com quem aprendeu a amar a natureza. Viveu até os 10 anos de idade na Fazenda Bela Fama, próximo a Juiz de Fora, no interior de Minas Gerais. Seu nome de registro era Edgar Roquette Carneiro de Mendonça Pinto Vieira de Mello, mas o pouco contato com a família do pai o levou a alterá-lo para Edgard Roquette-Pinto, com um hífen, que ele fazia questão de destacar e dele não abria mão. Retornando a sua cidade natal, fez o curso de humanidades no Externato Aquino, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal. Ingressou, em seguida, na Faculdade de Medicina da Universidade do Brasil, pela qual colou grau em 1905. Nesse mesmo ano, legalizou seu novo sobrenome e depois o estendeu aos seus descendentes. No ano seguinte tornou-se, por concurso, professor assistente de Antropologia e Etnografia do Museu Nacional, na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro, de cuja cátedra Henrique Batista era o titular. Em setembro desse mesmo ano, iniciou uma série de estudos sobre os sambaquis das costas do Rio Grande do Sul, onde havia jazidas de conchas, ossos e utensílios do homem pré-histórico que habitou o litoral da América. Em 1907 recebeu convite para participar da Missão Rondon, chefiada pelo então tenente-coronel Cândido Mariano da Silva Rondon, cujo objetivo era promover a integração do território brasileiro. Escreveu seu primeiro trabalho acerca dos índios primitivos do nordeste brasileiro. Professor de História Natural na Escola Normal do Distrito Federal e professor de Fisiologia na Universidade Nacional do Paraguai, fundou a Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, onde passou a ser conhecido como radiojornalista. Diretor do Museu Nacional, reuniu a maior coleção de filmes científicos do Brasil. Fundou a Revista Nacional de Educação, o Instituto Nacional do Cinema Educativo e o Serviço de Censura Cinematográfica. Faleceu no Rio de Janeiro, em 18 de outubro de 1954. Roquette-Pinto foi membro do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, da Academia Brasileira de Ciências, da Sociedade de Geografia, da Academia Nacional de Medicina e de inúmeras outras associações culturais, nacionais e estrangeiras. -
Henriette Mathilde Maria Elisabeth Emilie Snethlage
Emilie Snethlage nasceu em Kraatz, distrito de Brandenburgo, Alemanha, no dia 13 de abril de 1868. De família luterana, perdeu a mãe, Elizabeth Rosenfeld, com apenas 4 anos e ela e os três irmãos receberam educação em casa, através de seu pai, o reverendo Emil Snethlage. A formação de Emilie foi bastante rígida, porém isso não lhe deixou marcas negativas. Pelo contrário, ela tornou-se uma pessoa dedicada não somente à ciência, mas também solidária aos irmãos, sobrinhos e amigos. Aos 21 anos, Emilie começou a trabalhar como preceptora na Alemanha, Inglaterra e Irlanda, onde atuou por 10 anos. Em 1899, inscreveu-se na Universidade de Berlim para estudar história natural, foi uma das primeiras mulheres a frequentar a universidade na Alemanha. Tornou-se doutora em ciências em 1904, pela Universidade de Freiburg, e de cuja tese sobre musculatura de artrópodes foi bastante apreciada, o que lhe permitiu encontrar logo uma oportunidade de trabalho com o ornitólogo alemão Anton Reichenow. Assim, em 1905, tornou-se assistente de ornitologia no Museu de História Natural de Berlim. No mesmo ano, Emilie Snethlage ficou sabendo sobre a vaga de emprego no Museu Paraense de História Natural e Ethnographia, atual Museu Paraense Emílio Goeldi (MPEG), em Belém do Pará. Com o seu currículo excelente e com as boas indicações conseguiu a vaga e no mesmo ano mudou-se para o Brasil, com o intuito de fazer pesquisas de campo na Amazônia. No Museu Paraense, Emilie Snethlage começou a desenvolver inúmeros trabalhos de campo, em expedições científicas pela Amazônia, a fim de coletar espécimes, principalmente de aves. Dentre as viagens que fez, a de 1909, foi a que teve mais destaque, porque permitiu à Emilie realizar a travessia entre os rios Xingu e Tapajós, contando apenas com a companhia dos indígenas locais em uma região que até então não havia sido cartografada, encontrando, entre outras surpresas, uma serra granítica de aproximadamente 500 metros de altura, que teve que ser ultrapassada com poucos recursos. Nas anotações desta viagem, a cientista pôde registrar o traçado do curso do rio Jamanxim, principal tributário da margem direita do Tapajós, e publicar um vocabulário comparativo dos índios Chipaya e Curuahé, trabalho este que obteve grande repercussão no meio científico internacional e, com isso levou à publicação de artigos de cunho etnográfico. Em 1914, Emilie se destacou no trabalho sobre o Catálogo de Aves Amazônicas, composto por 1 volume contendo 530 páginas que inventariam 1.117 espécies. A obra serviu de referência aos estudiosos da ornitologia brasileira durante 70 anos e pretendeu reunir todas as espécies de aves da região descritas até o ano de 1913 e mencionadas na literatura científica. No mesmo ano da publicação do referido catálogo, tornou-se diretora do museu, e, ao mesmo tempo, a primeira mulher a dirigir uma instituição científica na América do Sul. Permaneceu no cargo até 1917, de onde saiu em 1918, após ter sido afastada devido ao rompimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, tendo sido reintegrada em 1919, ao mesmo posto que ocupava. Em 1922, aceitou o convite para trabalhar como naturalista no Museu Nacional de História Natural, no Rio de Janeiro, tendo como colegas Bertha Lutz e Heloísa Alberto Torres. Pela instituição, Emilie, teve a oportunidade de fazer longas viagens de pesquisa, percorreu vários estados do Brasil e da América do Sul, passou pelo Maranhão, Espírito Santo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso, Goiás, atravessou um longo trecho do rio Araguaia e da ilha do Bananal, cujo trajeto incluía desde o Paraná, até Rio Grande do Sul, e também a Argentina e Uruguai. Seu trabalho resultou em mais de 40 artigos publicados no Brasil e no exterior onde, além de apresentar importantes estudos biogeográficos sobre a avifauna brasileira, Emilie pôde descrever cerca de sessenta espécies e subespécies de aves. Os espécimes coletados por ela estão hoje em diversas instituições brasileiras e estrangeiras. Em 1926, Emilie Snethlage foi a segunda mulher a se tornar membro da Academia Brasileira de Ciências e membro da International Society of Woman Geographers e uma das primeiras mulheres cientistas a atuar no Brasil. Pode-se dizer que o inestimável conjunto da obra científica de Emilie Snethlage teve uma grande repercussão, não apenas na zoologia internacional como, também, no próprio processo de institucionalização da Ciência no Brasil. Em 1929, aos 61 anos de idade, Emilie partiu em mais uma de suas viagens, uma expedição para percorrer o Rio Madeira, o único dos grandes afluentes ao sul do Amazonas que não tinha explorado. Antes de partir para a aventura, comentou com o então diretor do Museu Nacional, antropólogo e etnólogo Roquette-Pinto, que esta seria a sua última viagem. E durante a expedição, no dia 25 de novembro de 1929, na cidade de Porto Velho, Emilie Snethlage faleceu devido à insuficiência cardíaca. Emilie Snethlage, considerada a “heroína do mundo das aves foi uma mulher e cientista extraordinária e revolucionária, quebrou paradigmas e barreiras. Mudou o rumo da história, deixou um legado que influenciou várias gerações, o qual se perpetua até hoje. -
Erney Felicio Plessmann de Camargo
Erney nasceu em 20 de abril de 1935, em Campinas (SP), filho de Felicio Edgard de Camargo Cruz e Mary Marcondes Plessmann de Camargo. Formou-se em 1959 na Faculdade de Medicina da USP e iniciou sua carreira científica ainda no segundo ano do curso do medicina no Departamento de Parasitologia, sob a direção do professor Samuel Pessoa. Depois de formado, estagiou no Instituto Butantan, trabalhando em biossíntese de proteínas com o professor Sebastião Baeta. Em 1961, foi convidado por Leônidas de Mello Deane, que ocupava a regência do Departamento de Parasitologia, para ingressar como auxiliar de ensino no quadro docente da Faculdade de Medicina. No início de sua carreira foi fortemente influenciado por outros pesquisadores da faculdade, como Luiz Hildebrando Pereira da Silva, Leônidas e Maria Deane, Luis Rey, Victor e Ruth Nussenzweig, Michel Rabinovitch, Olga Castellani e José Ferreira Fernandes. Seus primeiros trabalhos foram sobre a bioquímica de protozoários parasitas em colaboração com Luiz Hildebrando. Seu primeiro trabalho independente, publicado em 1964 sobre o crescimento e diferenciação do Trypanosoma cruzi, ainda hoje é regularmente citado na literatura científica internacional. Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq de fevereiro de 2003 a junho de 2007. Médico, 71 anos, atua na área de biologia molecular de parasitas e epidemiologia da malária. Concluiu pós-doutorado no Institut Pasteur, França, doutorado e graduação na Universidade de São Paulo. Em 1961 foi convidado a ingressar como Auxiliar de Ensino no quadro docente da Faculdade de Medicina. Em 1964, junto com outros pesquisadores, foi demitido por razões políticas da Faculdade de Medicina, foi exilado e teve que emigrar para os Estados Unidos, onde permaneceu por cinco anos na Universidade de Wisconsin, Madison, retornando em seguida ao Brasil em 1969 onde apresentou sua tese de Doutorado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto-“Biossíntese de glicogênio em Blastocladiella emersonii”, cujo orientador foi José Moura Gonçalves, Em 1970, ingressou na Escola Paulista de Medicina, colaborando na reorganização do Departamento de Microbiologia e Parasitologia, juntamente com o professor Luiz Rachid Trabulsi. Em 1985, retornou à Universidade de São Paulo como Professor Titular do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas. Já ocupou ou ocupa os seguintes cargos: Professor Titular, Escola Paulista de Medicina; Professor Titular, Universidade de São Paulo; Chefia de Departamentos nas duas Instituições; Vice-Diretor do Instituto de Ciências Biomédicas; Pró-Reitor de Pesquisa da ; Presidente da Comissão de Biotecnologia do Governo de São Paulo; membro do Conselho Deliberativo do CNPq, membro do Conselho Técnico Científico da do Conselho Superior do Instituto Butantan e do Conselho Curador do Hospital Antônio Prudente; Diretor do Instituto Butantan e membro do da Foi Presidente da e é membro das Sociedades Brasileiras de Bioquímica. Presidente do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico- CNPq de fevereiro de 2003 a junho de 2007. Médico, 71 anos, atua na área de biologia molecular de parasitas e epidemiologia da malária. Concluiu pós-doutorado no Institut Pasteur, França, doutorado e graduação na Universidade de São Paulo. Em 1961 foi convidado a ingressar como Auxiliar de Ensino no quadro docente da Faculdade de Medicina. Em 1964, junto com outros pesquisadores, foi demitido por razões políticas da Faculdade de Medicina, foi exilado e teve que emigrar para os Estados Unidos, onde permaneceu por cinco anos na Universidade de Wisconsin, Madison, retornou em seguida ao Brasil em 1969 e obteve o título de doutor pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto ao apresentar a tese “Biossíntese de glicogênio em Blastocladiella emersonii”, cujo orientador foi José Moura Gonçalves.onde apresentou sua tese de Doutorado à Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto. Em 1970, ingressou na Escola Paulista de Medicina, colaborando na reorganização do Departamento de Microbiologia e Parasitologia, juntamente com o professor Luiz Rachid Trabulsi. Em 1985, retornou à Universidade de São Paulo como Professor Titular do Departamento de Parasitologia do Instituto de Ciências Biomédicas. Seus primeiros trabalhos científicos foram sobre a bioquímica de protozoários parasitas. Seu primeiro trabalho independente, publicado em 1964 sobre o crescimento e diferenciação do Trypanosoma cruzi, ainda hoje é regularmente citado na literatura científica internacional. Já ocupou ou ocupa os seguintes cargos: Professor Titular, Escola Paulista de Medicina; Professor Titular, Universidade de São Paulo; Chefia de Departamentos nas duas Instituições; Vice-Diretor do Instituto de Ciências Biomédicas; Pró-Reitor de Pesquisa da USP; Presidente da Comissão de Biotecnologia do Governo de São Paulo; membro do Conselho Deliberativo do CNPq, membro do Conselho Técnico Científico da Fundação Instituto Oswaldo Cruz, do Conselho Superior do Instituto Butantan e do Conselho Curador do Hospital Antônio Prudente; Diretor do Instituto Butantan e membro do STAC (Scientific and Technological Advisory Committee) da Organização Mundial da Saúde. Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Protozoologia e é membro das Sociedades Brasileiras de Bioquímica e Parasitologia, da Linnean Society of London , da Academia Brasileira de Ciências. e da Academia de Ciências do Terceiro Mundo (TWAS). Foi agraciado com o título de Doutor Honoris Causa da Universidade Nacional de Ingeniaria do Peru. Além disso, formou 11 mestres e 8 doutores, e publicou mais de 90 trabalhos em revistas de circulação internacional, sobre tripanosomas e malária, além de outros tantos, em veículos diversos. Antes de aceitar o convite para presidir o CNPq, ocupava o cargo de diretor do Instituto Butantan, em São Paulo. Recebeu também o título da Grã Cruz da Ordem do Ipiranga do Estado de São Paulo. -
Euryclides Zerbini
Zerbini nasceu em Guaratinguetá, estado de São Paulo, no dia 7 de maio de 1912. Seu pai foi Eugênio Zerbini, nascido na Itália e sua mãe, Ernestina Zerbini, registrada na Argentina. Eugênio e Ernestina sempre cobraram muito de seu filho nos estudos, e foi por influência do pai que ele decidiu seguir a carreira médica. Em 1930, foi aprovado no vestibular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1935 graduou-se como médico. Quatro anos após sua formatura, foi indicado pelo professor Alípio Corrêa Netto, ao cargo de primeiro assistente da disciplina e chefe da Divisão Médica da Faculdade de Medicina da USP. Foi na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo que Zerbini realizou sua primeira cirurgia cardíaca, num paciente de seis anos de idade, que se encontrava em estado de choque, em tamponamento cardíaco após traumatismo torácico. Ele abriu o pericárdio, retirou o fragmento do coração e ligou a artéria descendente anterior, que se encontrava lesada. Embora, atualmente não seja a conduta indicada, o caso foi publicado no Journal of Cardiac Surgery, em 1943, tendo sido uma grande contribuição naquela época. Em janeiro de 1949, casou-se com a Dra. Dirce Costa, médica formada na Faculdade de Medicina da USP em 1948. Ex-aluna do médico, trabalhou na equipe do marido, e também se debruçou em pesquisas. Tiveram três filhos: Roberto, Eduardo e Ricardo. Professor da Universidade de São Paulo, criou o Centro de Ensino de Cirurgia Cardíaca, semente do futuro Instituto do Coração (InCor). Sua concepção como um centro de excelência no ensino, pesquisa e assistência em cardiologia, pneumologia e cirurgias cardíaca e torácica aconteceu na década de 50, época em que a cardiologia, tanto no Brasil quanto no exterior, iniciava seus primeiros passos em uma determinada especialidade. Euryclides continuou buscando novos avanços referentes à cirurgia cardíaca no exterior para adotá-los no Brasil. O amplo desenvolvimento da cirurgia cardíaca a céu aberto - a qual permite a visualização direta dos defeitos – nos Estados Unidos, ocorreu em 1955, causando crescente interesse no Brasil, com a realização de procedimentos experimentais e com a implantação de novas tecnologias. Na Universidade de Minneapolis, Estados Unidos, foi colega de Christian Barnard, cirurgião da África do Sul que fez o primeiro transplante de coração humano, procedimento realizado em seguida nos EUA, França e Inglaterra. No dia 25 de maio de 1968, no Hospital das Clínicas em São Paulo, com uma equipe dirigida pelos doutores Euryclides de Jesus Zerbini e Luiz Venere Décourt, aconteceu o primeiro transplante de coração da América Latina. Realizado sem a droga ciclosporina, capaz de evitar a rejeição do órgão transplantado pelo organismo, o paciente viveu somente cerca de um mês. O Dr. Zerbini foi o quinto médico do mundo a realizar o procedimento. Em 1985, aos 73 anos de idade, foi novamente pioneiro ao realizar o primeiro transplante de coração num paciente portador do mal de Chagas, desta vez já com a descoberta da ciclosporina, droga mais eficaz para combater a rejeição. Teve um grande reconhecimento de toda a sociedade brasileira, tornando-se um verdadeiro ídolo, vindo a ser homenageado pelos governos em seus diversos níveis, pelas sociedades médicas e pelo próprio povo. Dois grandes legados deixados por Zerbini foram: a criação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) e o Instituto do Coração de São Paulo (InCor). Em 1978, o professor Euryclides e colaboradores criaram a Fundação Zerbini (FZ), que nasceu com o objetivo de dar suporte financeiro e administrativo ao INCOR. Em 1982, com 70 anos, o Prof. Zerbini aposentou-se da USP, todavia continuou na cirurgia, operando no Hospital da Beneficência Portuguesa de São Paulo, onde conduzia vários trabalhos, dentre eles o programa de transplante cardíaco. Após sua aposentadoria, Zerbini continuou publicando diversos trabalhos e viajando para falar sobre eles. Em meio a essa intensa atividade profissional, ocorreu-lhe um quadro neurológico e o diagnóstico de um tumor cerebral. Foi operado e verificou-se tratar de metástase de melanoma cutâneo. Depois de passar por um curto e duro tratamento, faleceu no InCor, em 23 de outubro de 1993, aos 81 anos. O papel de Zerbini no desenvolvimento da cirurgia cardíaca é bem conhecido e referenciado no mundo todo. O seu pioneirismo rendeu-lhe diversos prêmios internacionais: recebeu 125 títulos honoríficos, inúmeras homenagens de governos de todo o mundo e participou de 314 congressos médicos. -
Fernando Lobo Carneiro
Engenheiro especializado em estruturas, Fernando Luiz Lobo Barbosa Carneiro foi pesquisador do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) durante 33 anos. Um de seus trabalhos mais importantes foi o ensaio que virou referência internacional na determinação da resistência dos concretos à tração dos ventos. Também desenvolveu um método de dosagem experimental de concretos, além de participar de construções como a do edifício da Faculdade de Arquitetura da UFRJ. Sua produção acadêmica foi reconhecida e requisitada no exterior. Foi representante do INT no Comitê da International Organization for Standardization (ISO) e na União Internacional dos Laboratórios de Ensaios e Pesquisas sobre Estruturas e Materiais (RILEM). Atuou, ainda, como delegado brasileiro do Comitê Europeu do Concreto. Como professor da UFRJ, coordenou o contrato de cooperação entre a Universidade e a Petrobrás. É doutor honoris causa pela UFRJ, membro de honra da RILEM e pesquisador emérito do INT. Também, recebeu os prêmios Bernardo Houssay, da Organização dos Estados Americanos (OEA) e Álvaro Alberto, concedido pelo CNPq. Fernando Luiz Lobo Barbosa Carneiro, nasceu em 28/01 de 1913 no Rio de Janeiro e morreu no dia 15 de novembro de 2001, no Rio de Janeiro. -
Florestan Fernandes
Considerado o maior sociólogo brasileiro, Florestan Fernandes é responsável por obras internacionalmente conhecidas. Formou-se em Ciências Sociais em 1943 e, num período de 10 anos, já havia atingido todos os graus da carreira universitária na USP. Até 1969, quando foi afastado da Universidade pelo AI-5, tinha escrito 10 livros. No total, editou mais de cinquenta obras. Como professor, preocupou-se em desenvolver métodos de ensino capazes de formar sociólogos que não apenas repetissem o pensamento dos autores que haviam estudado. Florestan acreditava que a sociologia devia se transformar numa ciência com potencial para explorar a área empírica. Só assim seria possível entender e enfrentar os problemas característicos da realidade brasileira. Seu interesse pela política manifestou-se na tendência eminentemente marxista de suas obras e no envolvimento com a militância. O cientista e o militante, como ele mesmo dizia, sempre andaram lado a lado e a luta política se justificava porque não seria possível fazer ciência numa sociedade de horizonte fechado. Era preciso abrir espaço para o desenvolvimento da ciência brasileira. Florestan Fernandes nasceu em 22 de julho de 1920 e morreu em 10 de agosto de 1995. -
Francisco Iglésias
Francisco Iglésias marcou a pesquisa histórica brasileira por seu pensamento inovador, no qual a história não deve estar centrada no passado. O importante, para ele, era entender o Brasil de aqui e de agora. Sobre o tema, escreveu um artigo para o Jornal do Brasil intitulado "Equívocos da historiografia atual". O texto criticou a adoção de modelos preconcebidos que não têm aplicação concreta. Escreveu também "Periodização do Processo Industrial do Brasil", uma obra de referência que lançou considerando inacabada e sobre a qual continuou debruçado por muitos anos. Seu pensamento como historiador foi influenciado pela escola francesa que, na sua opinião, deixava um pouco de lado a temática tradicional da história. Outro aspecto que o atraía nos autores franceses era uma certa vocação literária. Iglésias notabilizou-se por escrever muito bem e tinha afinidade com a área de Letras. Apesar das restrições que tinha aos cursos de história modernos, considerava que eles haviam contribuído para a melhora do ensino secundário. Recebeu o título de professor emérito da UFMG. Nascido em 28 de abril de 1923, em Pirapora , Minas Gerais em 1923, morreu em 21 de fevereiro de 1999 . -
Francisco Magalhães Gomes
Francisco Magalhães Gomes, começou a se envolver nos estudos de física nuclear por aptidão e porque tinha visitado as instituições de pesquisa de energia atômica americanas, com exceção das unicamente voltadas para a guerra. Participou da criação e dirigiu o Instituto de Pesquisas Radioativas (IPR) da Escola de Engenharia da UFMG. Também foi peça importante no sucesso do curso de física da Faculdade de Filosofia e do Instituto de Ciências Exatas (Icex) da mesma Universidade. Na época da implantação do IPR, enfrentou resistências e hostilidades. Um jornal mineiro publicou uma notícia falsa de que o instituto estaria produzindo a bomba atômica no Brasil. Mas, Francisco que na época, foi apelidado de "Chico bomba atômica", sempre se disse inimigo das armas nucleares. O trabalho dele, também contribuiu significativamente para a formação de gerações de físicos teóricos e experimentais. Destacou-se, ainda, na carreira de professor, pelos estudos na área de história da ciência. Foi indicado pelo papa João Paulo II para participar de uma comissão de revisão do processo da Igreja Católica contra Galileu. Daí surgiram seus conhecidos estudos sobre o cientista. Francisco acreditava que Galileu não era devidamente valorizado por sua contribuição à ciência. Francisco Magalhães Gomes, nasceu em 16 de janeiro de 1906, em Ouro Preto- Minas Gerais e faleceu no dia 17 de julho de 1990, em Belo Horizonte. -
Gilberto Freyre
O primeiro livro de Gilberto Freyre foi justamente o que fez dele o responsável pela introdução da Antropologia Moderna no Brasil. "Casa Grande e Senzala" descreve a vida nos engenhos e a formação da economia nacional sob o regime da escravidão. Seu método de pesquisa via no cotidiano, um elemento importante para o estudo das ciências sociais e foi adotado nos estudos antropológicos e sociológicos posteriores. A série de obras intitulada "Introdução à história da sociedade patriarcal no Brasil", inaugurada por "Casa Grande e Senzala", teve outros dois livros: "Sobrados e mucambos" e "Ordem e progresso". A trilogia explica a formação social e antropológica brasileira, recuperando suas diversas fases. Freyre também publicou obras autobiográficas e escreveu sobre temas como a história da cidade de Recife. Em 1935, participou da criação da Universidade do Distrito Federal, que trazia como filosofia a formação dos quadros intelectuais do país e que acabou incorporada pela política do Estado Novo, à Universidade do Brasil (atual UFRJ). Freyre foi indicado ao Prêmio Nobel de Literatura em 1947. Foi o quarto brasileiro a receber o prêmio Aspen nos EUA. A Rainha da Inglaterra também o contemplou com o título de sir. Gilberto Freyre nasceu em 15 de março de 1900, em Recife-Pernambuco e morreu em 18 de julho de 1987, aos 87 anos, deixando uma obra caracterizada pela polêmica. -
Giuseppe Cilento
Giuseppe Cilento foi um dos primeiros químicos de sua geração que se dedicou a estudos interdisciplinares, adaptando a química a pesquisas na área de mineralogia, biologia e física. Foi reconhecido mundialmente estudando a existência, em sistemas biológicos, de substâncias e moléculas químicas modificadas em suas características físicas por efeito de radiação. Estudou a atividade química de células cancerígenas. Foi pioneiro nas pesquisas sobre a possibilidade de as plantas realizarem processos fotoquímicos sem a presença de luz, a chamada fotobiologia sem luz. Participou da criação do Instituto de Química da Universidade de Campinas (Unicamp). Por sua dedicação à ciência, recebeu o Prêmio Nacional de Ciência e Tecnologia e também o prêmio Moinho Santista. A pesquisa era tida por Cilento quase como um sacerdócio. Ele alegava que o cientista tinha de abrir mão de muitas coisas em nome de suas hipóteses. Filho de imigrantes italianos, nasceu em 21/07 de 1923 em Sorrento-Itália e morreu em 31/10/1994 em São Paulo.